sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Registro. Divaldo Pereira Franco na Tunísia

1º de dezembro de 2014

Na parte da tarde do dia 1º de dezembro fomos visitar as ruínas do anfiteatro romano de El Jem, uma cidade no nordeste da Tunísia, a cerca de duzentos quilômetros da capital, Túnis. O El Jem é o maior anfiteatro da África e o quarto do mundo, com uma capacidade de 35.000 pessoas.
Todos se encontravam expectantes. Aquele velho anfiteatro escondia entre as suas pedras a história de um grande e esplêndido período, a história de Roma, de um império... em seu esplendor houve o derramamento do sangue de centenas de cristãos. Estávamos ali, e todos sentíamos uma grande expectativa. Mais de dois mil anos se passaram. Aquelas ruínas sobreviveram, apesar das guerras e tumultos que ali aconteceram!
Caminhávamos lentamente, observávamos os vestígios aparentes. Aquelas pedras, embora silenciosas, tinham a capacidade de transmitir o clamor distante de um povo acostumado a se divertir com o derramamento de sangue dos mártires e gladiadores. A brisa suave despertou as lembranças de recordações sem memória, chorávamos lágrimas secas.
Junto às pedras começamos a leitura de um texto evangélico. A oração de abertura foi realizada por Xavi Llobet, suas palavras sábias e sensatas projetavam em cada um de nós a luz da recordação, a preparação para o banquete espiritual. Então, Divaldo com a sua generosa eloquência teceu comentários, lentamente, sobre o advento do Espírito da Verdade, cujo capítulo foi aberto aleatoriamente, calando fundo em nossas almas.
Foi emocionante! Quase não nos atrevíamos a respirar para que o jovem octogenário não perdesse o fio do estudo comovedor. As pedras duras sobre as quais nos sentávamos apoiavam-nos silenciosamente para que escutássemos as lúcidas palavras proferidas por Divaldo. A história nos rodeava, ora melancólica, ora alegre. Recordávamos, então, que a sua alma, de Divaldo, foi sempre feliz, e que aquelas pedras guardavam as reminiscências daqueles que por ali passaram.
Foi um momento em que o tempo parou para todos nós, e o espaço perdeu a sua dimensão. Estávamos no meio da dissertação evangélica, em um estado que você só pode alcançar quando a fé desperta a alma do ser em evolução. A palavra de Divaldo nos transportou no espaço atemporal, ao momento crucial quando a humanidade discutia no passado os seus vícios, e hoje debate sobre sua nova fusão, a da intuição e a do sentimento.
O sol começou a dizer adeus com um sorriso maroto, foi o momento em que terminou o estudo de o Evangelho. Uma chuva de cores energéticas desceu sobre nós, fortalecendo a nossa esperança no futuro, quando Divaldo, com sua voz vibrante, entoou uma bela oração. Todos nós sentimos que momentos como aqueles são os que fazem a diferença entre o homem velho que já se vai, e o ser novo que desperta para a imortalidade do Espírito.
                                 Texto em Espanhol: Longina
                                 Fotos Manuel Cemyd
                                 Texto em Português: Paulo Salerno

(Informações recebidas em email de Jorge Moehlecke)


Artigo por Divaldo Pereira Franco: A arte da conversação

Publicado no jornal A Tarde - 04/12/2014

Uma delicada e significativa arte no relacionamento entre as criaturas humanas é conversação. Cada vez diminui a conversação verbal, substituída pelos admiráveis instrumentos da moderna tecnologia virtual, que se transformaram, sem que hajam dado conta aqueles que os utilizam, em verdadeiro tormento, em fator desencadeante da ansiedade. Deseja-se estar em todo lugar ao mesmo tempo e participar-se de tudo numa volúpia insana de vivenciar-se apenas o prazer imediatista e devorador, que sempre cede lugar a outras experiências afligentes.
Os tormentos pessoais aumentam e os diálogos são normalmente virtuais, sem o calor humano da convivência, de estar-se ao lado, de sentirem-se as emoções edificantes que nutrem os sentimentos. Como consequência, a arte da conversação coloquial e iluminativa, instrutiva e consoladora, que esclarece e debate com respeito, cede lugar às discussões intérminas, às agressões verbais e aos disparates, porque os indivíduos, ao invés de amar-se uns aos outros, estão armados uns contra os outros.
Muita falta fazem o diálogo pessoal, a conversa proporcionadora de júbilos, a presença física do outro com quem se comunica, observam-se-lhe as reações e sentem-se-lhe os sentimentos reais. As máscaras bem cuidadas do personalismo e do exibicionismo disfarçam, ocultam o self, em apresentações fascinantes que agradam, porque se expressam em fantasias e anseios incontidos, logo tombando ou diluindo-se ante o contato pessoal, o estar com o outro... Tal conduta leva aos relacionamentos descartáveis, às dificuldades de comunicação, aos desafetos.
Esforça-te por voltar a conversar em paz e sabedoria, a iluminar consciências e a iluminar-te também. Torna a tua palavra um poema de bondade e de carícia, a fim de que haja mais ternura e compreensão entre todos os seres humanos. A palavra que enuncies seja a expressão dos teus sentimentos superiores, capaz de estimular, orientar e tornar feliz aqueles a quem a dirijas.
 
Divaldo P. Franco

Divaldo Franco escreve na quinta-feira, quinzenalmente. 
Achou interessante? passe um e-mail ou ligue para os  nºs  abaixo e comente, isso é muito importante para a permanência da coluna no referido jornal.
Central Telefônica: (71) 3340 - 8500 -            
Redação:   (71) 3340 - 8800
(Texto recebido em email s de Lucas Milagre e de Jorge Moehlecke [jorgejhm@terra.com.br])