terça-feira, 8 de novembro de 2011

A pergunta de Divaldo

Wellington Balbo (Bauru, SP)

Desde que conhecera o Espiritismo, há dez anos, Ademar se entregara de corpo e alma ao trabalho na instituição espírita de seu bairro. Tornara-se um trabalhador incansável servindo nas mais variadas frentes: auxiliava na limpeza, distribuía mensagens, colaborava no almoço fraterno de domingo. Todas essas atividades eram desempenhadas na mais pura e comovente alegria. Ademar tinha invariavelmente um sorriso, uma palavra de bom ânimo, um abraço amigo para confortar quem dele se aproximava.

Seu esforço era contagiante. Quando a enfermidade visitava algum amigo ou amiga, lá estava Ademar orando, visitando, auxiliando o necessitado (a).

Porém, certa vez a enfermidade bateu na porta de sua família. A querida esposa, companheira de tantos anos, foi acometida de grave doença. Em prazo de alguns meses seu desencarne estaria consumado.

Ademar, o incansável trabalhador, o amigo de todos os momentos, o seareiro da Boa Nova, se negava a acreditar que tamanha “tragédia” batia à porta de sua família. Revoltado com a Divina Providência que, segundo ele, esquecera-se de olhar para sua esposa, abria os braços e bradava aos céus, como se cobrasse de Deus:

Por que comigo? Por que isto foi acontecer justamente comigo?

O notável tribuno baiano Divaldo Pereira Franco, em uma de suas palestras propôs o seguinte questionamento para que não nos revoltemos quando as adversidades da existência nos visitarem. “Por que não comigo?”

Excelente! Em vez de perguntarmos, prepotentes: “Por que comigo?” Importante perguntarmos, humildemente: “Por que não comigo?”.

Esta pergunta proposta por Divaldo nos faz acordar à realidade. Sim, por que não conosco? Por que as enfermidades não irão visitar nossa família? Por acaso somos melhores do que os outros?

O bom senso assevera que não, ou seja, estamos sujeitos às dificuldades inerentes a este planeta de provas e expiações. A grande questão está em: como iremos passar pela provação que nos visita?

Com serenidade, não obstante as agulhadas da dor?

Ou:

Revoltados, julgando Deus um pai insano que castiga seus filhos?

O problema de Ademar foi ser prepotente a julgar que as atividades desenvolvidas no Centro Espírita iriam o alçar a um patamar inalcançável, onde as provações não lhe visitariam. Por isso revoltou-se. Em realidade, Ademar interiormente fazia troca com Deus. Colaboro no Centro Espírita, porém, nada quero de dificuldades.

Contudo, a história de vida de valorosos espíritas, que deram vasta contribuição ao movimento, mostram que foram eles acometidos de inúmeras dificuldades no curso de suas vidas. Porém, nada de revoltas. Alegria e agradecimento notabilizam o servidor desinteressado.

A propósito, o inesquecível Jerônimo Mendonça é exemplo marcante de humildade. Paralítico, num leito há mais de trinta anos, cego há vinte anos, Jerônimo Mendonça percorria o Brasil com palestras de divulgação da Doutrina Espírita. Mais: adorava cantar e escrever, por isso gravou discos, escreveu livros e fundou Centro Espírita. Espíritos como Jerônimo Mendonça não se revoltam, porque humildemente sabem que estão sujeitos as complicações da vida na Terra, por isso, em vez de perguntarem: “Por que comigo?”, seguem o que diz Divaldo e afirmam: “Por que não comigo?”.

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