domingo, 18 de fevereiro de 2018

Registro. Divaldo Pereira Franco em Tupaciguara, MG


15-02-2018

Texto: Djair de Souza Ribeiro - Fotos: Sandra Patrocínio
A Aliança Municipal Espírita de Tupaciguara e a APAE patrocinaram a presença de Divaldo Franco naquela municipalidade para uma série de atividades.
Antes da Conferência Espírita, Divaldo Franco descerrou a placa que inaugurava o Memorial "João Custódio e Maria Clara", nas dependências da APAE. No mesmo local, Divaldo foi homenageado pelos vereadores e recebeu a placa de Cidadão Honorário tupaciguarense, em reconhecimento aos serviços prestados à comunidade.
Às margens do Mar da Galileia erguia-se uma pequena cidade, pouco maior que uma aldeia, identificada pelo nome de Cafarnaum, local onde se situava a casa de Simão Pedro e escolhida por Jesus para início de sua tarefa, por amar a doce cidade.
Suas águas eram prodigiosas e abundantes excelentes para a pesca, razão pela qual, eram disputadas pelos pescadores.
Para emoldurar e lastrear todo o aprendizado moral da conferência, Divaldo Franco se serve das anotações do Evangelista Marcos, capítulo e versículos de 1 ao 12, e utilizando todo amor, carinho e conhecimento, nos leva em uma viagem extraordinária a testemunhar os fatos ocorridos naquele dia longínquo.
Naquela manhã, a presença de Jesus em Cafarnaum repercutiu por toda a cidade que comentava as notícias das curas realizadas pelo Mestre o que resultava na aglomeração de curiosos e aflitos da região e por essa razão a humilde casa de Pedro havia sido invadida por grande número de pessoas.
O dia já ia avançado, quando um grupo tentou chegar à porta da residência carregando nos braços um conhecido paralítico da pequena cidade. Tratava-se de Natanael ben Elias, que carregava – por 25 anos – aquela paralisia incapacitante.
A massa compacta que se acotovelava diante da casa do Pescador não cedeu espaço impedindo que os amigos levassem Natanael até a presença de Jesus. Decidido, porém, a encontrar com o Mestre Nazareno, Natanael pediu aos amigos que subissem por uma escada lateral que levava à claraboia existente no alto da casa e por ali – com o uso de cordas – o baixassem ao interior da casa.
Pousando suavemente aos pés de Jesus o paralítico de Cafarnaum voltou seu olhar para Jesus, que após um ligeiro instante lhe perguntou:
— Natanael ben Elias, acreditas que eu possa te curar?
— Sim, creio.
***
Nesse ponto da Conferência, Divaldo interrompe a narrativa e complementa com informações referente a fé manifestada por Natanael ben Elias diante da pergunta de Jesus.
Divaldo nos fala a respeito de um trabalho do médico e pesquisador Dr. Bernie Siegel que adotou a técnica das 4 fés para auxiliar pacientes com doenças consideradas terminais:
1. A fé em Deus. Aquele que crê em Deus logra encontrar o apoio psicológico e o estímulo para suportar as dores e dificuldades da terapia como a quimio ou radioterapia.
2. A fé no Médico: Por razões óbvias se o paciente não confia no médico, duvidara igualmente da terapia ou da técnica que ele utiliza. Psicologicamente analisando esta postura é o inconsciente do paciente colidindo com o seu consciente.
3. A fé na Terapia: É a certeza de que a terapia lhe fará bem e passará a contribuir favoravelmente. Jesus sempre que atendia aos doentes que lhe procuravam para obter o “milagre” da cura era questionado pelo Rabi Nazareno: - Tu crês que eu te possa curar? Assim agindo tinha início a aplicação de uma “egoterapêutica” pois se eu tenho certeza de que o que desejo acontecerá, eu já começo a trabalhar para que isso ocorra.
Tudo começa na mente, para depois se transformar em verbalização e posteriormente em ação
4. A fé em si mesmo: Eu vou curar-me! Eu estou canceroso, mas não sou canceroso, pois quem É (algo ou alguma coisa) não vê alternativa ou saída. Já aquele que ESTÁ enfrenta uma situação transitória e temporária.
Divaldo acrescenta uma 5º Fé. A crença nos Espíritos médicos que estão no além como o Dr. Bezerra de Menezes.
Logo após essa esclarecedora digressão Divaldo segue com a narrativa do encontro entre Jesus e Natanael.
***
Atônito por ter sido chamado pelo nome pois que nunca houvera tido contato com Jesus antes – perguntou-Lhe:
— Como sabes o meu nome? Conheces-me?
E a resposta do Mestre não foi de toda compreendida por Natanael.
— Eu te conheço desde há muito, pois sou o bom Pastor que conhecer uma a uma as ovelhas que Deus me confiou.
