domingo, 18 de novembro de 2018

Divaldo Franco em Araraquara, SP 16-11-2018.

Fotos: Edgar Patrocínio
       Texto: Djair de Souza Ribeiro

A União Intermunicipal das Sociedades Espíritas (USE) de Araraquara escolheu as dependências do Salão Nosso Ninho para receber um público superior a 1.000 pessoas que ali se reuniram para ouvir a Conferência Espírita realizada por Divaldo Franco na noite do dia 16 de novembro de 2.018.
Divaldo inicia sua abordagem utilizando-se da narrativa de um fato envolvendo a violinista norte América Elizabeth Gladicht ainda criança e Madame Ernestine Schumann-Heink (1861-1936) uma das mulheres mais famosas e mais amadas do mundo no início dos anos 1900, tendo sido considerada o maior contralto de sua época e, talvez, de todos os tempos.
Elizabeth decidira-se por abandonar a arte musical após o fracasso na apresentação em um concerto para crianças e por essa razão sentia-se muito triste. Dando-se conta da tristeza da menina diante do fracasso, Madame Ernestine convidou-a para uma volta pelo pomar do imenso jardim do hotel que as hospedava.

Sentadas sob uma árvore veneranda passaram a ouvir o cantar de uma Calhandra (também conhecida por Cotovia e em alguns países confundido com o Rouxinol).
Madame Ernestine contou à jovem Elizabeth a Lenda da Calhandra criada por Deus para encantar aqueles que estivessem cansados e aflitos pelas vicissitudes da existência, buscando a pequena e frágil ave – com seu canto maravilhoso – suavizar o fardo da vida como um alado Cireneu.

Ainda sob os encantos da suave melodia da pequena Calhandra, Madame Ernestine concluiu a lição inesquecível: — Somos, todos nós, Calhandras enviados por Deus para mutuamente nos ampararmos. Vá e faça a tua parte.
Sob qualquer conjuntura aflitiva, quando as coisas se apresentem negativas ou infelizes, não deixemos de fazer aquilo que nos cabe fazer, pois, certamente, Deus fará a parte que a Ele cabe.

Frequentemente, quando nos deparamos com os desafios da vida, que surgem na forma de problemas excruciantes, logo nos deixamos envolver pelos pensamentos pessimistas, inclinando-nos à desistência da luta ou à revolta.
Diante desse quadro Deus enviou-nos a “Calhandra” da Doutrina Espírita que vem nos dizer da imortalidade do Espírito que segue, após a morte do corpo físico, exatamente o mesmo conservando – intacto – nossos sentimentos, emoções, valores morais e os conhecimentos adquiridos.
Viajaremos para o Mundo Espiritual não com as nossas intenções, mas com aquilo que efetivamente realizamos.
Assim sedo, compelidos à tarefa edificante, façamos a nossa parte. Diante de doenças a castigar e depauperar a saúde e a vitalidade de nosso corpo físico façamos a nossa parte.
Mesmo diante dos ataques das incompreensões e das ingratidões sigamos com a nossa luta, à semelhança da Calhandra de Deus.

Ao encerrar a palestra Divaldo Franco presta uma bela, conquanto singela, homenagem ao filho da terra Wallace Leal Valentin Rodrigues (1924-1988) que, qual uma Calhandra, dedicou-se a minorar o infortúnio de tantos quanto lhe cruzaram o caminho e proporcionar um pouco de conforto material e consolo moral.

Divaldo deixa-nos o convite para nos tornarmos Calhandras saindo dos limites estreitos do círculo religioso “teórico” para a ação em benefício de todas as criaturas, único recurso ao nosso alcance para evidenciar a excelência dos princípios Espíritas quando colocados a serviço do próximo.
Nós, que nos dias atuais, nos consideramos os seguidores de Jesus e de Sua mensagem rediviva e luarizada pela Doutrina dos Espíritos, não temos outra escolha, senão aquela de edificar o bem em toda a parte, vivendo conforme os princípios ético-morais do dever, da fraternidade, da tolerância, da compaixão, do perdão e da caridade.

Divaldo Franco em Catanduva, SP 15-11-2018.

