segunda-feira, 29 de julho de 2019

7ª edição do Movimento Você e a Paz Amparo, SP

No dia 28 de julho de 2019, a praça Pádua Salles acolheu a 7ª edição do Movimento Você e a Paz. Foram mais de 4.000 inscrições para a Caminhada da Paz, trazendo para o centro da cidade, inúmeras pessoas que reafirmaram, como anualmente ocorre, o desejo de concretização da não violência.
O evento foi aberto com palavras de paz propostas pelo orador Divaldo Franco, que convidou os presentes a realizar o encontro da consciência individual,  aquela que nasce entre o sujeito e ele mesmo. Lembrou, também, ao público, que a paz é fundamental para a vida  e  tão importante quanto a alimentação, porque a paz é a nutrição do ser profundo. Para que se possa mudar o mundo de agressões, é necessário que cada ser humano mude em si mesmo as disposições da violência para a realização da plenitude. A paz começa em cada criatura e, no momento quando se instala, irradia-se e conquista o mundo.
Em seguida, a Sra.  Ana Maria Veroneze Beira agradeceu as pessoas que auxiliaram para que o movimento pudesse ser realizado a contento, contribuindo para a promoção de uma cultura de paz.
Após a caminhada, várias atividades programadas pela organização do evento ocorreram na praça, tornando o dia mais propício à solidariedade e à fraternidade. Ocorreram aconselhamentos jurídicos gratuitos aos transeuntes, “espaço da saúde”, com diversos serviços como aferição da pressão arterial, acuidade visual, teste de glicemia e medição de IMC.  Houve, também, roda de capoeira, pelo grupo Abadá; danças diversas, com o Conservatório Integrado e a Academia Ponto de Dança; apresentação do Canil da Guarda Municipal de Amparo, distribuição de livros e abraços pelo Rotary Club, além de brinquedos e contação de histórias para as crianças.
Às 18 horas, deu-se início as mensagens de paz proferidas pelos líderes religiosos Dom Luis Gonzaga Fechio, Bispo Diocesano de Amparo; Pastor José Lima, da Assembleia de Deus Ministério do Belém de Amparo e Divaldo Pereira Franco, fundador do Movimento, Médium e Orador Espírita.
O Pastor Lima proferiu sua mensagem de paz, fazendo votos de que o movimento  continue dando seus frutos e lembrando aos presentes que Jesus é o Príncipe da Paz. No calvário, Cristo, ao se despedir de seus discípulos, em seu maior momento de dor, disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá”, certo de que no futuro, a paz milenar reinará.
O Pastor continuou sua reflexão, demonstrando uma relação da Paz de Jesus com os três reinos presentes na Terra: no animal, Ele é o Cordeiro da Paz;  no vegetal, a rosa de Saron e no mineral, a rocha que acompanhou o povo hebreu durante os quarenta anos no deserto. O mesmo finalizou a sua fala afirmando que em Cristo estamos seguros, e que com ele podemos ter a tão sonhada paz de Deus, mesmo em meio às aflições mundanas.
Logo após, o Bispo Dom Luiz Gonzaga Fechio iniciou sua exposição, conclamando a todos que se comportassem como aprendizes da paz e não apenas sentissem a paz de um lugar de fala e de conveniência, em que o egoísmo se materializa. Para ele, a paz é o bem mais desejado de todos os tempos, mas também o mais ameaçado. Mencionou que, não poucas vezes, as convenções de paz  lembram os falsos profetas do Antigo Testamento, que abriam os ouvidos de seu povo pregando pela paz, quando, na verdade, o que produziam, era a guerra. Menciona que talvez a mais grave e desafiador conflito que a criatura viva, seja as diferenças sociais e as discriminações étnicas, sexuais, entre outras.
A palavra Shalon, etimologicamente, não significa apenas a ausência de guerra, mas refere-se, também, a uma vivência coletiva, regada de bem-estar. A verdadeira paz nunca estará desligada da justiça. Jesus veio entre nós para proclamar o reino de Deus como alternativa para um mundo injusto. Ele trabalha pela paz e sua resposta será sempre a paz de Deus como reconciliação universal.
Quando Jesus menciona o amor ao inimigo, Ele refere-se a um amor criativo, ativo, libertador do outro e de si mesmo. A paz não desemboca na injustiça, mas numa maneira de não revidar o mal, de não se vingar. É um amor que procura instaurar uma nova atitude no agressor. Para todos os males, só existe um medicamento eficaz:  continuar na paz.
