quinta-feira, 17 de março de 2016

Registro. 6º Conferência da Federação Espírita da Flórida. Orlando, FL, EUA

                                                                                               Divaldo Pereira Franco




12 e 13 março 2016

A Conferência da Federação Espírita da Flórida iniciou sua sexta edição no último sábado, 12 de março, tendo como sede a cidade de Orlando, no Estado da Flórida, EUA, em anexo resumo
e algumas fotos.
     Abraço, Jorge Moehlecke


6a. CONFERÊNCIA DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA DA FLÓRIDA - 2016
“Desvelando A Morte, O Céu E O Inferno”

A Conferência da Federação Espírita da Flórida iniciou sua sexta edição no último sábado, 12 de março, tendo como sede a cidade de Orlando, no Estado da Flórida, EUA.

O evento ocorreu no “Darden Auditorium, com capacidade para 420 pessoas - totalmente esgotada-, que pertence ao campus da “University of Central Florida - Rosen College of Hospitality Management”.

No primeiro dia de atividades doutrinárias, o público, proveniente de diversas partes dos Estados Unidos e de outros países, pode acompanhar as palestras de Haroldo Dutra Dias, Daniel Assis e Divaldo Pereira Franco.

Abrindo os trabalhos pela manhã, o Dr. Haroldo Dutra Dias discorreu sobre o tema “Justiça Divina: O Código Penal da Vida Futura”, analisando o conteúdo da terceira parte do capítulo VII, da obra “O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec. Fundamentado na proposição kardequiana que assevera que cada indivíduo receberá da vida os efeitos das  próprias obras, seja na Terra como no mundo dos Espíritos, Dr. Haroldo discorreu sobre a imortalidade da alma, a lei de causa e efeito, a lei divina, as imperfeições morais como causa direta de nossos sofrimentos, a transformação moral dos indivíduos, o processo de reparação de nossos equívocos e de erradicação de nossas más inclinações.

Na sequência, Daniel Assisi falou sobre o tema “A Passagem”, embasado no capítulo I , da segunda parte da já citada obra “O Céu e o Inferno”, analisando, dentre outros tópicos, o processo de desencarnação, a percepção e as sensações de cada indivíduo na transição da vida física para a vida espiritual, as causas dos possíveis sofrimentos no passamento, a relação entre a conexão mais ou menos intensa do períspirito com o corpo físico e o processo de desencarnação e a influência do desenvolvimento moral do Espírito sobre o mesmo processo.

No período da tarde, Daniel Assisi proferiu a palestra: “O umbral é uma versão moderna do inferno?”  O início de sua apresentação trouxe um estudo comparativo da compreensão do inferno pelas principais doutrinas filosóficas e religiosas ancestrais, demonstrando o quanto, de alguma forma, muitos de nós ainda estamos impregnados dessas ideias mitológicas. Em sua análise, esclareceu que, quase invariavelmente, as doutrinas que pregam a existência do inferno relacionam a presença de almas nesse ambiente com transgressões a leis divinas praticadas por aqueles indivíduos. Avançando em sua exposição, Daniel apresentou o conceito espírita de inferno, contido na obra “O Céu e o Inferno”, de Kardec, e de umbral, presente na obra “Nosso Lar”, do Espírito André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier. O umbral, segundo explicado, seria uma região destinada ao esgotamento de resíduos mentais deletérios, onde os Espíritos ainda perturbados permaneceriam até atingirem condições mínimas para habitarem esferas superiores. Seria, então, uma região meramente de transição, “habitat” temporário daqueles Espíritos, uma vez que a lei divina é de progresso para todos os seres. O ponto fundamental apresentado na conferência foi que o Espírito é dotado de inteligência e possui em si a lei divina a indicar-lhe o caminho da plenitude, sendo livre para realizar as próprias escolhas, com a obrigação de assumir a responsabilidade perante os seus atos, e com a possibilidade inesgotável de sempre refazer caminhos, adotar novas atitudes, no seu processo constante de aprendizagem e aperfeiçoamento intelecto-moral e espiritual.

A conferência de encerramento do sábado ficou a cargo do médium Divaldo Franco, que discorreu sobre o tema “O Céu Aqui, Agora e Amanhã”.

Sua apresentação partiu da análise que o codificador do Espiritismo, Allan Kardec, fez a respeito da criatura humana: sua origem, natureza e destinação após a morte física. 

Considerando que a vida espiritual é um fato da Natureza, esclareceu que foi Kardec quem aprofundou as investigações científicas em torno da imortalidade do ser, apresentando o até então desconhecido mundo dos Espíritos, por meio das experiências mediúnicas, sem as fantasias, superstições e falsas ideias que existiam sobre o tema, isto é, desmistificando os conceitos de maravilhoso e sobrenatural, para revelar esse reino espiritual como uma das dimensões da realidade existencial pertencentes aos fenômenos naturais.

