terça-feira, 19 de novembro de 2019

5º Movimento Você e a Paz em São Paulo

17 de novembro de 2019

Texto: Djair de Souza Ribeiro,  Fotos: Edgar Patrocínio
Associação de Desenvolvimento Espiritual Reencontro realizou, no dia 17 de novembro de 2.019, a Quinta edição do Movimento Você e a Paz em São Paulo. O evento teve lugar no Memorial da América Latina.
O ator, autor e diretor de teatro Odilon Wagner foi o encarregado das apresentações na condição de anfitrião do evento que contou com a presença de representantes diversas religiões, a saber:
·         O Pastor Davi Seiberth Arantes da Igreja Metodista Wesleyana, teólogo e Secretário de Políticas Sociais da Igreja Wesleyana;
·         O Juiz de Direito, autor e divulgador Espírita José Carlos De Lucca.
·         O Padre Reinaldo Braga Pereira da Igreja Nossa Senhora da Candelária da Vila Maria.
·         O bacharel em Direito e Rabino Michel Schlesinger da Congregação Israelita Paulista e representante para o diálogo inter-religioso, condecorado com a Medalha do Pacificador e autor de o livro Diálogos de um rabino – reflexões para um mundo de monólogos”.
·         O professor, tribuno, Médium Espírita e Embaixador da Paz Divaldo Pereira Franco.
Com uma proposta diferente dos demais encontros, foi organizada uma “Roda de Conversa” técnica e prática metodológica para uma comunicação dinâmica e produtiva entre expositores e o público.
Essa “Roda de Conversa” foi ancorada pelo ator Odilon Wagner que trazia temas palpitantes e atuais e os líderes religiosos revezavam-se com suas opiniões baseados em sua vivências e experiências no trato com os seres humanos que cruzaram suas existências.
Ao final dessa “Roda de Conversa” e antecedendo as palavras finais de Divaldo Franco, cada líder religioso proferiu uma prece que a todos emocionou. Nesse momento subiu ao palco o músico Júlio D’Zambê, professor de Arte e fundador do projeto cultural “Sansakroma” que efetuou a prece cantada no idioma Lingala (ngala) língua bantu, falada como idioma materno Congo (Kinshasa e Brazzaville).
Na sequência foi efetuada a entrega do Troféu Você e a Paz às iniciativas, pessoas e empresas que promovem a paz, nas categorias:
Personalidade que se Doa:
·         Filipe Sabará Secretário de Assistência e Desenvolvimento Social na Prefeitura de SP.
·         Luís Eduardo Grangeiro Girão Senador da República pelo Estado do Ceará.
·         Iberê de Castro Dias, juiz e organizador do projeto “Adote um boa-noite”.

Instituição que Realiza:
·         Legião da Boa Vontade – LBV.
·         Associação de Amigos dos Autistas – AMA.
·         Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar – CIAM.
·         Grupo Espírita Esperança.

Empresa que Viabiliza:
·         SP Vale (Pelos trabalhos sociais do projeto HISTÓRIAS MARAVILHOSAS que consiste na distribuição de brinquedos e ovos de páscoa para crianças em creches e comunidades carentes, além de colaborar ativamente com a CASA DO CRISTO REDENTOR);

