terça-feira, 25 de setembro de 2018

Encontro Fraterno Praia do Forte, BA

 21 de setembro de 2018 (Tarde)
No período da tarde e da noite, o Encontro Fraterno teve três programações.
Iris Sinoti com o tema: Conflitos Depressivos; Cristiane Beira discorreu sobre os Conflitos Emocionais; e Divaldo Franco conduziu o público em uma visualização terapêutica, uma atividade não espírita, conforme frisou, para proporcionar momentos de reflexão e encontro consigo mesmo.
Após momento musical com Assis Diomar, íris Sinoti abordou o tema Conflitos Depressivos, asseverando que é necessário retirar alguns mitos que cercam tão delicado tema, como por exemplo: a depressão não é uma bobagem, não é coisa de gente fraca, não é de quem não tem o que fazer, não é de quem não possui fé, não é de quem não tem vontade, a depressão é uma doença, e qualquer indivíduo pode passar por ela. O Brasil é o quinto país em número de depressivos e o primeiro em ansiedade. A depressão precisa ser levada a sério, ser respeitada.
Carl Gustav Jung asseverava que uma alma necessitava falar à outra alma, o que significa estar e fazer parte da situação que o outro está experimentando. A depressão é um convite da alma para as mudanças que são necessárias. Ela se apresenta na vida do ser para que ele possa identificar e conduzi-lo para um novo objetivo, uma nova forma de viver. Para estimular o público, Iris formulou a seguinte pergunta: - O que a depressão significa na sua vida? Assim, permeando respostas de pacientes e de estudiosos, a oradora foi conduzindo as reflexões, aclarando os fatos.
Rollo May, em A Coragem de Mudar, destaca que “Somos chamados a realizar o novo, a enfrentar a terra de ninguém, a penetrar a floresta onde não há trilhas feitas pelo homem, e da qual ninguém jamais voltou que possa servir de guia.” Significa que para cada um será preciso construir uma nova postura, uma nova maneira de sentir e viver a vida.
Alguns deixam as suas próprias bagagens emocionais para pegar a do outro, e por conseguinte, afanam-se e sobrecarregam-se em demasia e o corpo termina por experimentar o sofrimento. A depressão significa entrar em contato com uma dimensão de si mesmo e que, até então, era desconhecida.
Apresentando conceitos de estudiosos e da Benfeitora Joanna de Ângelis, Iris Sinoti foi conduzindo o público para alcançar a percepção de que é necessário nutrir compaixão pelo depressivo, de entender que a negação de sentir as emoções e sentimentos é o quadro em que o indivíduo se isolou por não saber agir e entender as próprias emoções e sentimentos.
“A depressão é um convite, um desafio da vida para que encontremos o real sentido, o que nos move por dentro. É a luta do herói contra o dragão, e nessa luta saímos da ilusão inocente de felicidade e conquistamos a certeza de que a vida só é verdadeiramente vida se tiver significado.” Iris Sinoti – Refletindo a alma.
Todo aquele que deixa de viver a sua própria vida para viver a vida que o outro traçou para ele, está no caminho para desenvolver um processo depressivo. Uma existência sem significado psicológico é vazia e destituída de motivação. A realidade da maioria é estar desconectada de si mesma, porém, conectada com o mundo. Deixa de viver a própria vida para viver a ilusão da vida do outro. Não atender ao chamado da vida, o seu sentido, é se recusar a trilhar o próprio caminho, afastando-se de seu destino.
Para eliminar a depressão é necessário correr o risco de enfrentar aquilo que mais se teme, aquilo que está bloqueando o seu crescimento, conforme afirma Rollo May, em Os Pantanais da Alma.
Joanna de Ângelis, na introdução da obra Conflitos Existenciais afirma: Ninguém se encontra na Terra exclusivamente para sofrer, mas para criar as condições de saúde real e de alegria plena. E Jung assevera que somente aquilo que realmente se é tem o poder de curar. Já Paracelso, in.: Depressão, destaca: O melhor remédio para o ser humano é o próprio ser humano. E o amor é o remédio de potência mais alta.
Finalizando sua abordagem, Iris destacou, ainda, que é preciso estar aberto para a vida, amando-se e amando o próximo, atento para as oportunidades da vida. A finalidade da existência humana é a de acender a luz na escuridão do ser, segundo Carl Gustav Jung.
Ao anoitecer, as atividades foram iniciadas por um belo momento musical.