Seguindo com sua explicação, destacou que a vida do Espírito é una, tendo sido criado simples e sem conhecimento, para que adquirisse experiência, conhecimento e valores morais positivos por meio de esforços pessoais nas múltiplas reencarnações ( ou existências físicas sucessivas), utilizando-se, para isso, de diferentes corpos físicos, até que atinja a perfeição relativa a que todos estão destinados.

Tais experiências físicas seriam, então, fundamentais para fomentar o progresso do ser humano, como indivíduo e também coletivamente, não apenas através do aprendizado adquirido no enfrentamento das vicissitudes da vida, mas, ainda, pelo fato de poder concorrer para a obra geral do bem e, com isso, adiantar-se moral e espiritualmente.

Divaldo recordou-nos que as jornadas reencarnatórias  para Espíritos que ainda não atingiram a perfeição são, normalmente, marcadas por dificuldades de variada ordem, alguns ou muitos deslizes morais, que acabam por gerar desequilíbrios psicológicos e energéticos no ser espiritual e comprometendo, em razão da lei de causa e efeito, o seu futuro.

Nesse ponto da conferência, foram abordadas as diferentes propostas filosóficas e religiosas sobre céu, inferno e purgatório, conforme constante da quarta obra da codificação espírita, “O Céu e o Inferno”, demonstrando-se que esses termos representam, em verdade, estados de consciência do ser humano, de equilíbrio ou desequilíbrio, de paz ou de tormento interior, de alegria ou de sofrimento, e não espaços geográficos.

Tomando como base de reflexão a proposta espírita sobre céu e inferno, o médium asseverou que cumpre-nos buscar a melhor forma de evitarmos os estados de consciência perturbadores e adquirirmos uma consciência pacificada e feliz e que isso somente seria possível mediante a vivência do Amor, consoante a mensagem contida no Evangelho de Jesus.

Referindo-se à obra “Jesus Psicoterapeuta”, da reconhecida psicóloga alemã Hanna Wolff, foi afirmado que ninguém nunca falou sobre o Amor como Jesus o ensinou e exemplificou, porque Ele estabeleceu a lei de Amor não como mera mensagem de cunho religioso, senão como verdadeira proposta psicoterapêutica de profundidade, capaz de sanar nossos desequilíbrios morais, psicológicos e espirituais mais graves.

Divaldo prosseguiu em suas considerações a respeito da inferioridade espiritual dos indivíduos que habitam a Terra, elucidando sobre a sombra que quase todos trazemos interiormente, dentro da concepção junguiana, e sobre o ego a sobrepor-se ao Self (ser profundo), sendo necessário iluminar o mundo íntimo com o conhecimento e a vivência das leis divinas, especialmente no que tange a experiência do autoperdão, que é uma das formas de manifestação do Amor.

Para ilustrar sua dissertação, o orador narrou a história de Ilse, uma senhora polonesa, sobrevivente do Holocausto, que foi paciente do psicanalista estadunidense Dr. James Hollis, e cujo caso foi descrito no livro “Os Pantanais da Alma”, de autoria do referido terapeuta. Essa senhora procurou o Dr. Hollis para uma única consulta, na qual apresentaria o seu drama, segundo ela mesma, não para que ele a orientasse ou tratasse, mas tão-somente para que fosse ouvida. Tendo-lhe enviado uma foto previamente à sessão, Ilse esclareceu-o quanto àquela imagem. Ela foi presa em sua cidade natal, na Polônia, e, embora cristã, foi levada para o campo nazista de Majdanek. Durante a separação dos presos, quando alguns seriam enviados para o grupo de trabalhos forçados e outros para a câmara de gás letal, avistou à sua frente uma mãe com duas crianças pequenas. Essa mãe fora selecionada para o primeiro grupo e as crianças, para a morte. Na sequência, Ilse foi também selecionada para o grupo de trabalhos forçados, mas o soldado impôs-lhe uma condição: conduzir as crianças até a câmara, o que fez. No exato momento em que assim procedia, alguém tirou uma foto , que somente muitos anos mais tarde, já vivendo nos EUA, ela teria oportunidade de vê-la, o que lhe traria de volta todo o conflito de culpa que havia conseguido abafar ao longo do tempo. Cerca de cinquenta anos depois do Holocausto, o seu “inferno” continuava a ser a memória daquilo que considerava ter sido uma covardia moral de sua parte; era a chamada síndrome do sobrevivente. Após mudar-se para os Estados Unidos, tentou ser judia, mas não adaptou-se à doutrina. Mesmo assim, manteve a lembrança de que, naquela cultura, dizia-se que alguém poderia libertar-se da culpa por misericórdia dos “céus”, caso 24 pessoas justas lhe ouvissem a história. Por isso, buscou o Dr. Hollis.

