sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Divaldo Franco no Rio Grande do Sul Santa Cruz do Sul

22 de agosto de 2019

O Seminário intitulado O Sentido da Vida, apresentado por Divaldo Franco, médium espírita, humanista e pacifista, teve a sua abertura abrilhantada pelo Coral da UNISC (Universidade de Santa Cruz do Sul), encantando o público que lotou o Teatro Colégio Mauá, harmonizando o ambiente.
Juan Danilo Rodríguez Mantilla, equatoriano, médico, espírita e que atualmente reside na Mansão do Caminho, desenvolvendo um belíssimo projeto trabalhando com os portadores com necessidades especiais e que acompanha Divaldo Franco em suas viagens, saudou o público em nome da mansão Caminho, sendo o portador de mensagens de otimismo, destacando que cada dia possui as suas próprias necessidades. Essas, naturalmente sendo compreendidas, ensejam oportunidades para se descobrir qual é o sentido da vida. Na Mansão do Caminho, o sentido da vida é servir ao próximo, aprendendo a viver, a dar esperança conforme o Espiritismo orienta, sendo feliz ao desenvolver o amor puro e transcendente, sem esperar nada de ninguém. O sentido da vida pode ser, também, o de ter alegria de viver com muita esperança e confiança na providência divina.
Divaldo Franco, ao se expressar, asseverou que o grande sentido da vida é construir a identificação entre o EGO e o SELF. Ao apresentar os fatos experimentados por Viktor Frankl (1905-1997), médico psiquiatra austríaco, autor dos livros Em Busca de Sentido e Um Sentido para a Vida, Divaldo Franco evidenciou com este exemplo a possibilidade que todos possuem em estabelecer um significado para vida, independente das condições em que o ser humano se encontre. Viktor Frankl, por ser judeu, foi preso com sua esposa e pais pelas tropas nazistas, a Gestapo, e segregados em campos de concentração. Todos os seus familiares foram mortos pelo regime nazista, foram cerca de 180 até maio de 1945, quando a Grande Guerra teve fim.
Ele decidiu estabelecer para si, ainda preso, um sentido existencial profundo: sobreviver àquelas terríveis condições para poder, posteriormente, denunciar os horrores do holocausto produzido pelos nazistas e, assim, despertar nos indivíduos uma consciência e responsabilidade a respeito da dignidade humana.
Filho de família rica, Viktor Frankl, formou-se em psicologia e psiquiatria, tendo sido amigo de Sigmund Freud (1856-1939) e Alfred Adler (1870-1937). O incansável conferencista destacou que Viktor Frankl   somente sobreviveu por ter estabelecido uma meta, um sentido para a sua vida. Fazia parte do Colégio de Sábios, em Viena, na Áustria. O médico austríaco é o fundador da escola da Logoterapia que explora o sentido existencial do indivíduo e a dimensão espiritual da existência. Sobrevivem todos os que se fazem fortes e que suportem altas cargas emocionais. A força do sentido da vida é impressionante, e Jesus dá esse sentido para a vida. Esse sentido é o de viver além da vida. Embora não possua tudo, tem paz, diluindo a personalidade sem perder a individualidade.
A vida de Viktor Frankl foi a busca para encontrar o sentido da vida. Sua existência era a de um homem que não se preocupava, inicialmente, com a religião. Aprisionado pelos alemães, deixou de ser um homem, um indivíduo, perdeu a identidade, o motivo para viver, a razão principal do existir, para ser somente um número. Ao chegar no primeiro campo de concentração, Auschwitz, foi despido, seus pelos raspados, recebendo no braço uma tatuagem estampando o número 119.104. Ele somente não foi assassinado porque teve uma meta, um objetivo para a vida, embora tenha passado por alguns dos mais cruéis campos de concentração, onde os assassinatos e os suicídios eram numerosos todos os dias. Resistiu e fez um pacto com a sua consciência: viver para poder relatar ao mundo o que os nazistas faziam, tornando-se testemunha ocular e viva. Eles podiam matar, transformar as aparências, mas jamais poderiam aniquilar as ideias.
Assim, o fundador da Logoterapia atingiu um sentido psicológico para a vida ainda maior, o de ser útil. Ele foi poupado, ajudando outros prisioneiros. Para não enlouquecer, estabeleceu uma meta, um significado para a sua vida, ela deveria valer a pena de ser vivida, dignificando-se ao se tornar servidor. Oportunamente, os nazistas estabeleceram uma estratégia, anunciaram que iriam transferir alguns prisioneiros para um campo de concentração mais ameno. Viktor Frankl estava nesta lista, porém, antes de embarcar, um prisioneiro polonês lhe suplicou trocar de lugar com ele, pois tinha familiares o esperando. Viktor Frankl titubeou, seguir para outro campo era a esperança, permanecer significava a morte. Ante a súplica contundente, cedeu seu lugar. O outro, já dentro do trem, acenou-lhe com alegria.
Ao cair da tarde a notícia se espalhou no campo, o trem fora diretamente para um campo de concentração vizinho e todos foram dizimados nas câmaras de gás. Viktor Frankl havia sido poupado. Em outra oportunidade, já no final da guerra, os alemães em desespero trabalhavam afanosamente para apagar os vestígios do holocausto. Viktor Frankl foi designado para explodir alguns pavilhões, e esgueirando-se por entre eles, foi puxado para dentro do pavilhão dos pestosos, o pavilhão que os alemães não entravam para não se contaminarem. A mão vigorosa que o puxara era a de uma psiquiatra que o patriarca da família Frankl havia custeado os estudos. Dizia ele, o pai de Viktor Frankl, que uma pessoa que tem um ideal nobre deve ter o apoio. Viktor Frankl havia sido poupado mais uma vez.
