segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Divaldo Franco na Bahia Movimento Você e a Paz

Salvador, 15 de dezembro de 2019
Já não há alternativa: a PAZ ou o desespero! (Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)
Ao entardecer do dia 15 de dezembro, com toda a infraestrutura pronta e realizada pela eficiente equipe liderada por Telma Sarraf, Vice-presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção – CECR -, as crianças e adolescentes da Escola de Artes da Mansão do Caminho, com talentos extraordinários, se apresentaram cantando, tocando e encantando com a excelente performance, cativando os presentes. Juan Danilo Rodríguez Mantilla, equatoriano radicado no Brasil e voluntário da Mansão do Caminho e fazendo parte da Escola de Artes, cantou e tocou, alegrando os corações sedentos de paz e de beleza.
Ruth Brasil Mesquita, Iraci Noronha e Marcel Mariano deixaram as suas mensagens de paz, destacando que o ser humano, ainda em formação moral, requer cuidados, de orientação clara e segura, construindo-se na paz e no amor, devendo observar as ações do presente se utilizando da experiência do passado, construindo o futuro desejado, seguindo os passos de Jesus, modelo e guia para a humanidade, pois que pacífico, possui a força dos argumentos.
Divaldo Franco, humanista e pacifista, idealizador do Movimento Você e a Paz, se utilizou de um episódio verídico contido na obra “Perdão Radical”, de Brian Zahnd, para narrar, com sua verve característica, a excelência do perdão e do amor. O genocídio do povo armênio, provocado pelos turcos otomanos, ocorreu durante a guerra levada a efeito entre Turquia e Armênia nos anos de 1915 a 1917 e que dizimou cerca de um milhão e quinhentos mil seres humanos. Essa incursão bélica destruidora ocorreu em paralelo à I Guerra Mundial.
A protagonista, jovem com 15 anos, assistiu sua família ser cruelmente destruída pelo exército turco. Em um domingo pela manhã, e estando a família reunida para o café matinal, foram surpreendidos pela ação bélica, sendo o seu lar invadido violentamente. Seus pais foram mortos de súbito, impiedosamente, sua irmã menor foi jogada aos soldados que a violentaram até a morte, e ela foi feita escrava sexual do comandante da tropa.
Após fugir das atrocidades que lhe foram impostas, contando com o auxílio de um soldado que se apiedou dela, passou a viver da Turquia, onde se diplomou enfermeira, pois declarava que havia nascido para amar e salvar vidas. Tendo sido muçulmana, se converteu ao cristianismo. Assim, por volta do ano de 1925, e porque a clínica não havia encontrado um profissional que tivesse coragem para cuidar de um enfermo em putrefação e prestes a morrer, seu diretor pergunto-lhe se poderia cuidar o paciente tal qual uma filha abnegada, assistindo-o na morte próxima.
Ela, então, se deparou novamente com o seu algoz implacável, tendo oportunidade de salvar-lhe a vida, apesar de o ter reconhecido desde o primeiro momento no hospital em que trabalhava, na Capital da Turquia. O algoz, então comandante daquela força exterminadora, era um farrapo humano, e que lhe confiado para que o assistisse na morte iminente. Colocado sob os cuidados da jovem enfermeira, dedicadamente tratou-o, por cerca de seis meses, restituindo-lhe a saúde.
Por ocasião de sua alta hospitalar, e porque era um oficial de destaque, foi agradecer ao diretor do hospital. Esse lhe disse que o mérito era da enfermeira que o havia cuidado diuturnamente, internando-se com ele, a fim de prestar-lhe um excelente serviço.
Ao dirigir-se a enfermeira, o oficial notou que ela tinha um sotaque que lhe lembrava o povo armênio, onde estivera durante a guerra. Ela confirmou sua origem, declarando que o conhecia, e que ele a havia escravizado sexualmente, após dizimar a sua família. O oficial, tomado de inusitada surpresa, perguntou-lhe porque não o havia deixado morrer. Ela, então, redarguiu-lhe que havia aprendido a perdoar, que Jesus é o seu Mestre, que aprendeu a amar até mesmo os inimigos, e que sua profissão é dedicada a salvar vidas, jamais extingui-las.
Nos primeiros momentos, narrou a enfermeira, desejava morrer, contudo, sustentada no ódio sobreviveu aguardando a oportunidade para a vingança. Quis o destino trazê-lo de volta, e por ser agora cristã, tinha como primeiro desafio perdoar, assim, disse ela: sai do inferno e passei a experimentar suave brisa de paz, por isso o perdoei. Chamo-o agora de irmão.
É a demonstração da poderosa força transformadora da mensagem de Jesus, quando bem compreendida e vivenciada, despertando o verdadeiro amor na criatura humana. Esse amor levou a jovem armênia a perdoar radical e incondicionalmente o algoz que a havia desventurado e exterminado sua família impiedosamente.
Divaldo Franco, então, questionou os presentes quanto à capacidade de cada um de perdoar, dando um freio à violência, incitando o público à reflexão mais profunda: - Você seria capaz de perdoar?
O perverso possui o dom de destruir a intimidade da criatura humana. O Perdão é uma das virtudes mais difíceis de ser praticada. Perdoar é não devolver a ofensa, tornando-se em um permanente desafio. Divaldo, apresentando aspectos da violência cotidiana, destacou que o emprego judicioso da justiça, o sentimento de amor e o de perdão ainda estão longe dos indivíduos. A sociedade humana vive um momento grave de desamor. A mudança se dará quando os indivíduos aprenderem a amarem-se, adquirindo a noção do bem-proceder. A paz não é uma necessidade, mas uma urgência a ser atendida com presteza. Todos têm os mesmos direitos de viver, e os valores espirituais levarão o homem a viver em harmonia, em paz.
Cada criatura humana deve viver como Espírito imortal, com paz no coração à luz do Evangelho de Jesus, o grande propagador e exemplo de paz, empenhando-se ao máximo para que o EGO não perturbe e seja possível instalar a paz em si. Há um amanhecer de luz, de paz, de amor, de ações no bem, de solidariedade, fazendo algo para que alguém tenha, também, paz, desenvolvendo forças para poder ouvir, com serenidade, a própria verdade, a do outro e a verdade transcendente.
Com o público animadíssimo e estimulado para a construção da paz, o evento foi encerrado com a Canção Paz pela Paz, de Nando Cordel, quando todos, de mãos dadas uniram vozes, corações e sentimentos, igualados no desejo de estabelecer a paz.
Texto: Paulo Salerno
Fotos: Jorge Moehlecke