terça-feira, 25 de setembro de 2018

Encontro Fraterno Divaldo Pereira Franco Praia do Forte, BA

22 de setembro de 2018-tarde/noite
1. No período da tarde, Juan Danilo e Cláudio Sinoti desenvolveram seus temas prendendo a atenção do público expectante. Juan Danilo Rodríguez Mantilla, equatoriano, atualmente residindo na Mansão do Caminho, discorreu sobre os Conflitos Obsessivos.
O amor, disse o psicólogo e médico de família, é infinito, é grande, o amor é Deus. Os homens vivem mergulhados neste grande sentimento, e desejando tê-lo, desfrutá-lo, em vão tentam segurá-lo em suas mãos, tomando posse, e como o ser humano está mergulhado nele, aí se inicia a obsessão, por uma causa muito natural, tudo o que se presta atenção fica magnetizado. Tudo o que se presta atenção existe dentro e fora da criatura humana.
Apresentando e discorrendo sobre a questão 245, na segunda parte de O Livro dos Médiuns, destacou que a obsessão possui as seguintes causas, todas ou algumas, entre outras: vingança, queixas presentes ou passadas, desejo de fazer o mal, regozijo por atormentar, em vexar, ódio e inveja do bem. Na questão seguinte, a 246, estão estampadas as causas da obsessão: orgulho e as ideias e opiniões próprias.
A instalação das obsessões perpassarão os sistemas nervoso, límbico – responsável pelos instintos – e o hipocampo, - responsável pela memória -, deixando as suas marcas negativas indeléveis. As emoções básicas, - terror, submissão, defesa e saciedade -, também são afetadas na instalação do processo obsessivo. A magnetização do hipocampo se dá pela adesão espiritual e pela ruptura das defesas psicológicas.
O colapso das defesas psicológicas acontece quando são afetados os símbolos pessoais, as correspondências e preconceitos, e as dependências emocionais. Para elevar o nível das defesas psicológicas será necessário trabalhar a autoaceitação, o raciocínio, fazer o bem, perdoar e aprender com alegria, lembrando que quem luta se cansa, e quem trabalha disciplina-se.
Os recursos terapêuticos para debelar a obsessão estão baseados em três postulados: louvar, agradecer e encomendar, no sentido de suplicar. Para atender esses requisitos há, também, três tipos de oração: a oração (falar), a meditação, que significa pensar, refletir, e a contemplação, ou seja, interpretar e fixar.
Juan Danilo destacou que o significado da vida é dar-lhe um sentido, oferecer-se um objetivo, viver com alegria e ter uma meta para trabalhar. Isso irá gerar o caminho para a felicidade, para a vida em plenitude.

