domingo, 18 de março de 2018

Registro. Divaldo Franco no Paraná. XX Conferência Estadual Espírita. Pinhais

17 de março de 2018
Momento Jovem
O Ser Humano perdeu o endereço de si mesmo. (Divaldo Franco)
Divaldo Franco, solícito, e atendendo programação com a juventude paranaense, respondeu perguntas adrede preparadas pelo movimento espírita juvenil. Reuniu-se com os representantes selecionados, contemplando a totalidade das instâncias juvenis do Paraná, apresentando judiciosas reflexões acerca dos assuntos da atualidade e que, em geral, preocupam os jovens que buscam viver retamente, exercendo as habilidades e aquisições intelectuais na prática do dever de amar-se, amando o próximo.
Respondendo sobre o grande número de suicídios entre os jovens, Divaldo citou uma frase de Mahatma GandhiSe um único homem alcançar a mais elevada qualidade de amor, isso sera suficiente para neutralizar o ódio de milhões. A Organização Mundial de Saúde, em suas projeções, afirma que até o ano de 2025 a primeira causa de mortes será o suicídio, causado pela depressão. A maior incidência está na faixa dos 14 aos 25 anos de idade. A solidão interior, os conflitos sexuais, o número exagerado de informações e as problemáticas relativas à juventude são fatores desencadeantes para o suicídio.
Essa ocorrência permeia a sociedade humana em todos os quadrantes do planeta. Segundo Rollo Reece May, (1909 —1994) a sociedade elegeu como parâmetros para a felicidade três fatores: o individualismo, o sexismo, e o consumismo. Na busca do prazer, geralmente a criatura humana busca satisfazer, tão somente, os sentidos físicos, e por não encontrar a felicidade, a alegria, o afeto, entra em melancolia, deprime-se, esquecendo-se de que viver os sentimentos, que são da alma, o indivíduo plenifica-se. As relações afetivas sadias vividas no seio familiar e social sustentam o ser humano nas conquistas de ordem elevada. A religiosidade, a prática da oração é capaz de lograr êxito ante o suicídio.
Ilustrando a fragilidade do homem, com alicerce nas imperfeições, Divaldo narrou uma experiência de sua juventude, quando, ante uma frustração, pensou no suicídio, sendo inclusive estimulado por um Espírito desencarnado a realizá-lo, alertando, assim, especificamente para as influências espirituais perniciosas, permanecendo atento aos bons e aos maus pensamentos que os visitam. As ideias negativas devem ser prontamente rechaçadas, substituindo-as por pensamentos bons. Jamais se deve alimentar uma ideia negativa. A morte do corpo físico não livra o indivíduo de suas aflições, dores ou infortúnios. O suicídio é um tremendo engano. Suicídio nunca!
A participação nas manifestações políticas foi outro ponto de destaque. O jovem espírita, aconselhou o nobre tribuno, deve, em primeiro lugar transformar-se em alguém melhor, e com isso melhorará o mundo em que vive. As mudanças se dará de dentro para fora, nunca ao inverso. Ante as ocorrências do mundo, adotar a conduta que se coaduna com a Doutrina Espírita, atingindo um nível de dignidade para tornar-se um líder.
A alimentação, a educação familiar, os estudos nos Centros Espíritas, a vivência cristã, a autenticidade de pensamentos e atos, as quedas morais, foram outros tantos temas abordados cujo encaminhamento foi a conduta ilibada alicerçada no Espiritismo.

A paz de Jesus, e de todos os profetas, é necessária e urgente. (Divaldo Franco)
Semeador de Estrelas, sempre muito solicitado, ao encerrar o encontro com os jovens, concedeu entrevista para a BAND TV. Falando sobre a cultura da paz disse que é hora de o ser humano tornar-se pacífico. A paz de Jesus, e de todos os profetas, é necessária e urgente. O amor é a solução. Respeitar o direito do próximo é dever. O que está faltando na sociedade humana é a presença de homens e mulheres de bem, tornando-se bons exemplos.

