segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Texto contido no livro O Paulo de Tarso dos Nossos Dias



explicando este despretensioso livro:

ESPIRITISMO PARA TODO O SEMPRE!

(ESTUDANDO COM O INIMIGO)

Diz-nos Joanna de Ângelis, no livro organizado pelos confrades Miguel e Therezinha Sardano, com o sugestivo título S.O.S. FAMÍLIA: ”A transformação do lar em célula viva do Cristianismo operante constitui labor impostergável... Acende o sol do Evangelho em casa, reúne-te com os teus para orar e jamais triunfarão trevas em teu lar, em tua família, em teu coração”.

Outro dia, uma senhora bem jovem ainda, questionou-me o porquê dos jovens não se sentirem estimulados, incentivados, a militarem na Doutrina Espírita. A opinião era dela. Seus três filhos não frequentam as hostes dedicadas ao Espiritismo. Disse-lhe que na minha acanhada opinião, nós, os pais espíritas levávamos nossas crianças e jovens à natação, aos cursos de informática, aos cursos de línguas estrangeiras mesmo que eles não estivessem muito propensos a esses estudos complementares...Mas, para as aulas de evangelho, ou para as mocidades espíritas eles só iriam se poracaso assim o desejassem. Logo, se problema algum havia, seria com os pais, não com os jovens. Esses moços estariam lendo a Codificação? Estudavam-na? Passei a lembrar que jovem ainda embalara-me na doce canção que a Doutrina Espírita representa para mim, através de um jovem marido e de um também jovem orador espírita que soubera com suas palavras arrebatadoras e com exemplos, carrear a mim e a tantos outros para a Codificação. Logo, o problema seria falta de exemplos? Talvez...Contei-lhe:

Ao me casar, em 1963, quando arrumava nossos pertences na nova morada, encontrei alguns livros espíritas, que pertenciam ao meu marido, espírita convicto. Coloquei-os, então numa pequena prateleira, num quartinho-despensa nos fundos da nossa residência para que não atrapalhassem os belos exemplares encadernados de nossa estante de jacarandá. O tempo foi passando...

Outono de 1965. Anunciava-se, à tarde uma greve de ônibus. Estávamos num dos núcleos da Universidade do Brasil, atual U.F.R.J., no centro da cidade, na Esplanada do Castelo. Como voltar para casa? Então, minha amiga, Jurema Miranda, filha do Gal. Gothardo Miranda, incansável trabalhador da seara espírita, convidou-me a ficar em casa de sua avó, por algumas horas, até tudo se normalizar. Aceitei com prazer a oferta gentil. Fomos andando a pé do centro da cidade até a rua Mariz e Barros, na Tijuca. Era longe, mas, éramos jovens. Fomos conversando. Jurema falava de Espiritismo, da Cruzada dos Militares Espíritas, de uma Casa Espírita em Botafogo - o Cristófilos; de um tal de André Luiz, de Kardec, falando, falando... Eu? Desesperada, revoltada! Como uma moça daquelas, rica, bela, casada, possuidora de tantos dotes intelectuais ficava encantada com aquelas bobagens de Espiritismo? O tempo foi passando...

Alguns dias mais tarde, desse acontecimento, Isac convidou-me a assistir a um certo jovem baiano, espírita, que deslumbrava a todos com sua vibrante oratória, e que não ficara somente nas palavras, mas que fundara uma instituição para promoção de crianças e adolescentes. Chamava-se DIVALDO FRANCO. Aceitei. Como recusar o convite do esposo quando recém-casados? Na minha ignorância e arrogância, pressupunha que Espiritismo seria algo somente para pessoas de classes sociais menos aquinhoadas, fiquei espantada por naquele encontro perceber tantas pessoas educadas, distintas, felizes.