Uma vez mais, o Clube de Tênis Catanduva foi o local escolhido pelo Núcleo Educacional Joanna de Ângelis para acomodar cerca de 1.500 pessoas que ali compareceram para participarem da conferência de Divaldo Franco na noite de 15 de novembro de 2018 em comemoração aos 25 anos daquela entidade educacional.
Alicerçando o desenvolvimento de sua abordagem em torno da importância da Educação, Divaldo nos leva a uma viagem no tempo em quase 5.000 anos para Teotihuacan – Cidade dos Deuses – próximo à Capital do México. De maneira poética Divaldo utiliza-se da figura de um antigo Xamã do Povo Tolteca (Os Toltecas viveram há muitos milhares de anos e habitavam as regiões onde hoje se situa o México e em algumas áreas do atual Panamá).
Os Xamãs Toltecas elaboraram um método educacional permitindo ao povo assumir uma nova postura na vida mediante o desenvolvimento de um comportamento onde as pessoas deveriam assumir quatro compromissos em todas as atitudes na vida para consigo, com o próximo e para com a Força Geradora. 1
E Divaldo enumera esses compromissos:
1. SEJA IMPECÁVEL COM A SUA PALAVRA: A impecabilidade da palavra é o de dizer sempre a verdade. Sendo o primeiro compromisso entende-se ser o de maior importância uma vez que a palavra é o mais poderoso instrumento que possuímos, e tanto pode ser usado para nos escravizar ou expressando nosso poder criativo.
2- NUNCA TOME PARA SI AQUILO QUE É DIRIGIDO PARA OS OUTROS - NÃO LEVE, NUNCA, A MÁGOA DENTRO DO SEU CORAÇÃO. : Não levar em consideração os comentários e ofensas a nós dirigidas sem uma criteriosa análise e, principalmente, não levar nada para o campo pessoal, não permitindo, assim, que a mágoa e o ressentimento façam morada em nosso íntimo, que se tornam tóxicos corrosivos a dilapidar nossa saúde.
3- NÃO TIRE CONCLUSÕES SOBRE NADA: O conhecimento não tem ponto final, ele prossegue, razão pela qual devemos estar sempre aberto a revisões e alterações dos nossos conceitos. Temos o hábito de tirar conclusões sobre tudo que nos chega à percepção. A conclusão equivocada passa a ser considerada como “verdade” e, então petrificamos nossa opinião de que aquilo que pensamos é verdadeiro e tiramos conclusões sobre o que os demais fazem.
4- QUANDO VOCÊ FIZER ALGO, FAÇA-O MUITO BEM, DANDO SEMPRE O MELHOR DE SI: Este compromisso deve ser incorporado na mente e no seu comportamento. Dê sempre o melhor de si em tudo o que você faz. Em qualquer circunstância devemos fazer o melhor possível e sem esperar qualquer recompensa, posto que temos o hábito de esperar o reconhecimento pelas nossas ações e quando este não nos chega no prazo que ansiamos, nosso ímpeto e dedicação vai diminuindo de intensidade, portanto, não aguarde recompensa por agir corretamente. Simplesmente faça o seu melhor e assim a sua satisfação interior será a sua maior recompensa.
Efetuado esse introito, Divaldo segue agora um paralelo entre esses compromissos e a jornada de iluminação interior da criatura, a qual demanda um grande percurso, a ser vencido com sacrifício e vontade bem direcionada, somente possível com uma base moral conquistada pela educação formando valores éticos e capaz de enfrentar todos os desafios dessa longa viagem.
Partindo da citação de Pitágoras - Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos – Divaldo faz uma completa, conquanto breve, digressão na evolução da Educação indo desde os santuários esotéricos da antiga Índia – as Gurdwara - passando pelas doutrinárias iniciáticas do Egito antigo. Divaldo segue a excursão pela história da Educação humana passando por Creta, Atenas e as figuras de Sócrates, Platão e Aristóteles. Avançando um pouco mais Divaldo menciona o Imperador Adriano que teve a iniciativa de criar escolas com caráter social e público adotando os métodos pedagógicos dos filósofos gregos, notadamente de Sócrates para quem Educar (do Latim educere) quer dizer eduzir, ou seja, extrair ou conduzir para fora. Educar não é impor. É desenvolver o que já existe no educando.
