domingo, 26 de agosto de 2018

Divaldo Franco no Rio Grande do Sul Santa Cruz do Sul

23 de agosto de 2018
Minisseminário: Tesouros Libertadores
No mundo, todos temos inimigos, o importante é não sermos inimigos de ninguém. (Divaldo Franco)
No início da tarde, Divaldo Franco e Juan Danilo Rodríguez e todos aqueles que o acompanham neste périplo doutrinário no Rio Grande do Sul estiveram visitando o Educandário Thales Theisen, recebendo o carinho das crianças que se apresentaram, demonstrando o grau de conhecimento já adquirido. Por onde passa, Divaldo Franco arrebata as criaturas. Não foi diferente com as crianças do Educandário, aglutinou-as em torno de si.
Ao entardecer, o Teatro do Colégio Mauá ficou lotado de criaturas expectantes para reencontrar Divaldo Franco, escutar-lhe as reflexões sempre muito judiciosas, e compartilhar momentos de alegria e bem-estar. A Camerata Filarmonia de Santa Cruz do Sul com sua excelente apresentação enriqueceu sobremaneira o ambiente, preparando-o para as luzes que se derramariam na sequência.
O nobre orador e médium baiano, apresentando o misseminário Tesouros Libertadores, disse que a jornada terrestre tem por finalidade a conquista de um tesouro. O notável antropólogo Teilhard de Chardin, teólogo e filósofo francês, analisando o comportamento humano, asseverava que os homens e as mulheres aprenderam a nadar com os peixes, a voar com as aves, mas na hora em que aprendesse a amar teria redescoberto o fogo e a felicidade seria possível no seio da sociedade humana.
Para buscar um parâmetro para a felicidade, Divaldo destacou que os meios de a conquistá-la sempre foram objeto de análise dos filósofos, pensadores e cientistas. Desde a Antiguidade Clássica que os pensadores analisam a questão e propõem teorias sobre o assunto.
Assim, sob o olhar da filosofia grega, o Semeador de Estrelas apresentou o pensamento e definições das diversas escolas filosóficas sobre a felicidade.
1. Epicuro de Samos afirmava que a felicidade seria alcançada com o TER (possuir coisas e prazeres indutores da felicidade). É o pensamento Epicurista ou hedonista. Essa hipótese seria desmentida pelos tormentos que carregam muitos daqueles que têm posses e também os consumistas. Há um tormento, aquele que tem, teme perder, e, naturalmente, se aflige.
2. Mais tarde surgiu Diógenes de Sinope com o pensamento Cínico. Ele dizia que as pessoas tinham medo de perder as suas posses, o que lhes causava angústia e outros transtornos, de maneira que a felicidade consistiria em não ter nada. Há que considerar, no entanto, que muitos são verdadeiramente escravos até daquilo que não tem, criando ambições e expectativas que lhes obstaculizam o fruir da felicidade. Essa teoria, então, não poderia subsistir. Afirmava que a felicidade é NADA TER. Desconsiderou, em Corinto, o convite que lhe fora feito por Alexandre Magno, desprezando a honra de governar o mundo ao seu lado e admoestando-o por lhe tomar o que chamava "o meu sol"
3. Surge, então, Zenon de Cicio e o pensamento estoico, que ensinava ser a felicidade a necessidade de se banir da vida a afetividade e a emotividade causadoras do apego e produtoras de infelicidade. Além do mais o homem deveria enfrentar as vicissitudes e os sofrimentos com serenidade, libertando-o da infelicidade. A felicidade estoica seria a possibilidade de alcançar a resignação. Propunha que a felicidade estaria na coragem de enfrentar a dor moral e física sem queixas, sem esmorecimento, sem sofrer, abandonado ao destino, passivamente. Essa teoria também não poderia corresponder à vivência da real felicidade, uma vez que os seres humanos ainda apresentam diversos conflitos, passando por desafios. A dor ainda faz parte das experiências evolutivas. O estoicismo ainda vige na sociedade humana atual.
4. Divaldo, então, analisou a proposta do filósofo grego Sócrates, que afirmava que a felicidade consiste em "ser". Ele era um sofista, interrogava para obrigar a pessoa a pensar, a fim de que pudesse encontrar dentro de si a sua própria resposta. Sócrates, perfeitamente consciente de que o ser humano é um Espírito imortal, que está na Terra temporariamente, utilizando-se de um corpo físico para realizar o seu processo evolutivo, ensinava que os indivíduos deveriam buscar conhecerem-se a si mesmos, a sua realidade espiritual, a fim de encontrarem a real felicidade. Sócrates combatia os males que os homens produzem para gozarem de benefícios imediatos, objetivando, com essa atitude de reta conduta, o bem geral, a felicidade comunitária. Felicidade seria o bem da alma, através da conduta justa e virtuosa. Sócrates foi um sábio que sabia que nada sabia. Quando tomou conhecimento de uma sentença no Santuário de Delfos: Conhece-te a ti mesmo, adotou-a para a sua vida, divulgando-a, por saber que somente aquele que verdadeiramente se conhece pode afirmar que é feliz.