Divaldo também narrou uma vivência pessoal para mostrar o poder do perdão, do autoperdão e do Amor, descrevendo um processo de obsessão espiritual que sofreu por mais de 40 anos, resultado de um evento ocorrido em uma reencarnação remota, na qual seu comportamento teria magoado profundamente o Espírito que o perseguia nesta existência. Em determinada oportunidade, sentindo-se desdobrado do corpo físico, teve uma visão ideoplástica de Jesus, que o indagou se O amava realmente e pedindo-lhe o testemunho desse Amor por meio do perdão para aqueles que lhe tinham ofendido, para os que o estavam perseguindo,  para aqueles que possivelmente o feririam e, por fim, para consigo mesmo. E assim procedendo, pode ele estabelecer novo estado de relação com o seu antigo adversário e consigo mesmo, alijando a culpa de si e experienciando, a partir de então, a paz interior.

Na conclusão de suas reflexões, Divaldo recordou-nos a mensagem intitulada “A Paciência”, contida na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, na qual diz-se que “a dor é uma bênção que Deus envia aos seus eleitos”, pois que as nossas dores têm causas justas, atuais ou anteriores a esta existência, geradas por nós mesmos, sendo a presente reencarnação a manifestação da misericórdia divina que nos facultou a possibilidade do recomeço para o devido trabalho de reequilíbrio de nosso mundo interior, a fim de que, pelo amor a Deus, ao próximo e a si mesmos, possamos alcançar nossa própria iluminação e vivermos em plenitude.

Após um intervalo para autógrafos, os palestrantes da tarde, Divaldo Franco e Daniel Assisi, retornaram para responder perguntas sobre os temas das conferências, destacando-se os esclarecimentos sobre abortamento, os casos atuais de microcefalia e  evangelização espírita infanto-juvenil.


6a. CONFERÊNCIA DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA DA FLÓRIDA - 2016
“Desvelando A Morte, O Céu E O Inferno”

O segundo dia da Conferência da Flórida, no último domingo, 13 de março, realizada na “University of Central Florida”, em Orlando, teve como subtema “Uma Jornada Pessoal para se Vivenciar o Céu”.

Discorrendo sobre “Pérolas do Evangelho: Tesouros do Coração”, Dr. Haroldo Dutra Dias apresentou uma abordagem menos histórica e mais transcendente da figura de Jesus, considerando que, se de um lado os dados históricos sobre o Nazareno não sobejam, de outro, a força da sua mensagem segue avultando-se ao longo dos séculos. Utilizando-se das lentes do Espiritismo para falar sobre Jesus - as quais possibilitam aos indivíduos uma compreensão mais profunda e ampla de sua existência, ensinamentos e exemplos-, o conferencista concluiu que o Mestre é a verdadeira mensagem, o verbo de Deus para a Humanidade, a revelar para todos nós os aspectos inabordáveis, até então, do Amor. Dr. Haroldo encerrou sua palestra, destacando uma interessante observação a respeito da existência de Jesus: Ele utilizava-se de todos os Seus poderes para consolar as dores alheias, para socorrer, amparar, ensinar, servir ao próximo, mas nos momentos mais graves de sua experiência carnal, notadamente nos episódios de sua prisão, condenação e crucificação, Ele não usou de nenhum outro poder transcendente senão o do Seu mais puro Amor, chegando mesmo a, do alto da cruz, rogar a Deus o perdão a todos os seus algozes.

No bloco de perguntas e respostas, Divaldo Franco e Haroldo Dias responderam a várias dúvidas do público, dentre as quais, a prática do abortamento, a identificação do ser com Jesus, a misericórdia divina, Jesus e a valorização da mulher.

No período da tarde, Divaldo Franco realizou o mini-seminário, em dois módulos, sobre o tema “O Cavaleiro da Armadura Enferrujada”, baseado na obra homônima de autoria de Robert Fisher. Conforme esclarecido pelo orador, a proposta desse seminário seria fazer uma abordagem do conteúdo do livro à luz do Espiritismo, oferecendo ao público recursos terapêuticos que facilitassem a solução de nossos conflitos íntimos, a fim de vivermos em plenitude. Ao longo da narrativa da estória, o público teria, então, a oportunidade de realizar uma verdadeira jornada interior, em busca do si profundo, tomando-se conhecimento dos conteúdos do ego, das sombras, num intento de libertação dos conflitos para a vivência da paz.