2. Cláudio Sinoti discorreu sobre o autoencontro e o significado existencial. Cada ser humano possui um tesouro íntimo, que muitos o abandonaram pelo caminho, e somente o próprio ser poderá resgatar. Assim será necessário que o indivíduo identifique quais as suas partes que necessita reencontrar, quais são as peculiaridades de sua alma.
O psicólogo Rollo May, em sua obra “O Homem a Procura de Si Mesmo” indaga: Quais são os principais problemas interiores de nosso tempo?...Pode surpreender que eu diga que o problema fundamental do homem, em meados do século XX, é o vazio. Com isso quero dizer não só que muita gente ignora o que quer, mas também que frequentemente não tem uma ideia nítida do que sente.” Há uma dissociação do que se é, do que se deseja ser e divulgar, levando o indivíduo a se perder.
Carl Gustav Jung destaca que o homem precisa de mais psicologia, de mais entendimento sobre a natureza humana, pois o único real perigo que existe é o próprio homem. Ainda nas palavras de Jung, o homem é a própria origem de todo o mal a porvir. É necessário estar em paz com os próprios conflitos, eles são importantes na construção de um homem equilibrado, consciente de si mesmo, autoconhecendo-se.
“Sem a consciência de si mesmo, a pessoa jamais saberá o que deseja de verdade, mas continuará sempre na dependência da família e apenas procurará imitar os outros, experimentando o sentimento de estar sendo desconhecida e oprimida pelos outros.” Carl Gustav Jung, O desenvolvimento da Personalidade. É necessário conhecer a própria realidade, atendendo ao chamado do próprio coração e não dos outros.
É preciso desfazer-se das ilusões que aprisionam. O homem desenvolveu uma terrível preocupação, a de se mostrar aos demais, aparentando o que ainda não é, e o sucesso decantado como forma de felicidade, é, talvez, uma das maiores responsáveis pela solidão profunda, ensina a benfeitora Joanna de Ângelis, no capítulo 1, da obra O Homem Integral. Comparar-se com o outro é ilusão.
Em Amor, Imbatível Amor, capítulo 6, Joanna de Ângelis afirma: “O ser, em si mesmo, é de quase secundária importância, desde que a aparência seja agradável, a posição tenha representatividade e o dinheiro se encarregue de resolver as situações embaraçosas.”
Na ilusão que a matéria lhe oferece, o homem busca o sucesso, o prestígio, o dinheiro, o poder, porém não se esforça em aprender a arte de amar, nas palavras de Erich Fromm. O homem, não conhecendo-se a si mesmo nega o que possui na intimidade, tanto quanto, também, o outro faz o mesmo, em permanente ilusão, adiando o autoencontro.
Joanna de Ângelis, no capítulo 4, da obra O Despertar do Espírito, cita: “Inicialmente, torna-se indispensável querer-se exercitar a vontade, em vez de refugiar-se em mecanismos conflitivos comodistas, por meio dos quais se justifica não possuir vontade suficiente para serem alcançados os objetivos que se gostaria de atingir.”
Finalizando, Cláudio destacou que a autoaceitação, o que significa polarizar-se onde se encontra, fazendo movimentos em busca da construção nova, preenchida de inúmeros significados. O homem é aquilo que ele fizer de si mesmo, a partir do que é. O indivíduo deve se comprometer ao autodescobrimento para ser feliz, identificando os seus defeitos e as suas boas qualidades, sem autopunição, sem autojulgamento, sem autocondenação, voltando-se para dentro de si mesmo, utilizando o mecanismo de viver e perceber o que está fora, e, também, o que há no seu interior, isto é, mergulhar e emergir em si mesmo, sistematicamente.
3. No período noturno, após excelente apresentação artística com os Professores de Dança da Universidade Federal da Bahia, Luiz Molina e Nelma Seixas que com suas performances encantaram e enterneceram o público, enlevando-o em vibrações de grande ternura e acolhimento, Divaldo Franco conduziu o Momento interativo-terapêutico e o que se convencionou denominar de “Primavera da Existência”, isto é, perguntas ou colocações que o público fez ao longo do encontro, e colocadas em uma arvore simbólica, à guisa de flores, e que seriam apreciadas à luz da psicologia e do Espiritismo. Divaldo se fez acompanhar dos psicólogos Cristiane Beira, Juan Danilo, e dos terapeutas junguianos Iris e Cláudio Sinoti.
Divaldo destacou que a arte é Deus se comunicando com o homem, conforme asseverava o filósofo Léon Denis. Salientou, o orador por excelência, que é tão fácil ser feliz quando o indivíduo encontra o sentido da vida, a sua meta. Visando, então, despertar em cada um a autoidentificação, a autoiluminação, o autodescobrimento, Divaldo Franco chamou seis voluntários oriundos do público e que haviam recebido na entrada um envelope com uma mensagem de autoria de benfeitores diversos, e que teriam a possibilidade de responder as indagações a respeito do vazio e o sentido existencial de cada um.
As interpretações realizadas pelos psicólogos, pelos terapeutas e por Divaldo Franco, além das especificidades individuais giraram em torno de ressignificar a vida, os ciclos que se encerram para dar continuidade a outro, a felicidade que não deve ser deixada de ser fruída a cada momento, as aflições de cada dia não devem ser impeditivos para uma vida feliz, as emoções, a autenticidade de pensamentos e atos, os momentos de definição da vida, o desafio do autodescobrimento, cada indivíduo possui dentro de si todas as potencialidades para serem desenvolvidas visando alcançar a plenitude, as adversidades e a esperança, a transformação das emoções em sentimentos, os desafios da vida, e o desenvolvimento do autoamor, entre outras considerações.
Com relação à árvore da primavera, os temas estudados e decodificado pelos profissionais e por Divaldo à luz do Espiritismo, apresentaram aspectos diversos, como, o esforço para vencer os desafios da vida, a transformação individual visando a plenitude, o amor que deve ser revelado aos que se ama, o sentimento genuíno que brota do coração, a educação das emoções, a autoaceitação, a passividade com relação aos eventos de vida, a necessidade de disponibilizar aos demais o conhecimento adquirido, autoconhecimento, o aprendizado se dá por etapas, amar-se conforme se é, as crises de solidão, a gratidão como ato terapêutico e manter-se em estado de atenção, porque o amanhã começa agora.
Finalizando as intensas atividades do dia e reverenciando a paz, o animado público cantou o Hino da Paz, de Nando Cordel.
Texto: Paulo Salerno
Fotos: Jorge Moehlecke


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