sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Divaldo Franco no Rio Grande do Sul Pelotas

19 de agosto de 2018
Conferência Pública
Sob os auspícios da Liga Espírita Pelotense, Divaldo Franco retornou à Pelotas, a Princesa do Sul, para proferir mais uma conferência no histórico Theatro Guarany, discorrendo sobre as oportunidades, o sentido da vida, a busca da plenitude, o encontro com a felicidade e o anseio pela autorrealização, entre outros pontos palpitantes. Recebido calorosamente pelos dirigentes espíritas do Rio Grande do Sul e da Região, Divaldo Franco apresentou, com sua própria emoção, uma bela história real, impactando o público que lotou o venerando teatro.
Os fatos se desenrolaram em Londres, no Reino Unido. O personagem foi Archibald Joseph Cronin (1896-1981), um escritor escocês. Era formado em Medicina, que a exerceu por algum tempo. Como escritor publicou romances idealistas de crítica social, traduzidos em vários idiomas, e alguns deles adaptados ao cinema e à televisão, como Noite sem Estrelas, A Família Espanhola, e outras obras de grande sucesso. Ilustrando a solidariedade como caminho que leva os indivíduos ao amor, Divaldo narrou a história desse médico e escritor conhecida como o Anjo da Noite.
No início do século XX, em começo de carreira, o Dr. Cronin foi chamado para atender menina vítima de difteria, em uma casa Pia. Ante a menina enferma, Dr, Cronin se lembrou de Deus, pois havia se afastado Dele, optara pelo materialismo. Deparando-se com o grave caso daquela criança de aproximadamente 5 anos, ele que tinha a missão de salvá-la, então, rogou a Deus que o ajudasse. “Se Tu quiser, salva-a!” Orou o Pai Nosso e foi proceder a cirurgia.
Durante o procedimento, que exigiu traqueostomia, ele contou com o trabalho de jovem enfermeira iniciante na profissão, e da Madre que desempenhou a função de anestesista. Feita a incisão, logo a criança começou a restabelecer a cor da pele, a respirar aliviada. Removida para um leito, ali mesmo naquele quarto, Dr. Cronin orientou a enfermeira que a vigiasse permanentemente, advertindo-a contra as armadilhas do sono. Ele temia que durante a noite a menina retirasse o aparelho de borracha, mesmo involuntariamente, instintivamente. O sono, disse ele, é visitante assíduo na madrugada. O doutor retirou-se para um quarto ao lado, estava muito cansado pelos diversos afazeres diários que exigiam vigorosos esforços.
Quando dormia profundamente, foi despertado. Era a enfermeira trazendo a notícia de que a criança havia morrido. Levantou-se apressadamente e foi examinar sua paciente e percebeu que o tubo estava faltando, encontrou-o caído no chão. A enfermeira, no entanto, mesmo zelosa, não resistiu ao sono, dizendo-lhe que havia dormido. Dr. Cronin disse que ela era uma criminosa e que iria denunciá-la ao Conselho Médico Londrino.
Ela sofre com a falha, e o Dr. Cronin, então, elaborou um relatório para enviar à Associação Médica. A enfermeira pede uma oportunidade, pois também estava iniciando profissionalmente. Fatalmente teria o registro cassado com base no relato daquela ocorrência. Formulado o documento, ela o subscreve, concordando com os fatos ali relatados. Dr. Cronin se dirige até a agência do Correio para envio, contudo, ao invés de postar, reluta e desiste.
No dia seguinte, novamente vai até o Correio mas suspende a remessa. Após a terceira tentativa, opta por destruir o relatório. Algumas décadas depois, num hall de hotel, enquanto aguardava a cerimônia na qual seria premiado, o agora jornalista e escritor consagrado Cronin,apanha uma publicação e passa a ler a reportagem intitulada “O anjo da noite”. Ele acompanha a história de uma mulher que, numa região miserável do País de Gales, acolhe e cuida de crianças desamparadas. Ela conta que havia se comprometido com moradores de local no qual não havia assistência médica. Em sua história, o peso por não ter resistido ao cansaço, o que ocasionou a morte de enferma, trouxe-lhe consequências graves.
Na publicação, a mulher diz que aguardou pela punição da Associação Médica, porém, nunca foi notificada. Então concluiu que teve uma segunda oportunidade. Com essa chance, passou a percorrer lugares pobres. Ela havia ficado conhecida pela abnegação e sacrifício que dedicava aos órfãos da guerra em uma pequena cidade. Seu empenho foi tão grande que ela jamais dormia cuidando das crianças traumatizadas e doentes A reportagem registrava que até aquele momento, quatro mil vidas já haviam sido salvas das garras da morte.