Como preparação para a viagem do autodescobrimento e da autoiluminação, foram apresentados,  didaticamente,  alguns conceitos da Psicologia Analítica, como: o consciente, o inconsciente  coletivo e o individual, os arquétipos, o ego, o Self, a sombra, “anima” e “animus”, os processos de associações etc.

Na sequência, o público pode acompanhar a narrativa da estória sobre  um cavaleiro que, ao longo de muitos anos, habituou-se a manter-se vestido com sua armadura de ferro,  que acabou  enferrujando.  Ele  era  casado  e  tinha  um  filho,  mas  o  seu  relacionamento  com  a  família  era muito distante e difícil. Havia nele uma necessidade de intrometer-se nas vidas alheias, soba a alegação de que tinha o dever de salvar os indivíduos, esquecendo-se, contudo, da necessidade primordial de “salvar-se a si mesmo”. Após uma discussão com a esposa, que o acusava da ausência doméstica e da indiferença pela própria família, aborrecido, decidiu o cavaleiro afastar-se do domicílio e realizar uma viagem. Nesta viagem, ele passou a ter contato  com outros personagens,  com os  quais se relacionou  e  que  o  ajudaram  a  refletir  sobre  a  própria  existência.  Por  fim,  o  cavaleiro  considerou  que  já era tempo de retirar a armadura, pois que ela, de fato, gerava-lhe muitos problemas. Mas isso não foi possível de imediato, uma vez que ela já se encontrava muito enferrujada  e de difícil  remoção.  Um  dos  personagens que encontrou em sua viagem disse-lhe  que, para que lograsse a retirada da armadura,  seria  necessário  atravessar  uma determinada  trilha,  onde encontraria  três  castelos:  o  do  silêncio,  o  do  conhecimento  e  o  da  vontade  e  ousadia.  Ser-lhe-ia  indispensável permanecer certo tempo em cada um deles, para se lhes aprender as lições, de modo a estar apto a seguir para o seguinte e, ali, ter novas experiências e aprendizados. E assim procedeu o cavaleiro, em verdadeira jornada de autoconhecimento. Passando por cada castelo, ele pode introjetar  os  diferentes  ensinamentos que cada experiência lhe ofertava,  refletir  sobre  a  própria  vida,  conhecer  mais  de  si  mesmo,  ao tempo em que também mudou a estrutura de seus pensamentos, substituiu comportamentos perturbadores por outros mais saudáveis, eliminou conflitos e culpas, lidou com o ego etc.  A cada etapa desse processo,  parte de sua armadura (ego) desprendia-se de seu corpo, até que, por fim, ele viu-se totalmente livre e pleno.  Ao final, segundo a narrativa, o cavaleiro era um com o Universo, ele era Amor!

Divaldo esclareceu que a viagem do cavaleiro pela trilha, visitando cada um daqueles castelos, é bem a viagem de autodescobrimento  e  de  autoiluminação  de  todos  nós,  que a armadura é o nosso ego, que  trazemos  as nossas  máscaras,  as  personas  a  que  se referia Carl Gustav Jung.  Segundo ele, ao  longo  de  nossa  jornada  evolutiva,  criamos  em  nós  condicionamentos negativos,  que  tornaram-se  uma segunda  natureza  em  nós;  passamos  a  usar  máscaras  que  compõem  a  nossa  personalidade e que  servem para agradar  as  convenções  sociais.  O resultado inevitável disso foi perdermos o  contato  com  o Self, isto é, com o nosso  ser  profundo,  a  nossa  realidade espiritual.

Realizando a ponte entre o conhecimento espírita e o pensamento científico, notadamente dos eminentes psiquiatras Milton H. Erickson, Carl Gustav Jung, Viktor Frankl, e dos físicos quânticos Dr. David Bohm e Dr. Stewart Wolf, o orador asseverou que é necessário que façamos a viagem interior, em busca do conhecimento da Verdade, dessas leis divinas que estão escritas em nós, para que tomemos consciência de que somos Espíritos imortais e de que  a  nossa  meta  psicológica  profunda  deve  ser  a imortalidade, amando sempre a Deus, ao próximo e a nós mesmos,  vencendo  os  nossos  medos  e  dúvidas,  eliminando  as nossas imperfeições morais e estabelecendo-se, assim, a conexão entre o ego e o Self, de maneira a atingirmos a comunhão plena com Jesus e com Deus.

O seminário foi concluído com a declamação do belíssimo “Poema da Gratidão”, de autoria do Espírito Amélia Rodrigues.

E a 6a. Conferência Espírita da Flórida foi encerrada com a mensagem de que, maior do que qualquer liberdade democrática que uma nação pudesse alcançar,  está “a verdadeira liberdade que somente se dá através da libertação das consciências”.

Texto: Júlio Zacarchenco.