Em seguida de forma doce, mas imperativa Jesus ordenou:
— Ergue-te. Pegue tua cama e retorna à tua casa.
Com o coração descompassado de ansiedade, Natanael ergueu-se e extravasou todo seu contentamento gritando ao descobrir-se livre da paralisia que tanta amargura havia lhe trazido e, ainda, sob o impacto emocional deixou o lar de Simão Pedro sem reflexionar no que houvera lhe sucedido.
Nem bem Natanael afastara-se e ouviu-se a súplica de uma mãe trazendo nos braços uma menina de 8 anos cega, pedindo ao Mestre Jesus que lhe devolvesse a visão. Tomado de compaixão Jesus impôs Suas mãos e a menina passou a ver abandonando a escuridão que fora sua companheira desde o nascimento.
Em seguida outro doente clamou por socorro à saúde debilitada e mais outro e ainda mais um num cortejo interminável de súplicas atendidas pela misericórdia e compaixão típicos de um Amor incondicional.
O sol que se punha no horizonte veio lançar suas derradeiras luzes sobre Jesus que buscara recomposição das forças junto da beira do lago. Pedro aproximando-se constatou que Jesus chorava silenciosamente e imaginando que aquelas lágrimas eram de alegria pelas maravilhas realizadas o humilde Pescador questionou o Mestre se aquele pranto era de felicidade.
— Não são lágrimas de felicidade. Choro, mas de tristeza – respondeu Jesus – pois muitos daqueles que curei retornaram aos vícios anteriores, e assim, em breve período voltarão às angustias conhecidas. Próximo dali Natanael ben Elias - junto dos amigos e de mulheres equivocadas que os cercavam – comemorava a cura da paralisia embriagando os sentidos de sensações e prazeres.
— Não vim para curar corpos mutilados pela própria incúria do doente, mas para curar almas. Minha proposta – continuou Jesus a Pedro – é de oferecer o caminho para que a criatura que decidir trilhá-lo não mais adoeça.
As doenças – segue Divaldo completando a abordagem moral – não são castigos divinos ou acidentes fortuitos do acaso, mas, ao contrário são os meios pelos quais se serve a Divindade para educar o Espírito rebelde e contraventor das leis divinas com o objetivo de reeducação, para que não tornemos a cometer os mesmos desvarios.
Trata-se de um método eficaz, mesmo que aparentemente severo, mas que uma vez aprendida a lição liberta o Espírito das injunções mais infelizes, devolvendo-o ao carreiro de sua evolução, agora mais consciente.
E para exemplificar essas considerações consoladoras, Divaldo compartilha conosco mais uma de suas inolvidáveis vivências, relatando a história de uma paupérrima mulher frequentadora assídua da Mansão do Caminho que apresentava dificuldades de compreensão e outras físicas além de não possuir dentes na boca.
Julia – era esse o seu nome - compunha uma figura que gerava uma quase automática repulsa para aqueles que veem somente o corpo físico.
Os maus tratos da vida devido a sua condição socioeconômica acabaram produzindo a sua desencarnação. Após providenciar o necessário para o sepultamento do cadáver e obedecido o intervalo de tempo exigido, o corpo sem vida de Julia foi levado à sepultura e no exato instante que a urna funerária baixava na cova, Divaldo viu um Espírito belo sem as marcas de quaisquer limitações se desprender dos despojos mortais e surgir diante da sua visão psíquica.
Trajava-se como uma dama da corte espanhola do Século XVI e dirigindo-se a ele disse em perfeito espanhol:
— Hola Divaldo. Soy yo, Julia (Olá tio Divaldo sou eu Júlia).
Menos de 20 horas após sua desencarnação, Julia voltava, fisicamente harmoniosa e o mais importante com os valores morais reformulados e agora respeitadora das Leis Divinas.
Julia – completa Divaldo – fora uma ativa participante da Inquisição espanhola descobrindo e delatando judeus – somente os ricos - para poder ficar com parte da fortuna dos mesmos.
Enternecendo os corações dos presentes Divaldo narra que na estrada que o trazia até Tupaciguara apareceu-lhe o Espírito de João Custódio Machado sem as manifestações físicas que lhe caracterizaram o corpo encarnado, mas que não foi capaz de incapacitá-lo ao trabalho de socorro ao próximo e à caridade.
Enfatizando que devemos pedir a Deus e aos Bons Espíritos que nos de força para suportar nossas dificuldades com resignação – sem revolta – e agradecer pela oportunidade de resgatarmos nossos equívocos passados.
Enfatizando a necessidade da gratidão Divaldo encerra a conferência com o poema da Gratidão de autoria do Espírito Amélia Rodrigues.