Divaldo Franco inicia sua fala referindo-se ao psicanalista junguiano inglês Dr. James Hollis, que mesmo sem ter uma postura religiosa, acreditava fundamentalmente no ser humano. Certa feita, seu filho lhe perguntou por que os indivíduos matam uns aos outros e o renomado psicanalista explicou-lhe que era a natureza animal e herança primitiva do homem. E, ainda, que caberia ao homem e a mulher contemporâneos encontrarem a pacificação interior.
Este mesmo psicanalista escreveu um dos livros que se encontra entre os mais complexos da modernidade, Os pantanais da alma: nova vida em lugares sombrios, chegando a conclusão de que não era o reino dos céus que o indivíduo trazia no inconsciente profundo, mas o instinto de sobrevivência, atavismo que leva ao homem à competição. Neste livro, Dr. Hollis narra a história verídica de Ilse, uma senhora, com mais de seus sessenta anos de idade, que lhe procurou solicitando-lhe uma consulta, tendo como premissa o desejo de somente ser ouvida por um período de duas horas. Para tanto, enviou junto ao pedido, uma fotografia de um jornal antigo.
Ilse, certo dia, durante a segunda guerra mundial, fazia compras no centro de Lublin, quando foi levada para o campo de concentração de Majdanek. Mesmo sendo cristã e polonesa, os soldados nazistas não acreditaram em sua palavra e a colocaram em meio aos judeus.  Ao chegar no campo de concentração, puseram-na à fila de triagem de onde seria enviada para a câmara de gás ou para o barracão de prisioneiros. Antecipando seu destino, que seria a morte pelo gás, uma  mãe judia, que também estava na fila,  tentou deixar com Ilse suas duas crianças, para que pudessem escapar da morte terrível pela asfixia. Temendo por sua vida, Ilse devolveu as crianças à verdadeira mãe que já se distanciava em direção a execução, a mesma em que os três  morreriam na câmara de gás. Este momento foi eternizado pelos alemães, na fotografia impressa no jornal e levada por Ilse ao Dr. Hollis.
Passaram-se os anos, findou-se a guerra e Ilse foi liberada do campo de concentração, indo morar nos Estados Unidos. Porém jamais se perdoara pelo seu ato de não ter tentado salvar as duas crianças da morte, convivendo com esta culpa por anos, sem obter a paz para a sua consciência. Tornou-se judia e entre o povo judeu consta uma lenda de quando alguém revela seu “crime” ou “culpa” para 24 pessoas justas, obtém o perdão. Dr. Hollis era o primeiro homem justo de sua lista a quem viera se confessar, em busca da paz.
Divaldo Franco aponta que o mundo não pode dar a  verdadeira paz, pois este não tem os valores éticos para harmonizar a criatura com a sua própria consciência. O ser humano menciona demasiadamente a paz, mas deseja que os outros façam a paz para si, ao invés de realizá-la.
Um dos caminhos para a paz é o amor. Divaldo convida o público a amar as pessoas difíceis, o que não significa concordar com elas, mas, sim, não devolver aquilo que  elas têm de desequilíbrio. Jesus deixou o legado do amor para o ser humano encontrar a paz.  É necessário amar, o que não significa conivir com o erro do outro, mas dar a ele o direito de ser como é.
  “Seja você aquele que tem a honra de amar. Se alguém não o ama o problema é dele, mas quando você não ama, o problema é seu”, afirma o orador espírita. O amor é a solução para a paz.  Não importa qual a religião em que o indivíduo se encontre, o que importa é a conduta que se tem na religião e fora dela, na vida comum.
Fazendo referência ao nome da cidade que abrigou o movimento Você e a Paz, o orador convida a multidão presente para que se torne o amparo de si próprio e de seu próximo. Solicita também que não deixe, nunca, que alguém saia de sua companhia sem que leve algo bom, uma palavra gentil, um aperto de mão ou um pouco de esperança.
Foram homenageados da noite, com o troféu “Você e a Paz”, bombeiros militares que fizeram parte da equipe de regaste das vítimas do rompimento da barragem em  Brumadinho -  MG; Dona Aparecida Conceição Ferreira (in memorian), fundadora do Lar da Caridade de Uberaba, também conhecido como Hospital do Fogo Selvagem; o Instituto Maurício de Sousa,  a professora Heley de Abreu Silva Batista (in memorian) que faleceu ao auxiliar no resgate das crianças durante o ataque a creche  Gente Inocente, em  de Janaúba - MG, os  líderes religiosos Dom Luis Gonzaga Fechio,  Pastor José Lima, Divaldo Pereira Franco e a Sra.  Ana Maria Veroneze Beira.         
Durante o encerramento do encontro, houve ainda a apresentação do grupo musical Roupa Nova.  
              Texto e fotos: Carlyne Paiva