Finda a guerra, e liberto, Viktor Frankl retornou à Viena, à sua casa, que já não era mais a mesma. Voltou a escrever o seu tratado de psiquiatria. Criou a Logoterapia, ciência que explora o sentido existencial do indivíduo e a dimensão espiritual da existência, demonstrando a necessidade do ser humano de encontrar um sentindo psicológico profundo para a vida, sendo a meta essencial amar e servir ao próximo. A proposta de Viktor Frankl, como de outros, é fascinante porque é a proposta do Cristo. Todos possuem um objetivo na vida. Qual é o sentido de sua vida? Indagou o nobre conferencista baiano.
Divaldo Franco, em seu incansável objetivo de servir, narrou mais alguns casos, destacando que os que possuem um significado, um sentido para a vida, são felizes, possuindo a alegria de viver, porque escolheram servir, e não serem servidos. Eloquente, Divaldo destacou a necessidade de cada indivíduo encontrar um objetivo para a vida. Se ainda não encontrou, dê a sua vida para alguém, dedique-se a ela, faça algo de bom em memória de alguém. Narrando suas experiências com os seus filhos adotivos, Divaldo era pai e mãe ao mesmo tempo, estabeleceu um sentido para sua vida, amar indistinta e veladamente, entregando-se ao amor sem reservas. Assim, viva para que os outros tenham vida, fazendo o bem.
No início do segundo bloco do seminário, Juan Danilo interpretou ao violão, musicando uma poesia de Amélia Rodrigues. Divaldo Franco destacou a Questão 685 a) de O Livro dos Espíritos, onde os tutelares divinos afiançam que a educação é o único recurso para se modificar o mundo.  Deste modo, desde a fase infantil, todos vão estabelecendo seus ideais, o que desejam ao se tornarem adultos. São os sonhos, os objetivos, o sentido para a vida. Todos necessitam de uma meta, de ter ideais, de dar significado para a vida, preenchendo os vazios existenciais, não se permitindo à ociosidade. Todos têm o dever de fazer algo de bom em favor do próximo, mudando a estrutura do pensamento, dando um sentido para a vida, dando uma beleza ao sentido existencial.
Trazendo emotividade e amenizando o árido tema, Divaldo Franco narrou a comovente história do menino Bill que sonhava se tornar um bombeiro da cidade de Los Angeles, na Califórnia-EUA. Bill se encontrava em fase terminal, sua mãe telefonou aos Bombeiros solicitando uma visita. O Comandante disse-lhe que iria visitá-lo, e que poderia fazer muito mais. Assim aconteceu, Bill foi visitado pelo Comandante que se fez acompanhar de mais nove bombeiros. O Comandante disse à Bill que ele se tornaria bombeiro mirim na semana seguinte. Bill renovou suas forças, superou-se e aguardou. Na data, lá estavam os bombeiros para transportar Bill ao quartel, onde seria incorporado ao grupo. Recebeu uniforme e equipamentos.
Neste instante soou o alarme de incêndio. Havia um incêndio de pequenas proporções nos arredores de Los Angeles. O agora bombeiro Bill foi convocado para debelar as chamas. Ele era a felicidade. Fremia de prazer e alegria. Extinto o foco de incêndio, retornaram e Bill voltou ao hospital. Mais uma semana. Ele piorou, estava por desencarnar. O Comandante foi acionado pela mãe de Bill, solicitando a presença de um bombeiro naqueles instantes derradeiros. O Comandante informou que poderia fazer muito mais. Destacou seus homens para visitar Bill, entrando em seu quarto hospitalar pela janela, usando uma escada especial. Ali, ao lado de Bill, se postaram dez bombeiros, o Comandante disse-lhe: - Bombeiro Bill! Estou te dando permissão para te ausentar de nossa corporação. Está na hora de te apresentar ao Comandante Supremo. Bill fechou seus olhos. Ouvia-se o Toque de Silêncio, magistralmente executado pelo corneteiro, ecoando pelo hospital.
Educar os filhos, preparando-os para a vida, acompanhando-os no crescimento e nas experiências de suas fases de vida é dever de todos os pais. Amar é educar, é dar uma meta para a vida, amar é preencher os vazios da vida. Asseverou Divaldo Franco que a humanidade já experimentou a guerra, a traição e outras mil coisas e não deu certo, por que não experimentar, então, o amor? Demonstrando a experiência do amor, o Semeador de Estrelas narrou fatos jocosos, alegres, provocando o riso terapêutico, ao tempo em que orientou ao estudo do Espiritismo, recomendando que o fosse realizado a partir de O Livro dos Espíritos, seguindo nas demais obras, na cronologia de seus lançamentos, bem como estudar outras obras de Allan Kardec.
Jesus está sempre voltando aos corações abertos para acolhê-LO. Após cada crise o progresso avança, é a evolução em constante desenvolvimento. Finalizando o profícuo encontro, Divaldo Franco desejou que cada indivíduo pudesse alcançar o ideal do bem, a prática do sorriso, a missão da solidariedade, a volta ao lar, à família, à fraternidade. Homenageando o público atencioso e generoso, Divaldo Franco declamou o Poema Meu Deus e meu Senhor, de Amélia Rodrigues. Os aplausos foram efusivos, amplos e prolongados. Foi o exercício da generosidade mútua. O Semeador incansável lançou a semente do amor, restando a cada um fazê-la germinar em seus corações.
Texto: Paulo Salerno
Fotos Jorge Moehlecke