Enternecendo os corações, a cantora Andrea Bien protagonizou belos momentos de enlevo, preparando o ambiente para Cristiane Beira apresentar o tema: Conflitos Emocionais. Conflito, esclareceu a psicóloga, pressupõe um sentido de oposição, o exercício de uma força, de uma potência em oposição a outra. Assim, as reações emocionais que desestruturam os indivíduos estão em oposição ao que ele sente, ou seja, a percepção entre o que o indivíduo é e o que deseja ser.
Classificando o ser humano em três categorias de emoções que se apresentam em desequilíbrio, ou formas de se apresentar no seio da sociedade humana, entre muitas outras, Cristiane assim as estruturou: 1º) as que vivem em sofrimento, adotando a posição de vitimização: 2º) as que adotam o poder como meio de resolver as situações da vida; e 3º) a angelical, transparecendo ser boa, atenciosa, anula-se para viver a vida do outro. Essas são estratégias utilizadas pela criatura humana para poder continuar, ou passar a pertencer.
O que existe dentro delas a ponto de despertar essas reações? Questionou. Quando essas causas são identificadas, o indivíduo está a caminho da solução, e o vazio se apresenta, porque não estando mais plenificado pelas emoções perturbadoras, ele se sente vazio.
Em conflito com a primeira categoria de emoções em desequilíbrio está a autovalorização, provocando a existência de um vazio, uma emoção que leva a sentir que não pode, que não merece. A segunda categoria provocará o conflito da autoafirmação, quando então vive para impor, exercendo o uso da força do poder. A autoestima conflitará com a emoção perturbadora do indivíduo que se coloca na posição angelical, o que lhe dá a sensação de estar fazendo o que gosta.
Como essas emoções em desequilíbrio se iniciam no interior de cada indivíduo, somente ele pode aplicar a modificação encontrando-se consigo mesmo em um processo de autoconstrução. Para sanear os comportamentos perturbadores será necessário que a criatura humana retroceda em seus procedimentos até encontrar a origem deles. Esses comportamentos se constituem em um conjunto energético de emoções de um complexo, e quando um padrão se apresenta, o complexo se revela, reforçando-o. O complexo é a base para o conflito que se manifesta, é algo que foi desenvolvido antes, e, instintivamente, o complexo domina. De complexo em complexo o EU não se manifesta.
Outro importante aspecto gerador e/ou reparador das emoções em desequilíbrio é a família, estrutura de suma importância para o desenvolvimento da psique. É a base onde os conflitos existências são gerados. Raramente se cogita em cuidar da família, revisitar, repensar a sua importância como geradora de complexos. Os complexos maternos e paternos são absorvidos pelos filhos, estruturando-se emocionalmente, positiva ou negativamente, bem como adotando outros estímulos, como a televisão, a internet, etc.
Como está a família? Para equacionar, Cristiane Beira trouxe a lume a questão 383 de O Livro dos Espíritos, onde claramente está expresso o papel dos pais para com aqueles a que foram incumbidos de educar. Os filhos assimilam os complexos e os conflitos dos pais, bem como os gerados por eles mesmos, os filhos. As crianças absorvem as projeções de seus pais. Assim, os pais devem estar atentos para as necessidades dos filhos, evitando transformar as necessidades deles, os pais, em necessidades dos filhos, isto é, projetando nos filhos as suas aspirações talvez não realizadas.
O problema das crianças é a herança dos antepassados que transferem seus conflitos, projetando neles todos as aspirações e insatisfações, esperando compensações. “A religião enfraqueceu nas famílias, o desinteresse pelo ser espiritual igualmente padece de atrofia emocional, deixando-se que cada um eleja, quando oportuno, o seu conceito de vida e de espiritualidade, como se fosse crível permitir-se que alguém primeiro se contaminasse por alguma enfermidade para depois expor-se aos perigos que a mesma proporciona.” Joanna de Ângelis.
Finalizando, Cristiane beira destacou ser necessário trabalhar no seio familiar a questão da espiritualidade, pois que, família e espiritualidade são dois antídotos para os complexos. Há necessidade de se destruir e reconstruir muitas coisas, a começar na família, através da espiritualidade, resgatando a humanidade que está em cada indivíduo e fora dele.
Texto: Paulo Salerno
Fotos: Jorge Moehlecke

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