terça-feira, 20 de novembro de 2018

Divaldo Pereira Franco em Araras, SP

18-11-2018.

Fotos: Edgard Patrocínio
Texto: Djair Ribeiro

“A felicidade depende das qualidades próprias do indivíduo e não da situação material em que ele vive”. Allan Kardec
Foi no Salão Social da APAE da cidade de Araras – SP, que se congregaram cerca de 1500 pessoas para presenciar Divaldo Franco desenvolver o seminário de quase três (três) horas sobre o tema “Reencontro com Jesus - Luz nas Trevas”.
Assumindo a tribuna Divaldo inicia o desenvolvimento do tema utilizando-se do Rei Creso da Lídia – hoje parte da Turquia.

Creso foi um dos mais famosos e ricos monarcas da Antiguidade. Certa vez o Rei Creso foi visitado por Sólon, um dos grandes filósofos grego. Encantado pela visita do nobre sábio, Creso levou-o por um passeio pelo Palácio e uma visita à Sala do Tesouro Real, transbordando de riquezas. Diante daquela imensa fortuna o Rei Creso decidiu por à prova a decantada sabedoria do grego e perguntou-lhe se existia alguém mais ditoso que ele. Sólon, após uma ligeira reflexão, respondeu ao Rei com as histórias de Telo e dos irmãos Cleóbis e Bíton, afirmando terem sido eles os mais afortunados que ele já conhecera. Frustrado por não ter sido apontado como o mais feliz, o vaidoso monarca, desencantou-se e grosseiramente afastou-se do grego.
Percebendo a decepção do Rei, Sólon despediu-se do monarca com uma advertência: Creso, não consideres a nenhum homem como afortunado até o dia da sua morte.
Anos mais tarde, o Rei Creso decidiu atacar a Pérsia, tendo sido derrotado e condenado por Ciro, rei da Pérsia, a morrer junto com toda a família em uma fogueira. Diante das chamas o infortunado Creso gritou: — Oh Sólon! Tinhas razão.
Ciro mandou suspender a execução e questionou Creso sobre a evocação à Sólon. Após ouvir do ex-monarca da Lídia o conselho do sábio grego, Ciro houve por bem perdoar Creso, por entender que igualmente um dia ele poderia enfrentar as vicissitudes da vida.

Divaldo, após a narrativa, nos convida a examinar a questão da felicidade, cuja conquista vinculamos ao poder, riqueza, beleza, juventude e fama. Quando perdemos o “objeto” de nossa falsa felicidade, mergulhamos na depressão e na perda da vontade de viver.
Para melhor ilustrar o pensamento Divaldo Franco recorre à obra do escritor norte-americano Arthur Miller chamada “A Morte do Caixeiro Viajante”.
Nessa obra – uma crítica aos valores materialistas - o autor narra a história de Willy Loman um caixeiro-viajante, pai de família, que busca realizar o caminho percorrido por várias pessoas que, começando do nada, lograram obter riqueza, destaque social, fama, poder.
O sonho (ilusão) do personagem transforma-se em pesadelo, quando sua estratégia falha – após anos de muito sucesso – e ele se vê (na meia idade) fracassado e desempregado. Outro fator a angustiar o protagonista da história é o fato de que seu fracasso não mais lhe permitirá dar aos seus filhos um futuro promissor como ele havia planejado.
Com sentimento de culpa, pelo destino de seus filhos e pela situação econômica em que vive, Willy busca o suicídio como meio de sua “redenção”.
A criatura humana deve aprender a ser feliz de acordo com as circunstâncias, incorporando e vivendo a certeza da transitoriedade do seu corpo físico e da sua eternidade espiritual.

Buscando desenvolver os conceitos formulados na primeira parte do seminário, Divaldo faz referência ao filósofo latino Marco Túlio Cícero (106 aC-43aC), citando-o pela frase: “A história é a pedra de toque que desgasta o erro e faz brilhar a verdade”. Dezesseis séculos mais tarde com base nas palavras de Cícero, Francis Bacon (1561-1626) o filósofo inglês observou: “Uma visão superficial da filosofia leva a mente humana ao ateísmo, mas a profundidade da filosofia leva-a para a religiosidade”.
A partir dessas citações, Divaldo realiza um périplo pelos fatos marcantes da humanidade ressaltando a necessidade de conhecermos para reflexionarmos a respeito dos fatos históricos, a fim de melhor podermos compreender a realidade dos dias atuais.
Divaldo inicia a incursão histórica pela fundação de Roma e posteriormente dos seus dois triunviratos focando maiores detalhes em torno do período em que Caio Júlio Cesar militar romano conduziu a transformação da República Romana para o Império Romano um gigante da sociedade patrícia, mas que mesmo assim foi traído por parte do Senado e morto a punhaladas. Júlio Cesar é sucedido pelo segundo triunvirato formado por Marco Antônio, Marco Emílio Lépido e Caio Júlio Cesar Otaviano Augusto, que encerra o triunvirato - após as mortes dos outros dois integrantes - restabelecendo a República Romana e governando com reconhecidos valores morais buscando, dessa forma, reparar os equívocos e excessos perpetrados por Júlio Cesar.