A Doutrina Espírita aborda com justa propriedade que a felicidade é aprender a ser feliz de acordo com as circunstâncias, incorporando e vivendo a certeza da transitoriedade do corpo físico e da sua eternidade espiritual. Allan Kardec destacou que a felicidade depende das qualidades próprias do indivíduo e não da situação material em que ele vive.
Allan Kardec, na obra O Livro dos Espíritos, na questão 919, apresentou a orientação segura dos Espíritos nobres para que os seres humanos buscassem o autoconhecimento e a autoiluminação, a fim de que pudessem trabalhar as imperfeições morais e, assim, fruir de harmonia, paz e, portanto, de felicidade. O homem deve aprender que o mais significativo para alcançar a felicidade é identificar perfeitamente o que é fundamental, isto é, nada que seja transitório, como as coisas materiais.
Jesus é tão importante que todos não resistem a sua força. Jesus é um ser filosófico, mesmo sem se atrelar a uma religião. Sua filosofia é o amor. Jesus pregou e exemplificou o amor pleno. A vida somente terá sentido se a criatura humana amar. As Bem-Aventuranças são uma ode a felicidade. É necessário que todo aquele que busca a felicidade faça um esforço hercúleo, sobre-humano para descobrir o tesouro libertador. A felicidade plena seria alcançar a plenitude, isto é, viver com dignidade e honradez.
Citando vários exemplos de criaturas dignas e honradas, o orador por excelência destacou que é possível ser feliz, não uma felicidade absoluta, mas relativa. Jesus, o Rei Solar, foi ímpar na sociedade humana da Terra. Segundo estudos de Ernest Renan, Ele foi tão grande que não coube na História, mas, antes, dividiu-a em antes e após Ele.
É necessário que o indivíduo estabeleça um sentido psicológico profundo para sua existência: o amor. Fazendo uma ponte entre a Ciência e o Espiritismo, ressaltou que a proposta espírita está toda embasada nos ensinamentos ético-morais do Evangelho de Jesus, cujos ensinamentos estão centrados na lei de Amor.
No mundo, todos temos inimigos, o importante é não sermos inimigos de ninguém. O experiente orador advertiu para que todos tivessem cuidado com as primeiras impressões. A beleza interior se descobre através da convivência. O homem, na sua ganância e no afã de adquirir felicidade, lançou-se contra seu próprio irmão, dizimando-o, escravizando, sufocando-o. A História da Humanidade está contemplada com esses terríveis relatos, apresentando o perfil belicoso do homem ávido de poder.
O Papa Francisco realiza esforços para restabelecer a verdade, libertando os seus fiéis. A promiscuidade e a falta de senso de responsabilidade tem levado o homem às zonas de sofrimento, e desditosos e infelicitados buscam as saídas enganadoras da vida, seja através das drogas, do suicídio ou das doenças sexualmente transmissíveis. Uma vida casta não é a ausência de vida sexual, mas uma vida de honradez. A felicidade é a ação do bem que se pode fazer a outrem. A prática da caridade é o exercício do amor em seus diversos matizes, é o tesouro libertador.
Apresentando a história de Eunice Weaver, a estoica heroína que não mediu esforços para dignificar a vida dos hansenianos, mas principalmente de seus filhos sadios, construindo “Preventórios” no Brasil e no Exterior, Divaldo conduziu os assistentes ao um estado emocional de tal ordem que foi possível sentir a felicidade. Para bem desempenhar a sua missão e encontrar a felicidade, Eunice se capacitou, inclusive fora do Brasil, realizando grandes feitos. Determinada, não se detinha frente as autoridades, exigindo dessas o cumprimento de suas responsabilidades. Os preventórios instituídos por essa dama salvaram milhares de vidas.
Assim como Eunice, há outros heróis e heroínas que se doam por completo aos seus irmãos em necessidade. Deixam para trás as rotinas e o conforto e se plenificam no serviço ao próximo. É o amor que se apresenta em forma de caridade. Divaldo, comprometido com Jesus, ao ser estimulado a visitar os leprosários por Jésus Gonçalves, um hanseniano na última reencarnação, não mediu esforços para confortar aqueles mortos-vivos que deambulavam nas zonas segregadas, os leprosários.
A gratidão disse Divaldo, é um tesouro mal aplicado. Quando Eunice Weaver desencarnou, deixando um legado de luzes, seu funeral não contou com mais de duzentos presentes, nenhum leproso. Os comentários na imprensa foram pífios. A notícia era Brigitte Bardot. No mundo transcendente, Eunice Weaver foi considerada a benfeitora dos hansenianos.
É muito bom ser bom, isto é felicidade. O grande tesouro, o mais valioso da vida é o tesouro da paz interna, conquistada através da viagem para dentro de si mesmo, O minisseminário foi encerrado com uma vibrante exaltação à vida, ao Amor, à gratidão e à felicidade. O público, profundamente tocado e sensibilizado pôs-se de pé e aplaudiu demoradamente o notável orador.
Texto: Paulo Salerno
Fotos: Jorge Moehlecke

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