A educação consiste em desenvolver valores morais e que resultam na mudança de comportamento frente a alguma instrução ou informação adquirida.
Não é a instrução simplesmente uma vez que Instruir consiste em ensinar e transmitir conhecimentos e ou saberes práticos a alguém. A instrução se refere à formação intelectual.
Por fim, Divaldo chega aos luminares dos métodos educacionais que vai de Jean Jacques Rousseau e culmina com Johann Heinrich Pestalozzi que norteia sua metodologia pelo seguinte pensamento: O amor é o eterno fundamento da educação. Chega-se, por fim a Maria Montessori que enfatiza a base da lídima educação: “A primeira ideia que uma criança precisa ter é a da diferença entre o bem e o mal. A principal função do educador é cuidar para que ela não confunda o bem com a passividade e o mal com a atividade”.
 Divaldo passa a destacar o Prof. Hippolyte-Leon Denizard Rivail discípulo educacional de Pestalozzi e a Doutrina Espírita que muito mais do que falar exclusivamente da imortalidade da alma. O Espiritismo não deve abandonar a educação moral e ética – “Não a educação intelectual, mas a educação moral, mas a que consiste na arte de formar o caráter, que dá os hábitos: porque educação é o conjunto dos hábitos adquiridos”.
Respondendo a Kardec, os Espíritos Sublimes da Humanidade ensinaram: “Uma sociedade depravada certamente precisa de leis severas. Infelizmente, essas leis mais se destinam a punir o mal depois de feito, do que a lhe secar a fonte. Só a educação poderá reformar os homens, que, então, não precisarão mais de leis tão rigorosas.” (Questão 796 de O Livro dos Espíritos).
Reforçando – ainda mais – a importância do desenvolvimento moral Divaldo cita o ensinamento dos Espíritos Superiores: “Aquele que pode ser, com razão, qualificado de espírita verdadeiro e sincero, se acha em grau superior de adiantamento moral. Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap.17, Sede Perfeitos, Os Bons Espíritas).
Assim, a educação moral se apresenta como sendo a solução para os problemas que vive a Sociedade, e, portanto, devendo ser tratada como prioridade máxima.
Para emoldurar os conceitos em torno da Caridade, fora da qual não há salvação, Divaldo passa a narrar a comovente história de Conceição e Lia por ocasião de um, entre muitos encontros com Chico Xavier. 2
É a narrativa de avó e neta marcadas pela expiação acerba, mas libertadora porque vivida com resignação, e que culmina com o resgate de crimes que ambas praticaram por ocasião do reinado de Filipe II da Espanha de 1.556 até 1.598.
A emoção a todos dominava. A importância da aquisição e vivência dos valores morais conforme preconizado por Jesus e luarizados pela Doutrina Espírita tocou a todos, pois foi possível conscientizar-se com, com muita facilidade, observando o panorama humano, a existência de um desequilíbrio muito grande entre educação formal e educação moral, conforme nos ensinam os Espíritos Tutelares da Humanidade:

“De todas as imperfeições humanas, o egoísmo é a mais difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria. O egoísmo se enfraquecerá à proporção que a vida moral for predominando sobre a vida matéria”.
“... Contudo, ela só se obterá se o mal for atacado em sua raiz, isto é, pela educação, não por essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas pela que tende a fazer homens de bem. A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral”. Questão 917 de O Livro dos Espíritos (Qual o meio de destruir-se o egoísmo?).

1 Esse método educacional da civilização Tolteca pode ser encontrado em o livro Os Quatro Compromissos do autor americano-mexicano tolteca Miguel Ruiz da Editora Best Seller.
2 Essa narrativa, foi publicada em a revista O Reformador – Ano 123 — Nº 2114-A — Maio 2005. Anexo III, pág. 33 em artigo assinado por Divaldo Pereira Franco. Transcrição do texto desse artigo está sendo disponibilizado no formato PDF como anexo (e-mail).