Boa parte dessas crianças foi adotada por famílias dos EUA, Suécia e Noruega. O “Anjo da Noite”, como foi intitulada a reportagem, referia-se à peculiaridade da mulher que, não conseguindo dormir à noite, mantinha-se atenta. Somente à tarde é que repousava durante duas horas. Perguntada sobre o nome do médico que proporcionou a nova chance, afirmou que não poderia dizer. Primeiro por não saber o nome daquele doutor, e em segundo, se o dissesse, estaria denunciando-o por não agir conforme seu dever, que seria o de entregar o relatório, traindo-o portanto. Ela dedicou ao médico que lhe havia perdoado a negligência do passado, todo o reconhecimento e o amor pela nova oportunidade.
Asseverou Divaldo que geralmente não se guarda o nome do bem, porém, o mal nunca é esquecido.
Cronin, ao ler a reportagem e ver a foto naquele jornal, teve seu pensamento atraído, voltando àquela sala. Lembrou-se que estava em oposição a Deus pela segunda vez e lembrou que naquela ocasião havia pedido ajuda a Deus e nem mesmo agradeceu. Havia, portanto, uma dívida de gratidão.
Assim, Divaldo Franco, o intimorato divulgador do Espiritismo, recordou-se que tem uma dívida de gratidão com Lauro Enderle, que o trouxe à Pelotas pela primeira vez, acolhendo-o fraternalmente em seu lar, ensejando a atividade doutrinária no Rio Grande do Sul. Lembrando as mensagens do Consolador Prometido, isto é, de recordar o que havia sido esquecido e de revelar lições novas que a humanidade não poderia compreender no passado, Divaldo Franco realizou uma bela e emocionante narrativa de fatos históricos do cristianismo primitivo e seu encaminhamento posterior, distorcido e corrompido.
Deu ênfase ao trabalho que vem sendo realizado pelo dedicado Papa Francisco, destacando-o como missionário, bem como suas ações em prol do amor aos seus semelhantes, e sua ternura aos homens em sofrimento, tratando-os como irmãos.
O Consolador Prometido, que chegou ao conhecimento da Humanidade pelo corajoso e hábil trabalho realizado por Allan Kardec, apregoa a doçura, a mansuetude a afabilidade, o perdão, a esperança, o conhecimento que liberta, o amor que une os seres, e produz o amparo aos que sofrem e que são, também, aliviados. O Espiritismo veio restaurar a vida.
A evolução científica, em seus vários campos, deve aliar-se com o amor, contribuindo para a plenificação dos indivíduos. Jesus preencheu uma lacuna, o Espiritismo descrucificou-O. A violência urbana vem demonstrando que o homem perdeu o significado da vida, e a opção pelo aborto delituoso levará os indivíduos ao embrutecimento de seus sentimentos. Chegará um dia em que matarão os idosos, porque estes, também, podem se tornar importunos, incômodos, como os em gestação, afirmou Divaldo Franco, o Trator de Deus, nas palavras de Chico Xavier.
As Leis Cósmicas são incoercíveis. Elas são inexoráveis e delas ninguém pode fugir, pois que todos são imortais. A Doutrina Espírita apresenta as provas da imortalidade. O Espiritismo, disse Divaldo Franco, advertindo, discorre sobre o socialismo cristão e não sobre o comunismo de Karl Marx, Engels e Lenin. A missão do Espiritismo é dar ao homem vida em abundância, libertando a criatura humana de seus atavismos, elegendo o autoamor, o amor ao próximo e a Deus.
Rogando bênçãos para todos e para si, Divaldo Franco encerrou sua brilhante conferência, que com a ação dos benfeitores atendeu a economia espiritual de todos os assistentes, nos dois planos da vida. O público, ávido de esperança, e repletado de energias revigorantes, alegrou-se mais e mais, concedendo ao expositor de escol uma salva de palmas vigorosa e de pé reverenciou-o, gratificado.
Marcando e destacando a visita do Semeador de Estrelas, o movimento espírita da região prestou-lhe significativa homenagem, concedendo-lhe uma placa alusiva aos seus 71 anos de oratória e de atividades espíritas; como é um Cidadão Pelotense, foi-lhe ofertado uma série de produtos produzidos na cidade. Outra homenagem assinalou a data de 06 de junho de 1957, quando esteve pela primeira vez em Pelotas, a Princesa do Sul, trazendo a mensagem consoladora da Doutrina Espírita. Materializando essa data e o seu significado foi-lhe presenteado uma caneca com as fotografias daquele histórico dia.
Divaldo confessou-se supresso e reconheceu não merecer o destaque, transferindo-o aos espíritas pelotenses daquela primeira hora, aceitando, contudo, o carinho como um estímulo, principalmente nesta quadra da vida em que se encontra. Extensa fila se formou em busca de um autógrafo, de um aperto de mão, de um cumprimento. A noite fria convidava os presentes a demandarem aos lares em busca de conforto término e do amor familial.
Texto: Paulo Salerno
Fotos: Jorge Moehlecke


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