(Informações em português recebidas em email de Jorge Moehlecke)



TEXTOS TRADUZIDOS PARA O ESPANHOL

6a. CONFERENCIA DE LA FEDERACIÓN ESPÍRITA DE LA FLORIDA - 2016
Develando la Muerte - El Cielo y el Infierno

La Conferencia de la Federación Espírita de la Florida dio comienzo a su sexta edición el último sábado, 12 de marzo, teniendo como sede la ciudad de Orlando, en el Estado de la Florida, USA.

Los actos tuvieron lugar en el Darden Auditorium, con capacidad para 420 personas –completamente ocupada-, que pertenece al campus de la University of Central Florida -Rosen College of Hospitality Management.

Durante el primer día de actividades doctrinarias, el público, proveniente de diversas partes de los Estados Unidos y de otros países, pudo acompañar las disertaciones de Haroldo Dutra Dias, Daniel Assis y Divaldo Pereira Franco.

Para dar comienzo a las actividades de la mañana, el Dr. Haroldo Dutra Dias desarrolló el tema Justicia Divina: El Código Penal de la Vida Futura, mediante el análisis del contenido de la tercera parte del capítulo VII, de la obra El Cielo y el Infierno de Allan Kardec. Con fundamento en la propuesta kardeciana, que expresa que cada individuo recibirá de la vida los efectos de sus propias obras -sea en la Tierra como en el mundo de los Espíritus-, el Dr. Haroldo habló acerca de la inmortalidad del alma, la Ley de Causa y Efecto, la Ley Divina, las imperfecciones morales como la causa directa de nuestros sufrimientos, de la transformación moral de los individuos, del proceso de reparación de nuestras equivocaciones y de erradicación de nuestras malas tendencias.

A continuación, Daniel Assisi habló sobre el tema La Transición, basado en el capítulo I, de la segunda parte de la obra citada: El Cielo y el Infierno, y analizó entre otros aspectos, el proceso de la desencarnación, la percepción y las sensaciones de cada individuo en la transición de la vida física a la vida espiritual, las causas de los posibles sufrimientos durante la transición, la conexión más o menos intensa entre el periespíritu y el cuerpo físico, además del proceso de desencarnación y la influencia del desarrollo moral del Espíritu sobre dicho proceso.

En el período de la tarde, Daniel Assisi pronunció la conferencia tema: ¿Es el umbral una versión moderna del infierno?  El comienzo de su exposición aportó un estudio comparativo de la comprensión del infierno según las principales doctrinas filosóficas y religiosas ancestrales, demostrando –en cierto modo-, que muchos de nosotros aún estamos impregnados de esas ideas mitológicas. En su análisis explicó que, casi invariablemente, las doctrinas que predican la existencia del infierno, vinculan la presencia de almas en ese ambiente con transgresiones a las Leyes Divinas, praticadas por aquellos individuos. Al avanzar en su exposición, Daniel presentó el concepto espírita de infierno, contenido en la obra El Cielo y el Infierno de Allan Kardec, y el de umbral según la obra Nuestro Hogar, del Espíritu André Luiz, psicografiada por el médium Francisco Cândido Xavier. El umbral, según lo explicado, sería una región destinada al drenaje de residuos mentales deletéreos, donde los Espíritus que aún están perturbados permanecerían, hasta alcanzar condiciones mínimas para habitar en esferas superiores. Sería, pues, una región meramente de transición, habitat temporario de aquellos Espíritus, dado que la Ley Divina es de progreso para todos los seres. El punto fundamental presentado en la conferencia fue que el Espíritu está dotado de inteligencia, y posee en sí mismo la Ley Divina, que le indica el camino hacia la plenitud, aunque es libre para realizar sus propias elecciones, con la obligación de asumir la responsabilidad sobre sus actos y con la posibilidad inagotable de siempre rehacer caminos, adoptar nuevas actitudes, en su proceso constante de aprendizaje y perfeccionamiento intelecto-moral y espiritual. 

La conferencia de cierre del sábado estuvo a cargo del médium Divaldo Franco, quien se refirió al tema El Cielo aquí, ahora y mañana.

Dio comienzo a su exposición a partir del análisis que el Codificador del Espiritismo, Allan Kardec, realizó acerca de la criatura humana: su origen, su naturaleza y su destino después de la muerte física. 

En consideración a que la vida espiritual es un acontecimiento de la naturaleza, explicó que fue Kardec quien profundizó las investigaciones científicas en torno de la inmortalidad del ser, y presentó al, hasta entonces desconocido, mundo de los Espíritus, por medio de las experiencias mediúmnicas, sin las fantasías ni las supersticiones, ni las falsas ideas que existían sobre el tema, es decir, que desmitificó los conceptos de maravilloso y sobrenatural, para revelar ese reino espiritual como una de las dimensiones de la realidad existencial, pertenecientes a los fenómenos naturales.