(Informação recebida em email de Jorge Moehlecke)

domingo, 28 de julho de 2019

Seminário de Divaldo Franco “Vazio Existencial” em Mogi das Cruzes

Em 26 de julho de 2019

O Seminário proferido por Divaldo Franco, que ocorreu na Entidade Espírita Cáritas, no dia 26 de julho,  teve a participação intimista de um público de 500 pessoas. O orador explanou sobre o verdadeiro sentido da vida e o vazio existencial que atinge diversas pessoas na atualidade.
Para tanto, o palestrante realizou uma análise, na perspectiva sociológica e histórica, das diversas correntes de pensamentos filosóficas que tiveram como base a busca pela felicidade, mas, que também culminaram no adoecimento da sociedade pós-moderna. 
           Demócrito,  filósofo pré-socrático, do século V a.C., já mencionava que tudo o que cabe no pensamento é matéria. Voltaire, no século  XVII, iluminista e materialista, ao receber o 33ᵒ grau da  Maçonaria, disse: “eu não creio no Deus que os homens criaram, mas no Deus que criou os homens”. No século XIX, Schopenhauer, com sua filosofia pessimista, sugere o suicídio como solução. Também neste século, Nietzsche propõe o niilismo. Em 1917, surge a revolução comunista com Stálin. Para Marx, a religião seria o ópio do povo, com o intuito de enganar a massa e, por isso, era necessário acabar com Deus e a religião judaico-cristã, pervertendo os jovens.
No ano de 1928, na Dinamarca, já se debatia sobre as partículas infinitamente pequenas, com a teoria da Complementariedade, de Niels Bohr, em que tudo está perfeito, até mesmo o caos. O nacionalismo intenso na Alemanha (1935)  desembocou na ascensão de Hitler, e foi na segunda guerra mundial,  iniciada por este, que 110 milhões de pessoas foram mortas. O existencialista Sartre  lutou contra o nazismo, mas, ao ver  tanta degradação nos religiosos da época, virou materialista. Enquanto declarava-se a paz, simultaneamente, as igrejas de Paris ficaram vazias. Em 1947, ocorre a guerra entre as Coreias, em que a Coreia do Norte se faz comunista
Na década de 60, do século passado, os Beatles iniciaram uma conquista ao mundo com a sua música, mas sofreram a angústia de não terem um ideal demarcado. Exemplo disso foi o Woodstock, maior festival de música da história que ocorreu nos 15, 16 e 17 de agosto de 1969. Por meio do som e das letras do rock e também das performances no palco, a contracultura começou a penetrar a sociedade como um todo, no contexto da Guerra Fria, em que os Estado Unidos foi capaz de lançar armas proibidas na guerra do Vietnã. A partir dessa conjuntura, Divaldo leva o auditório   a refletir sobre a ética, concluindo que quando não se há ética, há-se o caos.
Em 1980, teve-se o paciente zero da AIDS e a sociedade precisou começar a mudar seus hábitos sexuais diante desta síndrome, pois o sexo desvairado é um instrumento de angústia.
