domingo, 9 de fevereiro de 2020

Divaldo Franco - Seminário Vidas Vazias - Parte 1

São Paulo 07 de fevereiro de 2020
Entre os dias 07 e 09 de fevereiro de 2020, como ocorre – bi anualmente - há mais de vinte anos, o Hotel Jaraguá, no centro da cidade de SP foi escolhido para recepcionar os mais de 300 participantes do Encontro com Divaldo Franco, organizado pelo Centro Espírita Bezerra de Menezes de Santo André. Desta vez foi eleito o tema “Vidas Vazias”.
Divaldo dá início ao desenvolvimento do tema referindo-se ao comportamento agressivo e niilista da Sociedade humana. Em seguida Divaldo cita o filósofo grego Sócrates (469-399 a.C.) e a visita ao Oráculo de Delfos no qual está inscrito no pórtico a frase “Conhece-te a ti mesmo”.
Cerca de 23 séculos mais tarde, Allan Kardec – em O Livro dos Espíritos - indaga na questão 919: Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?
Os Espíritos Superiores respondem: “Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo”.
O que é que – realmente - nos falta, pois a palavra “VAZIO” evoca um espaço determinado para o qual há lugar para ser preenchido, mas com o quê?
Para ilustrar essa questão, Divaldo refere-se aos fatos envolvendo o médico psiquiatra austríaco Dr.Viktor Emil Frankl (1905-1997) fundador da escola da Logoterapia, que explora o sentido existencial do indivíduo e a dimensão espiritual da existência.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Dr. Frankl, junto com toda a família, é feito prisioneiro e levados aos campos de concentração.
Após longos anos de subalimentação e maus tratos o Dr. Frankl adoece, o que representava uma sentença de morte, pois os nazistas encaminhavam os incapazes para as câmaras de extermínio. Para evitar que isso ocorresse o Dr. Frankl se mantém consciente e em pé e ocupando a sua mente e escrevendo – com papéis roubados do escritório do administrador nazista -  seu livro que pretendia publicar um dia para testemunhar os horrores do Holocausto.
De retorno a Viena, o Dr. Viktor Frankl volta a clinicar e publica uma obra autobiográfica intitulada Em busca de Sentido: Um Psicólogo no Campo de Concentração. Alguns anos mais tarde publica o livro “O Homem em Busca de Sentido”.
“Se percebemos que a vida realmente tem um sentido, percebemos também que somos úteis uns aos outros. Ser um ser humano, é trabalhar por algo além de si mesmo. A vida para ser digna tem que ter um objetivo”.
Partindo da premissa de que a viagem de iluminação interior – o conhece-te a ti mesmo - se alonga por uma larga trajetória, a ser vencida com sacrifício e vontade bem direcionada Divaldo ilustra a questão tomando como referência o livro “Os Quatro Compromissos” do autor americano-mexicano tolteca Miguel Ruiz.
Possuidor de uma extraordinária cultura, Divaldo nos esclarece que o povo Tolteca viveu há cerca de 5.000 anos habitando as regiões onde hoje se situa o México e o Panamá.
Vários filósofos e cientistas Toltecas se concentraram na cidade de Teotihuacán, com o propósito de estudar a sabedoria espiritual de seus antepassados que era encarada como uma fonte Divina de felicidade e amor demonstrando que a ética contemporânea é tão remota quanto a arte de pensar que um dia ergueu uma criatura do barro carnal e elevou-a às culminâncias do Universo, mediante a constatação de que a vida está vinculada a quatro compromissos morais e que a verdadeira felicidade é consequência daquilo que se pensa e depois daquilo que se emite (verbal ou graficamente).
Os Xamãs Toltecas elaboraram um método permitindo ao povo assumir uma nova postura na vida mediante o desenvolvimento de um novo comportamento onde as pessoas deveriam assumir quatro compromissos em todas as atitudes na vida para consigo, com o próximo e para com a Força Geradora:
1. SEJA IMPECÁVEL COM A SUA PALAVRA: A impecabilidade da palavra é o de dizer sempre a verdade. Sendo o primeiro compromisso entende-se ser o de maior importância uma vez que a palavra é o mais poderoso instrumento que possuímos, e tanto pode ser usado para nos escravizar ou expressando nosso poder criativo.
É na palavra que está centrada a nossa estrutura ético-moral (A boca fala do que está cheio o coração. Jesus - Mateus 12:34).
A palavra tem uma importância inimaginável, pois pela força do verbo materializamos nossos pensamentos e estes, uma vez materializados, nos trarão benefícios ou prejuízos, e igualmente todos que nos ouviram. A palavra não é apenas um som ou um símbolo gráfico ou pictórico que se lê.
A palavra exprime força, energia e tanto constrói como destrói.
Jesus, Modelo e Guia da humanidade atento a isso nos ensinou: Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna. Mateus 5:37.
Jesus já deixava muito claro que somente possui a palavra impecável, aquele que tem uma vida impecável.
2- NUNCA TOME PARA SI AQUILO QUE É DIRIGIDO PARA OS OUTROS - NÃO LEVE, NUNCA, A MÁGOA DENTRO DO SEU CORAÇÃO. : Não levar em consideração os comentários e ofensas a nós dirigidas sem uma criteriosa análise e, principalmente, não levar nada para o campo pessoal, não permitindo, assim, que a mágoa e o ressentimento façam morada em nosso íntimo, que se tornam tóxicos corrosivos a dilapidar nossa saúde.
3- NÃO TIRE CONCLUSÕES SOBRE NADA: O conhecimento não tem ponto final, ele prossegue, razão pela qual devemos estar sempre aberto a revisões e alterações dos nossos conceitos. Temos o hábito de tirar conclusões sobre tudo que nos chega à percepção. A conclusão equivocada passa a ser considerada como “verdade” e, então petrificamos nossa opinião de que aquilo que pensamos é verdadeiro e tiramos conclusões sobre o que os demais fazem.
4- QUANDO VOCÊ FIZER ALGO, FAÇA-O MUITO BEM, DANDO SEMPRE O MELHOR DE SI: Este compromisso deve ser incorporado na mente e no seu comportamento. Dê sempre o melhor de si em tudo o que você faz. Em qualquer circunstância devemos fazer o melhor possível e sem esperar qualquer recompensa, posto que temos o hábito de esperar o reconhecimento pelas nossas ações e quando este não nos chega no prazo que ansiamos, nosso ímpeto e dedicação vai diminuindo de intensidade, portanto, não aguarde recompensa por agir corretamente. Simplesmente faça o seu melhor e assim a sua satisfação interior será a sua maior recompensa.
Divaldo aprofunda a sonda de suas análises e ilustra – com a força poderosa do pluralismo de seu conhecimento – e aborda a questão da Religião.
Pouco mais de 11% da população mundial declara NÃO professar nenhuma religião, significando que mais de 6.600.000.000 pessoas creem em Deus, independentemente da nomenclatura.
Então, por qual razão a humanidade enfrenta essa situação? Seriam os 11% de ateus os únicos responsáveis por essa condição?
O problema não é a falta de Religião, mas a ausência ou a precariedade da RELIGIOSIDADE das criaturas humanas, muito mais preocupadas em atender aos dogmas – muitos provados pela Ciência como inverossímeis – da Religião professada, em detrimento dos conceitos morais mais profundos e libertadores. O próximo é – agora – o inimigo a ser destruído, moralmente ou até mesmo fisicamente,
Pessoas portadoras de profundos conflitos e devastadores complexos, vazios de conteúdo moral desrespeitam os símbolos religiosos dos demais e incapazes de ombrearem com as figuras impolutas – Gigantes morais e referência de amor – buscam arrastá-las para o lixo moral e o monturo existencial em que chafurdam.
Preparando os ânimos para os dias subsequentes Divaldo faz um convite aos participantes: Que reflitam sobre qual é a razão existencial que move a cada um de nós e que elejam um ideal:
— Eu me prometo que nesses três dias eu vou me sentir feliz.
    Fotos: Edgar Patrocinio
    Texto: Djair de Souza Ribeiro


(Informações recebidas em email de Jorge Moehlecke)