Avanzando en su explicación, destacó que la vida del Espíritu es uma; que ha sido creado simple y sin conocimiento para que adquiriese experiencia, conocimiento y valores morales positivos, por medio de esfuerzos personales en las múltiples reencarnaciones (o existencias físicas sucesivas), valiéndose para eso de diferentes cuerpos físicos, hasta que alcance la perfección relativa, a la que todos están destinados.

Tales experiencias físicas serían, entonces, fundamentales para fomentar el progreso del ser humano, como individuo y también en forma colectiva, no sólo a través del aprendizaje adquirido al enfrentar las vicisitudes de la vida sino, además, por el hecho de contribuir a la obra general del bien y, así, progresar moral y espiritualmente.

Divaldo nos recordó que las reencarnaciones, para Espíritus que aún no han alcanzado la perfección son, normalmente, caracterizadas por dificultades de diversa índole, por algunos o muchos deslices morales, que acaban por generar desequilibrios psicológicos y energéticos en el ser espiritual, que comprometen –debido a la ley de causa y efecto-, su futuro.

En ese punto de la conferencia fueron abordadas las diferentes propuestas filosóficas y religiosas acerca del cielo, el infierno y el purgatorio, de conformidad con lo que consta en la cuarta obra de la Codificación espírita: El Cielo y el Infierno, demostrándose que esos términos representan, en verdad, estados de conciencia del ser humano -de equilibrio o desequilibrio, de paz o de tormento interior, de alegría o de sufrimientos-, y no espacios geográficos.

Tomando como base para la reflexión la propuesta espírita acerca del cielo y el infierno, el médium sostuvo que nos corresponde buscar la mejor forma de que evitemos los estados de conciencia perturbadores, y adquiramos una conciencia pacificada y feliz, algo que solamente sería posible mediante la vivencia del Amor, en concordância con el mensaje contenido en el Evangelio de Jesús.

En relación con la obra Jesús Psicoterapeuta, de la distinguida psicóloga alemana Hanna Wolff, afirmó que nadie, nunca, habló sobre el Amor como Jesús lo enseñó y ejemplificó, porque Él estableció la ley de Amor, no como un simple mensaje de índole religiosa, sino como una verdadera propuesta psicoterapéutica de profundidad, capaz de sanar nuestros desequilibrios morales, psicológicos y espirituales, aún los más graves.

Divaldo prosiguió con sus consideraciones respecto de la inferioridad espiritual de los individuos que habitan la Tierra, y explicó acerca de la sombra que casi todos llevamos en nuestro interior –según la concepción junguiana-, y sobre el ego que se superpone al Self (ser profundo), por lo que es necesario iluminar el mundo interior con el conocimiento y la experiencia de las Leyes Divinas, especialmente en lo atinente a la experiencia del autoperdón, que es una de las formas de manifestación del Amor.

Para ilustrar su disertación, el orador narró la historia de Ilse, una señora polaca, sobreviviente del Holocausto, que fue paciente del psicoanalista estadounidense Dr. James Hollis, y cuyo caso fue descripto en el libro Los pantanales del Alma, cuyo autor es el mencionado psicoterapeuta. Esa señora fue a ver al Dr. Hollis para una sola consulta, en la cual expondría su drama, según ella misma, no para que él la orientara ni la tratara, sino solamente para ser escuchada. Previamente, le había enviado una foto, antes de concurrir a la sesión, e Ilse le dio una explicación acerca de aquella imagen. Ella fue hecha prisionera en su ciudad natal, en Polonia y, aunque era cristiana, fue trasladada al campo nazi de Majdanek. Durante la distribución de los prisioneros, cuando algunos serían enviados al grupo de trabajos forzados y otros a la cámara de gas letal, pudo ver que delante de ella había una madre con dos criaturas pequeñas. Esa madre había sido seleccionada para el primer grupo y las criaturas, para la muerte. Seguidamente, Ilse también fue seleccionada para el grupo de trabajos forzados, pero el soldado le impuso una condición: que condujera a las criaturas hasta la cámara, lo que hizo. En el preciso momento en que procedía de tal modo, alguien tomó una foto, que sólo muchos años más tarde, cuando ya vivía en USA, ella tendría oportunidad de ver, lo que le haría revivir el conflicto de culpa que había conseguido reprimir a lo largo del tiempo transcurrido. Cerca de cincuenta años después del Holocausto, su infierno continuaba siendo el recuerdo de aquello que consideraba una cobardía moral de parte suya; era el denominado síndrome del sobreviviente. Después de que se mudara a los Estados Unidos, intentó practicar como judía, pero no se adaptó a la doctrina. No obstante, conservó el recuerdo acerca de que, en aquella cultura, se decía que alguien podría liberarse de la culpa por misericordia de los cielos, en el caso que 24 personas justas escucharan su anécdota. Por eso, lo buscó al Dr. Hollis.

