terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Registro. Roteiro de Divaldo Pereira Franco pelo Estado de São Paulo. Jundiaí.


21-11-2015

Na noite deste sábado, o médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco realizou uma conferência pública no Conjunto Poliesportivo Dr. Nicolino de Lucca, na cidade de Jundiaí/SP, para um público de cerca de 5000 pessoas.

Evocando a fatídica “Noite dos Cristais”, promovida pelo Terceiro Reich, Divaldo narrou a história do extraordinário psiquiatra austríaco Viktor Frankl, que, por ser judeu, foi  preso com sua esposa e pais pelas tropas nazistas e levados a campos de concentração. Todos os seus familiares morreram e Viktor decidiu estabelecer para si, ainda preso, um sentido existencial profundo: sobreviver àquelas terríveis condições para poder, posteriormente, denunciar os horrores do holocausto e, assim, despertar nos indivíduos uma consciência e responsabilidade a respeito da dignidade humana.

E o ideal adotado pelo Senhor Frankl tornou-se realidade. Após sua libertação, tornou-se um dos mais notáveis psiquiatras dos últimos tempos, tendo criado a escola da Logoterapia, que explora o sentido existencial do indivíduo e a dimensão espiritual da existência.

Foi recordado que as grandes questões filosóficas que sempre inquietaram a mente humana receberam, ao longo da História, várias definições e tratamentos. Qual o sentido da vida? O que é a vida? Por que viver? Haverá vida após a morte? De onde viemos?

Sócrates, filósofo grego do século 4 a.C., estabeleceu que o ser humano existia antes da fecundação e sobrevivia após o processo de morte física. Além disso, afirmava constantemente que era orientado por um daimon ( um espírito, guia), com quem dialogava frequentemente e que o guiava durante a jornada terrestre. Platão, seu discípulo, falava a respeito do mundo das ideias ou Eidos, de onde todos viríamos, pela via da reencarnação, e para onde todos retornaríamos após o decesso, por sermos almas imortais. A dimensão física seria uma cópia grosseira do mundo causal ou espiritual.

Prosseguindo na investigação e análise do pensamento histórico e filosófico, o orador falou a respeito também da proposta de Aristóteles, que dizia que o ser humano é constituído da síntese de três elementos: o biológico, o racional e o divino.

Essa filosofia espiritualista sempre esteve presente nas sociedades de todos os tempos, falando-nos sobre a causalidade inteligente de todas as coisas, a reencarnação, a imortalidade da alma, a comunicabilidade dos Espíritos e a ética.

Foi narrada a saga do príncipe Sidarta Gautama, o Buda, da sua infância e vida nababesca ao encontro com a realidade e o despertar de sua consciência, com sua posterior iluminação. Para ele, a vida teria um sentido muito especial, que seria o amor, a compaixão, e deveria ser experienciada pelo denominado caminho do meio ou do equilíbrio.  Buda estabeleceu quatro nobres verdades: a realidade do sofrimento; a realidade da origem do sofrimento; a realidade da cessação dos sofrimentos; a realidade do caminho para a cessação do sofrimento. Ele também criou a prática do caminho óctuplo, a versar sobre a sabedoria, a conduta ética e a concentração.

Fazendo um paralelo com os ensinamentos de Jesus, Divaldo ressaltou que esse mestre galileu também falava sobre as causas dos sofrimentos e sobre sua profilaxia e tratamento, que teriam o amor como base essencial, isto é, o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

O Amor, conforme falado e exemplificado por Jesus, transcendeu a dimensão meramente religiosa ou mística, para adquirir, segundo os mais notáveis especialistas modernos da Psicologia, Medicina e Física Quântica, uma feição psicoterapêutica, com benefícios nos aspectos físico, emocional e espiritual da criatura humana.

Por essa razão, explicou o palestrante, o Amor apresenta-se como um objetivo psicológico profundo de nossas vidas, sendo indispensável exercitarmos não apenas o amor aos semelhantes, mas também o automor, o respeito a si mesmo. Como derivados desse amor, surgiriam o perdão aos outros e o autoperdão.

A vida dos seres denominados fisiológicos, que vivem para o atendimento dos apelos dos instintos básicos (comer, dormir, fazer sexo) e que se entregam ao consumismo, ao individualismo e à sexolatria, apresentaria  profundas frustrações e o vazio existencial; como consequência, surgiriam neles variados transtornos psiquiátricos, notadamente a depressão e a bipolaridade, com os altíssimos riscos de suicídio.

Conforme esclareceu Divaldo, é comum que pessoas de boa índole, de conduta reta, de moral equilibrada, vez que outra, apresentem comportamentos estranhos e incorretos, o que mereceu um estudo aprofundado do psiquiatra Carl Gustav Jung nesse sentido, que dizia que esses maus comportamentos eram originados do lado sombra da criatura humana, o que Allan Kardec chamou de as nossas imperfeições morais.

Por essa razão, seria indispensável que nos ocupássemos com afinco da tarefa recomendada pelos nobres Espíritos na resposta que ofereceram à pergunta de número 919 de O Livro dos Espíritos, a respeito de um meio prático e eficiente de nos melhorarmos nesta vida e resistirmos à atração do mal: o autoconhecimento, com vistas à autoiluminação.

Para demonstrar a realidade transpessoal da criatura humana e a sua natural paranormalidade, o médium narrou fatos históricos mediúnicos da vida de Apolônio de Tiana, de Dante Alighieri, do Papa Pio V, de Emmanuel Swedenborg, assim como de sua própria vida, e asseverou que o Espiritismo é o Consolador prometido por Jesus, a nos dar, por meio da lógica e dos fatos probantes, a certeza da existência de Deus, da imortalidade da alma, da comunicabilidade dos Espíritos e da reencarnação.

Sendo, portanto, seres imortais, de passagem breve pela experiência física e com o retorno certo para o mundo espiritual, lógica se torna a eleição da imortalidade como o sentido psicológico profundo de nossas existências, a fim de que, por meio do exercício do amor ao próximo e a si mesmo, possamos eliminar a nossa sombra, as nossas imperfeições morais, de modo a demandarmos o Grande-Além em equilíbrio, felizes e plenos.

Os belíssimos versos do Poema da Gratidão, de autoria do Espírito Amélia Rodrigues, a falar das mais puras manifestações do amor, encerraram a conferência da noite.

Texto: Júlio Zacarchenco
Fotos: Edgard e Sandra Patrocínio


(Recebido em email de Jorge Moehlecke)

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