Porém, enquanto esperava o orador tivera um insight. Pois não era que todas as minhas amigas eram espíritas? Bastava que eu me interessasse pela amizade de alguma colega, desde os tempos do ginásio, ao entabularmos as primeiras palavras, ela se dizia espírita. Algumas noivavam com rapazes do Colégio Militar, também espíritas. Eu estudava com o inimigo! O Colégio Militar, o Instituto de Educação e a Universidade estavam infestados de espíritas! Eram eles jovens tão diferentes! Não fumavam, não tomavam bebidas alcoólicas, mantinham uma conversação saudável.

Ah! Então, era isso que me encantava neles! Tínhamos todos cerca de vinte e poucos anos.

O baiano começou a falar. E como falava! Comecei a avaliar meus valores. Percebi que essa doutrina viera para todos os filhos de Deus que estivessem dispostos ao Bem. Ao ouvir aquele arrebatado moço descrever sobre Kardec; sobre a reencarnação; lembrar do Cristo, e do Evangelho, fiquei boquiaberta! Ele, alguns anos somente mais velho do que eu já fizera tantas coisas, e eu? Não houvera contribuído com nada de bom e de belo em prol dos meus irmãos em humanidade, somente criticara os espíritas, que estavam obrando em nome de Jesus. O tempo foi passando... Passava devagar. Éramos jovens.

1965. Nasceu Claudia. Seu nome foi colocado em homenagem à esposa de Pilatos, médium, que através de um sonho profético, advertira o marido para não crucificar Jesus.

1966. Estava em gestação novamente. Seria a vez da Isabela renascer. Seu nome foi colocado em homenagem ao pai e à rainha de Portugal, D.Isabel, médium de efeitos físicos, de origem espanhola, logo, Isabela, também conhecida como Rainha das Rosas.

A gravidez dava-me muitas dores na coluna vertebral, e lá no quartinho-despensa havia uma cama de lona que quando aberta, propiciava-me alívio às dores. Naquela tarde, com dores deitei-me na tal cama de lona, e ao olhar para cima meus olhos bateram na prateleira onde jaziam os livros espíritas do Isac: a Codificação Kardequiana e o livro “Nosso Lar” de autoria de André Luiz, escrito pelas abençoadas mãos de Francisco Cândido Xavier.

Como eu estava sem nada de novidades para ler, e como sou traça de biblioteca, resolvi ler aquelas bobagens. O Espiritismo, desde esse dia, veio como cisne de luz a me retirar dos olhos as densas trevas da ignorância. Eu que não tinha explicações plausíveis para certos fenômenos que comigo ocorriam, passei a entendê-los... O tempo foi passando.

1967. Nilda de Brito Villela, espírita, sobrinha do Dr. Imbassay, espírita de escol, ligou-me propondo um emprego. Não podia aceitá-lo, disse-lhe que ainda me encontrava de licença para aleitamento, mas perguntei-lhe de chofre qual Centro Espírita que ela frequentava. Do outro lado do fio, Nilda, espantada, abre os olhos desmesuradamente, pede uma cadeira, senta-se e dá-me o endereço da Associação Espírita Nosso Lar. No Domingo ao chegarmos, Tio Wilson e Tia Wilma cantavam com as crianças, de sua autoria, a bela canção “A caminho da Luz”. Encantei-me com a pureza e simplicidade daquele momento. Ficamos na Doutrina, os quatro, para todo o sempre!

1998. Então, agora avó, militando no Grupo Espírita André Luiz há trinta anos, saindo das felizes recordações, continuei falando à jovem mãe daqueles três rapazes entediados com a Doutrina Espírita. Entediados! Que tal lerem as boas obras que o Espiritismo nos oferece, frequentarem núcleos idôneos, ou talvez...

Quem sabe?...

Talvez a angústia cedesse lugar à esperança..

(Texto recebido em email de Ana Maria Spranger)

Divaldo Pereira Franco proferindo palestra na cidade do Rio de Janeiro

no mês de setembro de 1956

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