Para ilustrar ainda mais, o vazio existencial, Divaldo Franco lança mão da história narrada por Camus, no livro O Estrangeiro. Nela, a personagem Meursault, um homem indiferente à vida e à morte de sua mãe, acaba se envolvendo em um assassinato por motivo fútil.  Segundo o protagonista da obra, tanto faz uma coisa ou outra, pois nada importa no final, há apenas a indiferença de sentimentos. Divaldo Franco menciona que a maioria dos seres humanos, na atualidade, por vezes, em algum instante da vida, sente-se um estrangeiro de si mesmo, com vazio existencial.
Para erradicar o vazio existencial, Divaldo convida seu ouvinte a servir, pois quem não vive para servir, ainda não aprender a viver. A própria pergunta 540, do Livro dos Espíritos, já prenuncia a física quântica e a importância do servir, quando os espíritos respondem que: “(...) é assim que tudo serve, tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, pois ele mesmo começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia, de que o vosso Espírito limitado ainda não pode abranger o conjunto!”. Logo, fundamentalmente, o objetivo da vida é servir. Gabriela Mistral, Prêmio Nobel de Literatura em 1945, ilustrou muito bem em seu poema “O prazer de servir”, que “toda a Natureza é um desejo de serviço”.
Divaldo Franco propõe que se faça uma viagem interior para descobrir o sentido da vida. Que se preencha o vazio existencial, emitindo boas palavras. Toda vez que vier um pensamento ruim, deve-se trocá-lo por um bom. Pensar no bem, emitindo ondas de eletropositivos. Amar!, pois o  Amor é latente e está no interior do homem. Estabelecer metas, objetivos e não se deixar diminuir por aqueles que estão mais atrasados.
O vazio existencial está atrelado ao prelúdio da depressão. Jung ao se deprimir, expressou que avaliara o conceito depressão até o dia em que teve uma. Para vencer a depressão, deve-se tomar substâncias que substituam aquelas que não estão sendo produzidas pelos neurônios e que, por isso, desencadeiam a doença. Deve-se também, oferecer o esforço para curar-se, pois não há terapia que funcione se o paciente não colabora.
O ser humano é fundamentalmente, espiritual, antes mesmo das sensações de comer, dormir e fazer sexo. No início, o homem teve medo da morte e com isto, surge a primeira emoção: o medo. A segunda emoção do ser humano foi a ira e a terceira expressão de sentimento, foi o Amor. Como este é uma emoção recente, o medo e a ira ainda assaltam o indivíduo. Por isso, faz-se necessário amar de tal forma como se estivesse amando a si mesmo, redescobrindo o autoamor.
Divaldo Franco conclama a todos a amar como principal antídoto ao vazio existencial,  ponderando que se alguém não gosta de você, o problema é dele. Mas se é você que não ama, o problema é seu. Jesus disse para orar e vigiar. Orar é arar, é estimular coisas boas, dizer a outrem que siga adiante. Seja você o que não permite que ninguém saia do seu lado sem levar algo de bom, pois o importante é não ser inimigo de ninguém.
Foto: Edgard Patrocínio
Texto: Carlyne Paiva 

(Informação recebida em email de Jorge Moehlecke)