Ame, deixe aberta a porta do coração. Amar é reabilitar-se dos erros. (Divaldo Franco)
Dentro da programação ordinária da XX Conferência Estadual Espírita, Divaldo Franco desenvolveu o tema: O Herói Cristão. Antes, porém, o Dr. Juan Danilo Rodríguez, espírita, médico de família, psicólogo, homeopata e fundador do Centro Espírita Francisco de Assis e de uma fundação de acolhimento aos portadores da síndrome de autismo, em Quito, no Equador, dirigiu-se ao numeroso público externando o seu agradecimento pela participação em tão notável encontro de espíritas e destacando a necessidade de esforços cotidianos para a melhora íntima. Jesus, a exemplo do que fez com seus discípulos, espera que os espíritas sejam, também, pescadores de alma, divulgando o Espiritismo.
Divaldo Franco apresentou as inúmeras qualificações e realizações desse trabalhador equatoriano e que atualmente está residindo na Mansão do Caminho, onde lança as pedras basilares de um projeto para atendimento de autistas sob o ponto de vista da Doutrina Espírita, construindo um novo mundo.
Estamos no limiar de uma era nova, assim se expressou Divaldo, e cansados das experiências fracassadas, o homem procura outras expressões das relações humanas para alcançar a plenitude, aplicando os ensinamentos em as Bem-aventuranças. O autoconhecimento é peça fundamental nestas conquistas do homem novo. Para tal será necessário conhecer-se a si mesmo, produzindo a felicidade.
Os verdadeiros heróis estão em todos os quadrantes do planeta, em grande número de instituições orientais e ocidentais, cristãos ou não. O heroísmo maior é enfrentar a vida no corpo, é estar no corpo cuidando da vida espiritual. Apresentando a comovente história de uma mulher dedicada e aureolada pelo amor, Divaldo Franco, narra a experiência vivida juntamente com Nilson de Souza Pereira no bairro do Uruguai, em Salvador/BA. O local era uma invasão pantanosa, atendiam os moribundos na Casa de Jesus, um barraco que acolhia aqueles que estavam deixando a vestimenta corporal, abandonados por todos.
Recebendo o chamado, dirigiram-se para o casebre de dois cômodos. O cenário era de angústia e de miséria humana. Sobre uma enxerga no chão do barraco encontrava-se uma trabalhadora do Centro Espírita Caminho da Redenção. Mulher dotada de grande pureza d´alma. Devotada ao bem, portadora de qualidades espirituais, aplicava passes. Heroína, lavava roupas e vendia acarajé na porta do Elevador Lacerda.
Acometida de tuberculose pulmonar, moribunda, conta-lhe que está viajando para a outra vida, a espiritual. Seu tempo estava se esgotando. A amiga que aprendeu amar, ensinando-lhe o amor, estava deixando o veículo físico. Segreda à Divaldo a sua história, dizendo de antemão que seu filho iria lhe procurar mais tarde, após a sua morte, pedindo para dizer ao filho que sempre o amou.
Falou-lhe do filho, dedicado estudante desde criança, agora tornado médico famoso em Salvador. Narrou sua saga, desde jovem, os seus ingentes esforços em amealhar, com muito suor, os recursos para custear os estudos do filho amado. Os estratagemas para solicitar veladamente a ajuda dos professores ao filho, facilitando-lhe um aprendizado profissional de qualidade. Esse filho, muito preto, foi fruto de uma relação íntima em troca de alimentos, tal era sua condição famélica. O filho era conhecido por um apelido muito peculiar. Por que ela o vestia sempre com roupas brancas, impecavelmente brancas, e contrastando com a sua pele negra, passou a ser conhecido por o mosca no leite.
A moribunda, febril, com tosse, falou-lhe sobre as alegrias em trabalhar e em economizar para adquirir belo vestido vermelho, sapatos para a formatura de seu amado filho, o anel de formatura acondicionado em caixa aveludada em azul. Foram três anos. Aproximava-se o dia da láurea. Na véspera, à noite, após já ter recolhido os pertences que lhe interessavam, dirigiu-se à mãe dizendo-lhe que tinha dois pedidos a fazer. Primeiro, que não necessitaria ir à cerimônia de formatura, sua noiva, filha do diretor da faculdade iria lhe acompanhar no ato solene. Mantendo serenidade, a mãe compreensiva, agradeceu-lhe a dispensa.