Para falar da Paz, Divaldo recorda-nos do genocídio da população da Armênia por parte da Turquia, massacre que resultou na morte de 1.500.000 armênios. Para melhor esclarecer como é possível obter-se PAZ de uma violência inominável, Divaldo se utiliza da narrativa de uma jovem armênia e cuja história foi retratada em o livro Perdão Radical de autoria de Brian Zahnd.
Entre os anos de 1915 a 1917 ocorreu a guerra entre turcos e armênios. Como em toda a guerra a crueldade é soberana. A Armênia invadida pelos turcos viu seu povo ser dizimado em um genocídio.
Não foi diferente para aquela família modesta. Os soldados turcos Invadiram a casa e de imediato mataram os pais de duas jovens.
A mais moça, quase uma criança, foi estuprada até a morte, a outra, um pouco mais velha, foi transformada em escrava sexual do comandante daquela tropa.
Após fugir dessa situação a jovem refugiou-se em outro país e estudou até se formar enfermeira.
Muitos anos se passaram até que deu entrada no Hospital onde ela trabalhava o antigo comandante das tropas que havia destroçado suas esperanças.
Cristã, aplicou-se a cuidar do quase moribundo até a sua recuperação total.
Desejando agradecer à jovem que tanto havia se dedicado a lhe devolver a saúde, descobriu toda a verdade.
E envergonhado de suas ações pretéritas ousou perguntar à jovem, qual a razão de tê-lo perdoado, quando o normal teria sido um comportamento oposto.
A jovem olhou profundamente nos olhos do algoz de sua felicidade e lhe respondeu:
— Teus crimes contra mim, minha família e meu povo foi por sermos cristãos. Perdoo-te porque Jesus nos ensinou: “Aquele que crê em mim, faz também as obras que faço”. (João 14:12)
Após um breve silêncio, Divaldo formula uma questão ao público presente:
— E você, perdoaria?
Após um período de silêncio permitindo-nos refletir na questão retórica, Divaldo evoca as palavras de Jesus: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”. (João 14:27)
A paz que todos nós ansiamos não virá de fora para dentro, não será por intermédio da legislação, mas pela nossa transformação individual, afastando-nos da indiferença.
Perdoar não significa estar de acordo com o erro. Todo crime merece repúdio. O criminoso, porém, merece compaixão.
O perdão, antes teológico, adquiriu a condição de terapia, por nos devolver a harmonia pacificando nossos corações e sentimentos.
A crise que se abate por toda a Humanidade é, na realidade, crise INDIVIDUAL que se propaga envolvendo toda a Sociedade, que centraliza seus objetivos existenciais no individualismo, consumismo e na busca do prazer, por confundi-lo com a felicidade. A Sociedade carece de objetivos existênciais profundos e transcendentais, preferindo permanecer na superfície das ilusões que passam e se esgotam em si mesmas, levando o ser à perda do objetivo existencial resultando no inconformismo, na depressão, na revolta e, por conseguinte produzindo a violência.
Busquemos, com todas as forças do nosso ser, alcançar a plenitude através do BEM, nunca pela força, pelo AMOR e não pelo ódio.
Divaldo encerrou a conferência sob aplausos da imensa plateia. Enquanto suas considerações repercutiam nas mentes iluminadas com suas palavras, os exemplos da jovem armênia e o Poema da Gratidão fincavam profundamente suas raízes nos corações.


