terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Registro. Divaldo Pereira Franco em Franca, SP

17-02-2018.

Texto: Djair de Souza Ribeiro - Fotos: Sandra Patrocínio

“A primeira ideia que uma criança precisa ter é a da diferença entre o bem e o mal e a principal função do educador é cuidar para que ela não confunda o bem com a passividade e o mal com a atividade”. Maria Montsuori.
A Fundação Educandário Pestalozzi, criada (1944) a partir do ideal da professora Maria Aparecida Novelino e de seu marido o médico Dr. Tomás Novelino ofereceu as dependências de seu ginásio esportivo para acomodar as mais de 1.200 pessoas que se reuniram para ouvir Divaldo Franco apresentar o seminário “Constelação Familiar” referenciando Bert Hellinger (1925) teólogo, filósofo, pedagogo e psicanalista alemão desenvolveu a sua abordagem de Constelação Familiar a partir das experiências com dinâmica de grupos envolvendo casais, famílias, empresas e comunidades e analisando as trocas de estímulos e respostas entre indivíduos (análise transacional). Dessas observações constatou que 80% das enfermidades humanas têm por base as dificuldades das relações familiares
O eminente pesquisador – partindo da prática (observação) para a teoria – estabeleceu três (3) ordens ou Leis de Amor:
1. Pertencimento: Todos têm o direito de pertencer, isto significa que independentemente do comportamento e ações de um indivíduo – mesmo que sejam considerados como errado, abominável, reprovável ou mesmo pecaminoso - ele continuará tendo o direito de pertencer a sua família. Esse direito prossegue mesmo que ele sofra repreensão, limitação e inclusive punição legal. O direito de Pertencer não desaparece diante da diminuição de sua credibilidade, confiabilidade e até sua proximidade perante a família suscitada pelo seu comportamento e atitudes.
2. Equilíbrio entre o Dar e o Receber: Como na física, os sistemas buscam o equilíbrio entre as trocas que ocorrem. O mesmo acontece em qualquer relação (pessoal ou comercial) quando um dá demais e recebe de menos há um desequilíbrio no relacionamento. Para que o amor de certo, é imprescindível que haja um equilíbrio entre o dar e o receber; Há uma ordem natural entre o Dar e o Receber e fluem do mais “velho” para o mais novo. Entre pais e filhos, por exemplo: Os pais dão e os filhos recebem. Os pais dão a vida e os filhos a aceitam. Os pais dão amor e os filhos o tomam em seu coração.
As dificuldades no seio familiar surgem quando essa o equilíbrio é rompido ou ocorre uma inversão no fluxo. Pais emocional ou afetivamente ausentes (embora fisicamente presentes) provocam nos filhos a “necessidade” de afastarem os pais das preocupações e torna-los felizes em suas presenças. A inversão no fluxo – os filhos dando amor – sobrecarregam os filhos. Outro exemplo é quando o pai ou a mãe – esquecido que a base da família é o casal fortalecido - abdica do papel de cônjuge e passa a dedicar-se integralmente às necessidades da prole.
A forma apropriada dos filhos retribuírem o amor recebido dos pais é passando isso adiante para as próximas gerações.
3. Hierarquia de tempo: Para Bellinger, na ordem natural das coisas, quem vem primeiro, é o mais antigo e este deve ter prioridade sobre quem vem depois, ou seja, nos sistemas familiares, os pais têm prioridades sobre os filhos. Os pais são grandes e os filhos pequenos, desse modo, retomamos a segunda lei do amor, os pais dão e os filhos recebem.
Após conceituar as bases da Terapia da Constelação Sistêmica Familiar de Bert Hellinger, Divaldo acrescenta que faltou ao notável terapeuta considera uma quarta (4ª) ordem ou Lei de Amor: A Reencarnação.
Famílias e grupos sociais há que mesmo contendo as três leis mencionadas contêm integrantes que odeiam a outro ou mutuamente entre si.
E para emoldurar esse pensamento, Divaldo narra a história de beligerância – aparentemente gratuita – que prevalecia entre uma irmã sua e o pai de ambos.