O segundo pedido era uma condição, quando adoecesse, deveria ligar para o número de telefone que lhe passou em um cartão, assim viria, ou mandaria um colega para atendê-la, ali mesmo naquele barraco. Dizia que deseja lhe poupar de ser humilhada. Disse-lhe mais, que não telefonaria para ela.
Foi tudo muito simples, voltou a dizer a Divaldo aquela mãe heroína. Ele casou, não me avisou, mas estou feliz, disse. Meu filho está feliz e por ele estou feliz. Agora estou morrendo. A heroína saiu da vida para entrar na vida espiritual. Como uma fada iluminada saiu daquele corpo. Fulgurante, desapareceu no infinito. Ela havia expirado nos braços de Divaldo. Consumado, Nilson e Divaldo recolheram o cadáver, velando-o sob uma árvore. Em estando contaminado aquele barraco, os dois o consumiram com fogo.
Uma semana depois, no Centro Espírita Caminho da Redenção, Divaldo identificou aquele filho, que lhe perguntou se havia visitado aquela negra no Bairro do Uruguai. Justificou a pergunta informando que tinha tomado a si a tarefa de protegê-la, era sua amiga. Desejava saber o que ela havia contado a Divaldo, se havia lhe falado sobre a família.
Respondendo, Divaldo disse que não poderia contar nada que pudesse interessar, indagando se ele era parente dela. Como disse que não, foi embora sem obter qualquer informação de Divaldo. Um mês depois, eis que o mosca no leite está de volta. Divaldo então pergunta: - É a respeito daquela negra? Confirmado, disse que desejava veementemente que lhe contasse o que sabia sobre ela e seus comentários. Após alguns momentos de titubeios, o visitante declara que era o filho dela. Tinha vergonha de sua mãe.
Agora identificado o filho, que Divaldo já conhecia, disse-lhe que ela havia pedido para dizer que o amava muito. Caindo em si, o médico perguntou como poderia se reabilitar. Divaldo, então, disse-lhe que há no interior de cada um herói, e que para a reabilitação são necessárias três etapas, o arrependimento, a expiação e a reparação. Assim, sintetizou o preclaro orador e orientador, faça para o próximo o que gostaria de fazer a sua mãe.
Compreendida a lição, o filho em reabilitação, solicitou a sua inclusão nas atividades de assistência desenvolvida por Divaldo Franco e sua Instituição no bairro do Uruguai. A mãe prestimosa, dúlcida e amorosa, presente no diálogo, suplicou, de joelhos, ao Mestre que recebesse a ovelha tresmalhada. Era um anjo vestido de pobreza. A essa altura, o público parecia não respirar, tal era o silêncio e a emoção dominante no ambiente.
Ame, deixe aberta a porta do coração. Amar é reabilitar-se dos erros. Assim, nesse grau de emoção, Divaldo Franco, narrador eloquente, apresentou heróis e heroínas, um verdadeiro desfilhe de anjos dedicados, que superando provas ingentes, venceram-se a si mesmos, tornando-se plenos e felizes, exemplos de dedicação e amor ao próximo.
Considerada heroína Russa, condecorada, a jovem Catarina de Hueck (1896-1985), tornada baronesa pelo casamento, tornou-se mãe muito cedo. Perseguida, buscou abrigo e sustento na América do Norte, tanto no Canadá como nos Estados Unidos da América. Esta emocionante e comovente história encontra-se narrada em detalhes no capítulo 8 – A Baronesa -, da obra A Estrela Verde, da Editoria LEAL, de Divaldo Franco e Délcio Carvalho. Como acontece com grande número de heróis e heroínas, a baronesa de Hueck é amplamente desconhecida.
As lágrimas brotavam em muitos olhos, pois que corações sensíveis foram tocados pelos dedos caridosos do orador nonagenário, fazendo com que as autoanálises se fizessem presentes, pelos questionamentos óbvios. Como alcançar tal alto grau de amor incondicional a ponto de doar-se inteiramente ao próximo, tomando Jesus por exemplo maior e os heróis como a prova da possibilidade real de amar? Declamando o Poema Meu Deus e Meu Senhor, de Amélia Rodrigues, Divaldo Franco encerrou a atividade, recebendo caloroso e demorado aplauso.
Texto: Paulo Salerno
Fotos: Jorge Moehlecke



(Informação recebida em email de Jorge Moehlecke)