quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Registro. Divaldo Franco - Movimento Você e a Paz – Orla de Itapuã. Salvador, BA



16 de dezembro de 2015
Em continuidade as atividades do Movimento Você e a Paz, foi realizada mais uma ação de divulgação da proposta a favor da paz e da não violência na Orla de Itapuã, na Rua Aristides Milton. Iniciada às 19h00min com uma rica apresentação musical pela Dupla Cassia Aguiar e Cleber Wilson, e pelo barítono Maurício Virgens, o evento atraiu centenas de pessoas que superlotaram o espaço público.
Foram convidados ao palco Aderivaldo Modesto, representando os espíritas daquela região de Salvador; Jonas Pinheiro, representando as caravanas de São Paulo; Marcelo Netto, pelos espíritas do Exterior; Francisco Ferraz representou as caravanas do Sul do Brasil; Demétrio Lisboa, Presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção; e os oradores habituais do Movimento Você e a Paz, Ruth Brasil Mesquita, Marcel Mariano e Divaldo Franco.
João Araújo, mestre de cerimônias, destacou sentença de Nilson de Souza Pereira, psicografada por Divaldo Franco: Mantenhamos aceso o ideal da fraternidade e nunca nos arrependeremos de havermos sido gentis, cordatos, pacíficos e pacificadores.
Ruth Brasil Mesquita homenageou as ganhadeiras de Itapuã, mulheres que pelo trabalho dignificaram a vida e a família. Honradas e assumindo as suas responsabilidades familiares, vendiam peixes e lavavam roupas, como ainda fazem algumas, sustentando moral e financeiramente seus lares. A oradora apresentou ações desenvolvidas pela Dra. Françoise Dolto, que com amor e compressão da natureza humana dava crédito à reencarnação. Françoise é autora do livro Os Evangelhos à luz da psicanálise.
Aderivaldo Modesto propôs que as criaturas se auxiliem na caminhada, servindo até mesmo depois que o sol se ponha, aliviando as dores dos aflitos.
Marcel Mariano comentou sobre o pouco e quase nulo efeito que as leis promulgadas pelos homens possuem em produzir a paz e a justiça, tais como a Declaração Universal dos Diretos Humanos, o Código de Processo Penal, e outras. Referiu-se ao sistema prisional brasileiro, um verdadeiro caos, com superlotações absurdas. Onde estão os direitos humanos de vítimas e agressores? A própria criatura humana ataca a outra. Não serão as leis, os estatutos, as legislações que instalarão a paz. Para se alcançar uma condição de paz torna-se necessário desenvolver ações de gentileza, de cuidados com o meio-ambiente. Transforme-se em um agente da paz, pacificando-se e sendo pacificador, produzindo frutos de paz.
O orador inspirado e amoroso, Divaldo Franco narrou belo conto árabe sobre um homem justo, bondoso e amante da justiça, soberano de um reino próspero no oriente, onde hoje se situa a Arábia Saudita. Era dezembro, nevava. Mohamed – O Justo, era muçulmano. Examinava todos os casos segundo a ótica do livro sagrado. Possuía um sentido apurado sobre justiça, amor e caridade. Em determinada ocasião, segue contando Divaldo, o monarca meditava, ao tempo em que passeava em seus jardins, quando teve sua atenção despertada por uma balbúrdia. Acercou-se e viu uma mulher em andrajos. Estava sentada sobre o chão e chorava. Com ela havia algumas frutas. Seu Grão-Vizir acusava-a.
Ante o quadro, Mohamed – O Justo indagou sobre os acontecimentos, sendo informado que aquela mulher havia furtado frutos do pomar real, e isto era um crime. Mohameddirige-se à mulher e pergunta-lhe sobre a acusação. Ela disse que tinha um filho muito doente em casa, que estava faminto, à beira da morte, febril. Desesperada saiu a mendigar. Nada conseguiu. Havia ido ao mercado para, pelo menos, recolher as sobras, os descartes naturais.
Inacreditavelmente, neste dia, nada sobrou ou foi descartado. Retornando ao lar, sem nada levar, e ao passar pelo pomar real observou inúmeras frutas no chão, que por certo não seriam aproveitadas. Sabia ser proibido colher frutas naquele pomar e que poderia ser punida. Sua angústia era demasiada. Pensava no filho à beira da morte. Recolheu algumas frutas na barra de sua saia. Foi apanhada cometendo o crime.
Inteirado que a sentença era a lapidação, propôs Mohamed – o Justo que passassem à execução ali mesmo onde o crime havia acontecido. Seu Grão-Vizir disse-lhe que a criminosa deveria ser apedrejada no templo, local sagrado onde estavam depositadas as pedras para tal mister e que ali onde se encontravam não haviam pedras.
Mohamed – o Justo retirou seus anéis, apanhou as pedras preciosas que adornavam suas vestes, sugerindo aos demais que fizessem o mesmo. Começou a lançar suas joias contra a criminosa. Fez o mesmo com a gema que adornava seu turbante. Os demais, relutantes, o acompanharam. A mulher estupefata não compreendeu e, aturdida ouviu seu Soberano dizer-lhe para recolher todas as pedras e joias e que as vendesse para dar de comer aos seus filhos, estando livre a partir daquele momento, pois a sentença havia sido cumprida, dizendo-lhe mais ainda: vai e faze todo o bem ao teu alcance.
Viver com a consciência tranquila é ter paz. Os afortunados devem velar pelos desafortunados. Os mais fortes devem amparar os mais fracos. A solidariedade e a justiça devem imperar entre os homens. Apesar de todos o esforço que o homem vem fazendo para construir um estado de paz no mundo, ainda não logrou sucesso. No ano 2000, de 28 a 31 de agosto, um grande conclave interreligioso, com 138 países, formado por religiosos de todos os matizes, inclusive índios, se reuniu em Nova Iorque/EUA para examinar a doença da violência, para construir ações que dignificasse os indivíduos.
Quatro proposições foram eleitas: 1) Realizar uma distribuição mais justa da riqueza, através do trabalho digno e de uma educação de qualidade; 2) Estabelecer leis de proteção à criança, à velhice e ao enfermo; 3) Estabelecer um estado de confraternização entre as nações; e 4) Respeitar as fronteiras nacionais. Celebrando o estabelecimento desses pontos, mais de dez mil pessoas deram-se as mãos, proclamando Deus e o respeito aos outros. O monstro da guerra continua a aterrorizar milhões de pessoas. Permanece na Terra porque os indivíduos são belicosos. O grande mal é a mazela moral em que se demora o homem. O seu ego e a sua pequenez conflitiva se sobrepõem sobre o outro.
A mensagem de Divaldo Franco é um convite para que a paz interior seja construída e desenvolvida em cada um. Quem conhece Jesus nunca mais será o mesmo, advertindo para que o mal que o outro te faça, não te faça mal, não aceitando o mal que venham a te fazer. Zele pela tua paz, não viva de mau-humor, aprenda a querer bem a vida. Viva intensamente. Recorde as coisas boas da vida. Viva as alegrias e esqueças as questões negativas. Não descarregue os teus conflitos nos outros, ou na família. Cuide do futuro, ame e cuide das crianças. Sejas feliz construindo a tua paz.
Aplaudidíssimo, o evento foi encerrado com a canção Paz pela Paz, de Nando Cordel sendo entoada entusiasticamente por todos, que ao final abraçaram-se em um gesto de paz.
    Texto: Paulo Salerno
    Fotos: Jorge Moehlecke


(Recebido em email de Jorge Moehlecke)