quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Jesus

"E eu, quando for levantado da terra,

todos atrairei a mim". João 12:32

Descrição: C:\email\24-12-2011_arquivos\image014.jpg
Enquando fulguravam em ouro os raios do astro-rei, banhando a Natureza de incomparável festa de luz, foram pronunciadas as últimas palavras, ditas as instruções finais e significativas, e delineadas as rotas para as tarefas do futuro. Nimbado por indefinível claridade, Ele ascendeu lentamente, ante a explosão de lágrimas dos companheiros e as esperanças de redenção pelo trabalho no porvir.

A montanha, na Betânia, diminuía, os horizontes do mundo se ampliavam e os Seus olhos banhavam de ternura o fecundo campo de trabalho, onde as flores do amor deveriam desabrochar, através dos tempos, sob Sua inspiração.

Convivera entre aquelas gentes simples estabelecendo as bases da edificação fraterna para os espíritos.

Apagara-se para ministrar humildade e descera para melhor servir.

Dispensara intermediários nos seus planos e viera, Ele mesmo, participar dos mínimos preparativos, demorando-se cada dia e a todo instante, no mais acendrado desvelo, de modo a infundir pelo exemplo, as lições firmes do dever e da abnegação.

Prevendo as consequências políticas, sociais e espirituais da Sua mensagem na História dos tempos, podia divisar, desde já, as legiões dos que se deixariam sacrificar e seviciar, permanecendo fiéis aos postulados da Verdade até à morte infamante...

Assim pensando, o Rabi se inundou de inusitada alegria.

Os conquistadores preparavam soldados e mercenários, infundindo terror e utilizavam-se das estratégias bélicas, estabelecidas pela impiedade, pela espionagem, pela traição. Combatiam corpos, espoliavam cidade, esmagavam as aspirações dos povos enfraquecidos...

Ele chegara anônimo e partia espezinhado. Legara, porém, aos que ficaram confiantes, a armadura da paciência, as armas do amor e a estratégia do bem incessante e infatigável...

O campo, talvez ficasse muitas vezes juncado de cadáveres... cadáveres dos seus legionários que se dariam ao sacrifício, mas que jamais sacrificariam outrem.

Oferecera-lhes os instrumentos desconhecidos, até então, da concórdia e da mansidão, e inaugurara um estranho e singular modo de combater: o combate da não-violência.

Para Ele, por essa razão, no entanto, aparentemente não houve lugar... Todavia, das lições vivas e incorruptíveis do Seu amor brotaram bênçãos e o punhado de Espíritos revestidos pelas vestes carnais que ficavam na retaguarda, paulatinamente, alcançariam os altos e inamovíveis objetivos a conquistar logo mais.

Eram singelo pólen, que, entretanto, fecundaria a humanidade inteira, vencendo as distâncias e os tempos.

No infinito das horas, chegaria o momento da comunhão final com os amados e o triunfo total sobre as misérias que convulsionavam as mentes e os corações.

Recordou-se daqueles homens e mulheres arrancados dos seus quefazeres diários para a incomparável jornada do socorro fraternal. Nem eles mesmos se aperceberam da significação profunda do "abandonar tudo e segui-lO".

Acarinharam, meses a fio, estranhas e ingênuas esperanças; lutaram entre si disputando primazia, sonharam quiméricos triunfos, aspiraram a honrarias banais... Agora, lentamente, aclaradas as interrogações que perturbavam a faculdade de raciocinar e nublavam os seus sentimentos vacilantes, podiam pressentir a elevada responsabilidade de que se encontravam, por fim, investidos.

Sairiam pela terra, qual discreto perfume de poderosa impregnação e, por onde passassem, sem o perceberem, deixariam sinais inapagáveis.

Escolhera-os, de diversas procedências, corações comprometidos com os vários misteres do dia a dia.

A uma mulher habituada aos coxins de seda e à sedução, oferecera valor e forças para, renovada, ser exemplo vivo da vitória do espírito sobre a carne putrescível.

Tocara jactancioso "doutor da Lei", ensejando-lhe penetração profunda no complexo mecanismo dos renascimentos purificadores.

Acenara a um administrador fiel as esperanças do Reino, restituindo-lhe a filha enferma, em eloquente atestado sobre o valor da saúde espiritual...

Confundira com o verbo simples e as atitude desataviadas, os hipócritas e mentirosos, os enganadores eos que se compraziam na malversação dos valores de toda natureza.

Os amigos, íntimos comensais de toda hora, escolhera-os entre as funções modestas do povo, adestrando-os em regime de austera disciplina e incessante afeição para as lutas intermináveis da dedicação sem limite...

Sabia que a Sua voz, eles a levariam cantando, suarentos e trôpegos, mas resolutos e conscientes, a todos os espíritos lenindo as terríveis ulcerações que minavam o organismo da humanidade.

As mãos da cupidez e da criminalidade se levantariam, todas as torpezas seriam arregimentadas, a mais infames armas seria utilizadas contra, enquanto eles ficariam fiéias ao Seu testemunho, percorrendo a Terra.

Podia vislumbrar as labaredas e as cruzes, os animais e os gládios, as crueldades ímpares e as perseguições implacáveis que movimentariam contra eles, sem lhes diminuírem o ânimo nem lhes quebrantarem a coragem, pois que se sustentavam na Igreja da Revelação assentada na rocha da Verdade, com a argamassa do Seu sangue e o selo da Sua ressurreição, ficando reservado ao futuro o resultado do Seu exílio por amor...

O cordeiro confraternizaria com o lobo e o joio cederia lugar ao trigo, enflorescendo a gleba humana com as bênçãos da paz integral.

"Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens" - entoavam as vozes angélicas, saudando o Rei Excelso que chegava ao sólio do Altíssimo.

O Divino Amigo, além da esfera de sombras em que ficaram os homens embrulhados em paixões e ansiedades, com o espírito tímido de confiança, abriu os braços e todo harmonia balbuciou, pensando naqueles que O seguiriam através dos tempos:
"Pai Nosso, que estais no Céu"..., retornando ao seio dAquele que O enviou, sem se apartar, porém, dos lutadores da retaguarda terrena, até a "consumação dos evos".
* * *
Desde então, o sofrimento e a dor encontraram amparo em débeis mãos que se fortalecem ao contato do trabalho cristão.

Por onde passe a hidra da guerra, semeando cadáveres e destruição, seguem empós, corações abnegados, atendendo à viuvez, à orfandade, ao abandono e à miséria.

Não mais a impiedade se instalou na Terra nem a perseguição conseguiu pleno triunfo.

Em toda parte Ele tem estado presente e o simples enunciado do Seu nome é vigoroso estímulo para a liberdade e a paz do espírito.

Não triunfando no mundo, Jesus venceu todas as vicissitudes e estabeleceu as balizas do Novo Mundo da Humanidade Feliz, em cuja construção estamos unidos todos nós, desencarnados e encarnados, no exercício da aprendizam e vivência evangélica.

AMÉLIA RODRIGUES

(Do livro "Primícias do Reino", psicografia de Divaldo Franco)

(Texto da Internet: http://jornalespiritamontecarmelo.blogspot.com/2011_04_01_archive.html)

Descrição: Ficheiro:Wga Garofalo Ascension of Christ.jpg

Ascensão de Cristo por Garofalo

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Wga_Garofalo_Ascension_of_Christ.jpg

Descrição: C:\email\24-12-2011_arquivos\image016.jpg

Jerusalém, Israel. Foto Ismael Gobbo

Nenhum comentário:

Postar um comentário