Palestra de Divaldo Franco – Reencontro São Paulo, SP

16 de novembro de 2019

Texto: Djair de Souza Ribeiro,  Fotos: Edgar Patrocínio

A Associação de Desenvolvimento Espiritual Reencontro, localizado na cidade de SP, recebeu, na noite de 16 de novembro de 2019, cerca de 300 pessoas para ouvirem Divaldo Franco acendendo luzes de esclarecimento e consolação sempre baseado no Evangelho de Jesus e nos princípios da Doutrina Espírita.
A Segunda Guerra Mundial iniciava sua trajetória voraz que acabaria por consumir cerca de 100 milhões de existências. Além dessa calamidade, uma outra dominava as almas devorando as esperanças e aniquilando a fé das criaturas, tornando as pessoas céticas, desalentadas e vítimas inermes empurradas ao materialismo pelo descrédito nas Religiões que não lograram evitar a catástrofe devoradora.
No meio desta calamidade muitas vozes se levantaram na tentativa de iluminar as almas e reacender a chama da Esperança nos corações escurecidos pela crueldade humana.
Entre estes paladinos da Esperança e da Fé destacou Divaldo a atuação do escritor, jornalista holandês-canadense Pierre van Paassen (1895 – 1968).
Dentre as diversas obras de sua lavra, Divaldo separou uma narrativa de 1939 e publicada em o livro “Estes Dias Tumultuosos” Biografia de uma Geração Desesperada (com o título original em inglês Day of our Years).
Em esta obra, Divaldo narra – ao sabor de suas emoções – a história de um jovem francês de nome Ugolin [1].
O protagonista da narrativa era um jovem com deformações físicas provocadas pela violência paterna e que viva pelas ruas parisienses neste período calamitoso.
Abandonado e excluído da sociedade, Ugolin vivia da generosidade alheia e de pequenos favores. Órfão, possuía somente como família a irmã que vivia da prostituição ali enclausurada pela desonestidade e cobiça de um antigo patrão que, repelido pela moça, não logrou obter dela um convívio sexual a que tanto desejava. Diante desta recusa, o patrão – joalheiro venal – acusou a jovem de ter-lhe furtado uma joia valiosíssima. Por esta calúnia a jovem foi condenada e levada à prisão, da qual saiu para o prostíbulo buscando se sustentar e obter recursos para ajudar o tratamento médico de Ugolin.
Com a proximidade do Natal, Ugolin pedia a Pierre van Paassen, que o acolhera no afeto de seu carinho e amor, somente um par de sapatos.
Os dias foram passando e o convívio entre ambos estreitando-se. O escritor aguardava a noite de Natal para entregar a Ugolin o par de sapatos anelado. Na noite véspera do Natal, Ugolin não apareceu, pois um grupo de jovens alcoolizados amarrou o jovem excluído a um poste após despi-lo.
Diante da balbúrdia o Abade de La Roudaire, sacerdote da igreja local, interrompeu a humilhação fazendo fugir os delinquentes. Retirando do posto o jovem exangue, o abade levou-o até a casa paroquial para ali passar a noite. Pela manhã, o religioso não logrou encontrar Ugolin no leito onde o tinha deixado.
Mais tarde o abade descobriu que Ugolin havia cometido suicídio. O mais terrível é que a irmã, ao saber do ocorrido, igualmente fugiu à vida pelo suicídio.
Apesar de a Igreja proibir a celebração da eucaristia para os suicidas, o funeral para ambos foi acompanhado do ato religioso pelo abade, que após orar junto aos corpos dos irmãos, cuja vida fora um extenso rosário de aflições, sofrimento e abandono, dirigiu-se aos fiéis que lotavam a igreja afirmando que aqueles jovens infelizes não seriam considerados por Deus como suicidas, mas na condição de assassinados pela maldade e crueldades humanas.
A emotividade envolvia a todos os presentes na palestra. Divaldo busca, então, encaminhar a apresentação para os conceitos morais que a narrativa enseja e faz-nos uma pergunta retórica:
— O que fizemos da mensagem, dos exemplos e dos ensinamentos de Jesus? Em que lugar dos nossos corações colocamos a conclamação do Cristo de Deus de nos amarmos uns aos outros como Ele nos ama?
E voltando o foco para os Espíritas de maneira geral Divaldo enfatiza que estamos de posse do maior Tesouro franqueado à Humanidade pelos Benfeitores Espirituais e codificada por Allan Kardec: A Doutrina Espírita.
Tanto o autor da história, Pierre van Paassen, quanto o abade de La Roudaire, não conseguiram consolar e auxiliar mais efetivamente a Ugolin e a irmã, pois que não aceitavam a doutrina da pluralidade das existências e por essa razão não conseguiram explicar as razões do grande sofrimento que ambos os jovens enfrentavam na vida. Teria Deus os esquecidos ou tratava-se de castigo da Divindade? Era a questão insistentemente formulada por Ugolin e que o religioso e o escritor não conseguiam responder adequadamente.
O princípio da reencarnação – associado ainda à existência de Deus, a possibilidade de comunicação entre ambos os planos da vida, a existência da alma e o seu progresso gradativo e a pluralidade dos mundos habitados - formam a base da Doutrina Espírita.
Abençoada Doutrina que nos faculta o desenvolvimento de objetivos transcendentais, além de ser O Consolador prometido por Jesus que vem explicar que os nossos sofrimentos têm uma razão de ser. Não se trata de castigo, mas sim oportunidades que a Divindade nos oferece por merecimento – a lei de Ação e Reação – ou por necessidade de evolução ensejando a oportunidade de desenvolver qualidades que ainda não possuímos – Prova.
Não há, portanto, razão para nos deixarmos envolver pelo manto de pessimismo que os dias atuais vêm rodeando a sociedade, nos estertores do Mundo de Provas e Expiações ao qual pertencemos.
Compete-nos – exclusivamente a nós – fazermos desse conhecimento libertador o instrumento com o qual construiremos a nossa evolução moral e espiritual.
Em que pese os dias tumultuosos da atualidade onde as aflições, ódios, intolerâncias, sofrimentos e violências, dias em que as pessoas – ao invés de se amarem umas às outras como preconizado por Jesus – elegem se armarem umas contra as outras – no âmbito material e emocional - urge aceitar e viver a proposta de Jesus, amando mais, tornando-nos, assim, mais gentis, tolerantes, pacíficos e mansos de conformidade com os ensinamentos registrados no Sermão da Montanha, permitindo a formação de uma humanidade mais justa e feliz.

[1] A narrativa completa e detalhada pode ser obtida no livro “Divaldo Franco e o Jovem” da editora LEAL.