Divaldo también narró una experiencia personal para mostrar el poder del perdón, del autoperdón y del Amor, describiendo un proceso de obsesión espiritual que padeció durante más de 40 años, como consecuencia de un hecho ocurrido en una reencarnación remota, en la cual su comportamiento habría disgustado profundamente al Espíritu que lo perseguía en esta existencia. En cierta oportunidad, se sintió desdoblado del cuerpo físico, y tuvo una visión ideoplástica de Jesús, que le preguntó si lo amaba realmente y le pidió el testimonio de ese amor mediante el perdón a aquellos que lo hubieran ofendido, para los que lo estaban persiguiendo, para aquellos que posiblemente lo herirían y, por último, para él mismo; y, procediendo de tal modo, pudo restablecer la relación con su antiguo adversario y consigo mismo, liberándose de la culpa y experimentando, a partir de entonces, la paz interior.

En la conclusión de sus reflexiones, Divaldo nos recordó el mensaje intitulado La Paciencia, que figura en la obra El Evangelio según el Espiritismo, en el cual consta queel dolor es una bendición que Dios envía a sus elegidos, pues nuestros dolores tienen causas justas, actuales o anteriores a esta existencia, generadas por nosotros mismos, y la presente reencarnación es la manifestación de la Misericordia divina, que nos concedió la posibilidad de volver a comenzar para el debido trabajo de restablecimiento del equilibrio, de nuestro mundo interior, a fin de que mediante el amor a Dios, al prójimo y a nosotros mismos, podamos alcanzar nuestra propia iluminación y vivamos en plenitud.

Después de un intervalo para autógrafos, los disertantes de la tarde, Divaldo Franco y Daniel Assisi, retornaron para responder preguntas sobre los temas de las conferencias, destacándose las explicaciones sobre el aborto, los casos actuales de microcefalia y la evangelización espírita infanto-juvenil.

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6a. CONFERENCIA DE LA FEDERACIÓN ESPÍRITA DE LA FLORIDA - 2016
Develando la muerte - El Cielo y el Infierno


El segundo día de la Conferencia de la Florida, se llevó a cabo el último domingo -13 de marzo-, en la University of Central Florida, en Orlando, y tuvo como subtema Una trayectoria personal para vivenciar el Cielo.

El Dr. Haroldo Dutra Dias disertó sobre el tema Perlas del Evangelio: tesoros del corazón, y presentó un enfoque menos histórico y más trascendente de la figura de Jesús, considerando que si por un lado los datos históricos sobre el Nazareno no abundan, por otro, la potencia de su mensaje sigue enalteciéndose a lo largo de los siglos.
 Valiéndose de las lentes del Espiritismo para hablar sobre Jesús -las cuales permiten a los individuos una comprensión más profunda y amplia de su existencia, sus enseñanzas y sus ejemplos-, el conferencista concluyó que el Maestro es un verdadero mensaje, es el verbo de Dios para la humanidad, a fin de revelarnos los aspectos que no fueron abordados, hasta entonces, relativos al Amor. El Dr. Haroldo concluyó su disertación destacando una interesante reflexión respecto de la existencia de Jesús: Él se valía de todos sus poderes para aliviar los dolores ajenos, para socorrer, amparar, enseñar, servir al prójimo, pero en los momentos culminantes de su experiencia en la carne, especialmente en los acontecimientos relacionados con su prisión, condena y crucifixión, Él no se valió de ningún otro poder trascendente, sino de su más puro Amor, y llegó, incluso, desde lo alto de la cruz, a rogar a Dios el perdón para todos sus verdugos.

En el bloque de preguntas y respuestas, Divaldo Franco y Haroldo Dias respondieron a algunas dudas del público, entre las cuales estuvieron: la práctica del aborto, la identificación del ser con Jesús, la misericordia divina, Jesús y la valorización de la mujer.

En el período de la tarde, Divaldo Franco realizó el miniseminario, en dos módulos, sobre el tema El Caballero de la Armadura Herrumbrosa, basado en la obra homónima de Robert Fisher. Según lo explicado por el orador, la propuesta de ese seminario sería hacer un enfoque del contenido del libro a la luz del Espiritismo, de modo de ofrecer al público recursos terapéuticos que facilitasen la solución de nuestros conflictos íntimos, a fin de que vivamos en plenitud. A lo largo de la narración, el público tendría la oportunidad de realizar un verdadero viaje interior, en busca de su ser profundo, para tomar conocimiento de los contenidos del ego, de las sombras, en un intento de liberación de los conflictos para la experiencia de la paz.

