terça-feira, 19 de novembro de 2019

Palestra de Divaldo Franco – Reencontro São Paulo, SP

16 de novembro de 2019

Texto: Djair de Souza Ribeiro,  Fotos: Edgar Patrocínio

A Associação de Desenvolvimento Espiritual Reencontro, localizado na cidade de SP, recebeu, na noite de 16 de novembro de 2019, cerca de 300 pessoas para ouvirem Divaldo Franco acendendo luzes de esclarecimento e consolação sempre baseado no Evangelho de Jesus e nos princípios da Doutrina Espírita.
A Segunda Guerra Mundial iniciava sua trajetória voraz que acabaria por consumir cerca de 100 milhões de existências. Além dessa calamidade, uma outra dominava as almas devorando as esperanças e aniquilando a fé das criaturas, tornando as pessoas céticas, desalentadas e vítimas inermes empurradas ao materialismo pelo descrédito nas Religiões que não lograram evitar a catástrofe devoradora.
No meio desta calamidade muitas vozes se levantaram na tentativa de iluminar as almas e reacender a chama da Esperança nos corações escurecidos pela crueldade humana.
Entre estes paladinos da Esperança e da Fé destacou Divaldo a atuação do escritor, jornalista holandês-canadense Pierre van Paassen (1895 – 1968).
Dentre as diversas obras de sua lavra, Divaldo separou uma narrativa de 1939 e publicada em o livro “Estes Dias Tumultuosos” Biografia de uma Geração Desesperada (com o título original em inglês Day of our Years).
Em esta obra, Divaldo narra – ao sabor de suas emoções – a história de um jovem francês de nome Ugolin [1].
O protagonista da narrativa era um jovem com deformações físicas provocadas pela violência paterna e que viva pelas ruas parisienses neste período calamitoso.
Abandonado e excluído da sociedade, Ugolin vivia da generosidade alheia e de pequenos favores. Órfão, possuía somente como família a irmã que vivia da prostituição ali enclausurada pela desonestidade e cobiça de um antigo patrão que, repelido pela moça, não logrou obter dela um convívio sexual a que tanto desejava. Diante desta recusa, o patrão – joalheiro venal – acusou a jovem de ter-lhe furtado uma joia valiosíssima. Por esta calúnia a jovem foi condenada e levada à prisão, da qual saiu para o prostíbulo buscando se sustentar e obter recursos para ajudar o tratamento médico de Ugolin.
Com a proximidade do Natal, Ugolin pedia a Pierre van Paassen, que o acolhera no afeto de seu carinho e amor, somente um par de sapatos.
Os dias foram passando e o convívio entre ambos estreitando-se. O escritor aguardava a noite de Natal para entregar a Ugolin o par de sapatos anelado. Na noite véspera do Natal, Ugolin não apareceu, pois um grupo de jovens alcoolizados amarrou o jovem excluído a um poste após despi-lo.
Diante da balbúrdia o Abade de La Roudaire, sacerdote da igreja local, interrompeu a humilhação fazendo fugir os delinquentes. Retirando do posto o jovem exangue, o abade levou-o até a casa paroquial para ali passar a noite. Pela manhã, o religioso não logrou encontrar Ugolin no leito onde o tinha deixado.
Mais tarde o abade descobriu que Ugolin havia cometido suicídio. O mais terrível é que a irmã, ao saber do ocorrido, igualmente fugiu à vida pelo suicídio.
Apesar de a Igreja proibir a celebração da eucaristia para os suicidas, o funeral para ambos foi acompanhado do ato religioso pelo abade, que após orar junto aos corpos dos irmãos, cuja vida fora um extenso rosário de aflições, sofrimento e abandono, dirigiu-se aos fiéis que lotavam a igreja afirmando que aqueles jovens infelizes não seriam considerados por Deus como suicidas, mas na condição de assassinados pela maldade e crueldades humanas.
A emotividade envolvia a todos os presentes na palestra. Divaldo busca, então, encaminhar a apresentação para os conceitos morais que a narrativa enseja e faz-nos uma pergunta retórica:
— O que fizemos da mensagem, dos exemplos e dos ensinamentos de Jesus? Em que lugar dos nossos corações colocamos a conclamação do Cristo de Deus de nos amarmos uns aos outros como Ele nos ama?
E voltando o foco para os Espíritas de maneira geral Divaldo enfatiza que estamos de posse do maior Tesouro franqueado à Humanidade pelos Benfeitores Espirituais e codificada por Allan Kardec: A Doutrina Espírita.
Tanto o autor da história, Pierre van Paassen, quanto o abade de La Roudaire, não conseguiram consolar e auxiliar mais efetivamente a Ugolin e a irmã, pois que não aceitavam a doutrina da pluralidade das existências e por essa razão não conseguiram explicar as razões do grande sofrimento que ambos os jovens enfrentavam na vida. Teria Deus os esquecidos ou tratava-se de castigo da Divindade? Era a questão insistentemente formulada por Ugolin e que o religioso e o escritor não conseguiam responder adequadamente.
O princípio da reencarnação – associado ainda à existência de Deus, a possibilidade de comunicação entre ambos os planos da vida, a existência da alma e o seu progresso gradativo e a pluralidade dos mundos habitados - formam a base da Doutrina Espírita.
Abençoada Doutrina que nos faculta o desenvolvimento de objetivos transcendentais, além de ser O Consolador prometido por Jesus que vem explicar que os nossos sofrimentos têm uma razão de ser. Não se trata de castigo, mas sim oportunidades que a Divindade nos oferece por merecimento – a lei de Ação e Reação – ou por necessidade de evolução ensejando a oportunidade de desenvolver qualidades que ainda não possuímos – Prova.
Não há, portanto, razão para nos deixarmos envolver pelo manto de pessimismo que os dias atuais vêm rodeando a sociedade, nos estertores do Mundo de Provas e Expiações ao qual pertencemos.
Compete-nos – exclusivamente a nós – fazermos desse conhecimento libertador o instrumento com o qual construiremos a nossa evolução moral e espiritual.
Em que pese os dias tumultuosos da atualidade onde as aflições, ódios, intolerâncias, sofrimentos e violências, dias em que as pessoas – ao invés de se amarem umas às outras como preconizado por Jesus – elegem se armarem umas contra as outras – no âmbito material e emocional - urge aceitar e viver a proposta de Jesus, amando mais, tornando-nos, assim, mais gentis, tolerantes, pacíficos e mansos de conformidade com os ensinamentos registrados no Sermão da Montanha, permitindo a formação de uma humanidade mais justa e feliz.

[1] A narrativa completa e detalhada pode ser obtida no livro “Divaldo Franco e o Jovem” da editora LEAL.


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