O ódio entre pai e filha era recíproco a ponto de ambos alimentarem o desejo de eliminar ao outro sem que fosse detectada a causa de tanta animosidade. Essa situação – inexplicável - perdurou por longos anos até que Divaldo em um desdobramento espiritual logrou identificar a causa que remontava a encarnações transatas do pai e da irmã.
Em épocas passadas – o agora pai – era um explorador de mulheres no comércio das sensações inferiores e entre as mulheres que ali estavam, havia uma que era sua preferida e amante – aquela que pelas leis do amor de Deus nascera-lhe agora como filha para transmutar as emoções asselvajadas e sublimar as energias instintivas em o verdadeiro amor.
Descoberta a causa, Divaldo envidou todos os esforços para equacionar as dificuldades entre um e outro. Quando o pai aproximava-se da desencarnação Divaldo instou para a irmã dar ao pai – por ela odiado – o perdão no leito de morte que aos dois felicitaria removendo o ódio e as dificuldades. Ambos – pai e filha – abraçaram-se demoradamente perdoando-se mutuamente. Ele retorna ao Plano Espiritual compreendendo a grandeza e sabedoria das Leis Divinas e ela liberando-se de injunções e constrições que lhe permitiram redirecionar os passos alterando a direção existencial.
Após essa narrativa que a todos calou profundamente, Divaldo segue conceituando e nos trazendo sugestões e orientações na condução cristã do núcleo familiar, pois a família, sem qualquer dúvida, é uma fortaleza segura para a criatura resguardar-se das agressões do mundo exterior, adquirindo os valiosos e indispensáveis recursos do amadurecimento psicológico, do conhecimento, da experiência para uma jornada feliz na sociedade.
Nem sempre compreendida, especialmente nos dias modernos, a família permanece como educandário de elevado significado para a formação da personalidade e desenvolvimento afetivo, mediante os quais se torna possível ao espírito encarnado a aquisição da felicidade.
A conduta dos genitores deve privilegiar a educação – aquela que forma caráter e estabelece valores morais e éticos – e a exemplificação, pois educar é oferecer exemplos, posto que o educando copia com mais facilidade as lições vivas que lhe são apresentadas, antes que as teorias com que é informado.
Se os exemplos no lar são repletos de amor, de respeito e de paciência, os filhos tornam-se afáveis, dignos e gentis, excetuando-se, evidentemente, os filhos portadores de transtornos de conduta.
A progenitura demanda sérios compromissos e responsabilidades que não podem ser abdicadas sem consequências.
Na constelação familiar, o amor nobre e sem sentimentalismo exagerado configura-se indispensável ao êxito da proposta educativa. É através da sua doação, que ele se multiplica e mais se desenvolve, tornando-se imbatível.
A vera e real educação necessita resgatar os valores ético-morais que foram relegados a plano secundário, elaborando a conscientização da responsabilidade do ser perante si mesmo, o seu próximo e a vida, na qual se encontra sem possibilidade de fuga.
Constitui expressivo recurso, contribuindo, para o equilíbrio de todos os membros que constituem a família o estudo do Evangelho de Jesus no lar. Reunindo-se semanalmente os familiares para conversação salutar e esclarecimento de dificuldades nos relacionamentos, configura-se saudável oportunidade para o bom desenvolvimento ético-moral, atenuando incompreensões e corrigindo dificuldades.
Os membros da Constelação Familiar, por ocasião de qualquer ocorrência trágica, mais do que nunca, devem-se apoio mútuo, entendimento recíproco, levando em consideração que alguns deles são mais frágeis emocionalmente do que outros que melhor resistem aos golpes do destino. É comum – em um processo de transferência psicológica de a própria insegurança acontecer após graves desastres, o afastamento do casal, que sempre transfere de um para o outro o que considera a culpa pela ocorrência infeliz.
“O amor é o eterno fundamento da educação”. Johann Heinrich Pestalozzi

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