A modo de preparación para el viaje del autodescubrimiento y de la autoiluminación, fueron presentados con carácter didáctico, algunos conceptos de la Psicología Analítica, tales como: el consciente, el inconsciente colectivo y el individual, los arquetipos, el ego, el Self, la sombra, anima y animus, los procesos de asociaciones, etc.

Seguidamente, el público pudo acompañar la narración de la historia sobre un caballero que, a lo largo de muchos años, se  habituó a estar vestido con su armadura de hierro,  la que acabó por oxidarse. Él estaba casado y tenía un hijo, pero su relación con la familia era muy distante y complicada. Había en él una necesidad de entrometerse en las vidas ajenas, alegando que tenía el deber de salvar a los individuos, omitiendo –mientras tanto- la necesidad primordial de salvarse a sí mismo. Luego de una discusión con su esposa, que lo acusaba de ausencia doméstica y de indiferencia por su propia familia, disgustado, el caballero decidió dejar su domicilio para realizar un viaje. Durante ese viaje, él tomó contacto con otros personajes, con los cuales trabó una relación, que lo ayudaron a reflexionar sobre su propia existencia. Por último, el caballero consideró que ya era tiempo de quitarse la armadura, pues esta, de hecho, le ocasionaba muchos problemas. Sin embargo, eso no fue posible en lo inmediato, dado que esta se encontraba muy oxidada y era difícil su remoción. Uno de los personajes que encontró en su viaje, le dijo que para lograr quitarse la armadura, le sería necesario atravesar un determinado sendero, donde encontraría tres  castillos: el del silencio, el del conocimiento y el de la voluntad y la osadía. Le sería indispensable permanecer durante cierto tiempo en cada uno de ellos, para aprender sus lecciones, de modo de llegar a ser apto para avanzar hasta el siguiente y, allí, realizar nuevas experiencias y aprendizajes. Y así hizo el caballero, en un auténtico viaje de autoconocimiento. Al pasar por cada castillo pudo asimilar las diferentes enseñanzas que cada experiencia le ofrecía, reflexionar sobre su propia vida, conocer más acerca de él mismo, al mismo tiempo que también modificó la estructura de sus pensamientos, sustituyó comportamientos perturbadores por otros más saludables, eliminó conflictos y culpas, luchó con su ego, etc. En cada etapa de ese proceso, parte de su armadura(ego) se iba desprendiendo de su cuerpo hasta que, por fin, pudo verse absolutamente libre y pleno. Al final, según la narración, el caballero era uno con el universo, ¡Él era Amor!

Divaldo explicó que el viaje del caballero, visitando cada uno de aquellos castillos, es el viaje del autodescubrimiento y de la autoiluminación de cada uno de nosotros; la armadura es nuestro ego, que tenemos nuestras  máscaras, las personas a las que se refería Carl Gustav Jung. Según él, a lo largo de nuestra trayectoria evolutiva, creamos en nosotros mismos condicionamientos negativos, que se han convertido en una segunda naturaleza; comenzamos a usar máscaras que componen nuestra personalidad, que sirven para agradar según las convenciones sociales. El resultado inevitable de ese proceso ha sido que perdamos el contacto con el Self, es decir, con nuestro ser profundo, nuestra realidad espiritual.

Realizando un puente entre el conocimiento espírita y el pensamiento científico, particularmente a través de los eminentes psiquiatras Milton H. Erickson, Carl Gustav Jung y Viktor Frankl, y de los físicos cuánticos Dr. David Bohm y Dr. Stewart Wolf, el orador afirmó que es necesario que hagamos un viaje interior, en busca del conocimiento de la Verdad, de esas leyes divinas que están escritas en nosotros, para que tomemos conciencia de que somos Espíritus inmortales, y de que nuestra meta  psicológica profunda debe ser la inmortalidad, amando siempre a Dios, al prójimo y a nosotros mismos; superando nuestros  miedos y dudas, eliminando nuestras imperfecciones morales y estableciendo, de ese modo, la conexión entre el ego y el Self, de manera que alcancemos la comunión plena con Jesús y con Dios.

El seminario concluyó con la declamación del bellísimo Poema de la Gratitud, del Espíritu Amélia Rodrigues.

La 6a Conferencia Espírita de la Florida concluyó con el mensaje relativo a que, por encima de la libertad democrática que una nación pudiese alcanzar está la verdadera libertad, que solamente se obtiene a través de la liberación de las conciencias.



Texto: Júlio Zacarchenco.


(Textos em espanhol recebidos da tradutora MARTA GAZZANIGA [marta.gazzaniga@gmail.com])