Foi um período de muita paz e progresso para os Romanos. Sabiamente Otaviano Augusto compreendera que um povo só é feliz quando está em paz é necessário que haja paz e que a paz somente é possível quando existe moralidade a começar pelos seus governantes para servir de modelo aos governados.
Foi durante o governo de Otaviano Augusto que nasce em na humilde aldeia de Belém Aquele que seria o Modelo e Guia de toda a humanidade: Jesus.
A digressão histórica segue com Divaldo extasiando-nos a todos com as poéticas narrativas que transportou nossa mente à Palestina dos tempos Evangélicos com suas paisagens, das flores e dos perfumes, a brisa suave e o Mar da Galileia.
Jesus vem nos trazer sua mensagem para deixarmos os pântanos das emoções descontroladas atreladas às sensações impostas pelos instintos.
Veio nos falar do AMOR quando nos estimula ao maior dos mandamentos: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”.

Divaldo recorre ao escritor, filósofo, teólogo e historiador francês Joseph Ernest Renan (1823-1892) que em 1862 foi nomeado professor de hebraico no Collège de France, mas, após a primeira aula seu curso foi cancelado, pela simples razão de ter chamado Jesus de “Um homem incomparável” frase esta que contrariou o pensamento religioso dogmático que considera Jesus como a manifestação de Deus. Ernest Renan publicou a obra “A Vida de Jesus” na qual ressalta ter Jesus dividido a história da Humanidade em dois períodos distintos: antes e depois Dele.
Discorrendo, ainda, sobre algumas análises elaboradas por destacados estudiosos Divaldo aborda o pensamento da psicanalista Dra. Hanna Wolff, que considera Jesus o maior psicoterapeuta que já existiu. Suas análises e considerações estão reportadas em o livro “Jesus Psicoterapeuta”.
O amor é – na estrutura psicológica emocional da criatura humana - uma emoção recente e por essa razão estamos mais habituados às emoções anteriores e que nos acompanham de longa data como o medo, a ira.
O amor nos inspira a buscar um sentido profundo e transcendental para a nossa existência que nos leva ao discernimento e a capacidade de distinguir o bem do mal.
O amor não se apega, não sofre a falta, mas frui sempre, porque vive no íntimo do ser e não das gratificações que o amado oferece.

O amor deve ser sempre o ponto de partida de todas as aspirações e a etapa final de todos os anseios humanos.
Equivocadamente o sexo é considerado - por um grande contingente de pessoas - como sinônimo de amor.
Todavia, o sentimento do amor é muito mais amplo e abrangente, uma vez que representa a somatória dos sentimentos e anseios que formam a base de nossas ações no bem.
O sexo, desacompanhado do amor, é sensação herança do instinto dominador, enquanto que o amor é a emoção a ser conquistada pelos caminhos da elevação espiritual e moral. Quando o sexo se impõe sem o amor, a sua passagem é rápida, frustrante e insaciável.
“A visão hedonista sobre a existência humana tem levado multidões às alucinações do prazer, numa interpretação totalmente equivocada sobre a realidade do ser”. Ensina-nos Joanna de Ângelis em o livro Triunfo Pessoal (LEAL).
Não há, portanto, razão para nos deixarmos envolver pelo manto de pessimismo que os dias atuais vêm cercando a sociedade. Vigiemos nossos pensamentos e inclinações precatando-nos dos Espíritos desencarnados adversários que direcionam à mente do hospedeiro físico induções hipnóticas carregadas de pessimismo e de desconfiança, de inquietação e de mal-estar, que estabelecerão as matrizes das obsessões.

A obsessão - transmissão mental de cérebro a cérebro – se expressa inicialmente como inspiração discreta para mais tarde fazer-se interferência da mente obsessora na mente encarnada, com vigor que alcança o seu apogeu na deplorável subjugação.
Emoldurando essa injunção Divaldo relembrou um momento de sua juventude, quando, acicatado por problemas morais, viu-se diante do convite de adversários do pretérito que o convidavam a arrojar-se do alto do Elevador Lacerda para o suicídio.
Não devemos valorizar o mal que pulula à nossa volta e nem permitir que nos tirem a paz e a alegria de viver.
Em que pese os dias tumultuosos da atualidade onde as aflições, ódios, intolerâncias, sofrimentos e violências, dias em que as pessoas – ao invés de se amarem umas às outras como preconizado por Jesus – elegem se armarem umas contra as outras – no âmbito material e emocional - urge aceitar e viver a proposta de Jesus, amando mais, tornando-nos, assim, mais gentis, tolerantes, pacíficos e mansos de conformidade com os ensinamentos registrados no Sermão da Montanha, permitindo a formação de uma humanidade mais justa e feliz.

Embalando a todos nas suaves estrofes do Poema da Gratidão, Divaldo encerra a conferência, permitindo-nos sentir a presença do amor incondicional de Jesus a nos envolver.


(Recebido em email de Jorge Moehlecke)