quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Divaldo Franco em Salvador Centro Espírita Caminho da Redenção

18 de dezembro de 2018
A atividade doutrinária de 18 de dezembro, no Centro Espírita Caminho da Redenção, foi apresentada em um formato especial, inusitado na instituição, foi uma inovação, uma experiência. Segundo Divaldo Franco, o evento foi denominado de “sarau natalino festivo”, guardando os objetivos de diminuir as aflições, as dores e tormentos, ao tempo em que apresenta orientações, contribuindo para o autoconhecimento, para o aprimoramento interior. O Semeador de Estrelas, assim definido por Suely Caldas Schubert, dividiu o palco com Juan Danilo Rodríguez, interpretando várias canções natalinas ao longo da narrativa.
O tema foi a Lenda do Quarto Rei Mago, magnificamente narrada pelo orador de escol com várias inserções musicais cantadas por Juan Danilo, voz melodiosa a embalar os corações, enternecendo-os.
Em data muito recuada no tempo, o jovem filho do Rei da Pérsia, herdeiro da coroa, residindo na cidade de Magi, era amante da astrologia, apreciando a beleza dos céus. Dizia o jovem ao seu pai que as estrelas falavam com os habitantes da Terra, bastando para tal, fazer silêncio. Elas se comunicam em uma linguagem atípica, apontam o destino e possuem uma linguagem recheada de beleza, afirmava o jovem príncipe.
Naquela época Artaban, o príncipe herdeiro, percebeu que a conjunção dos astros anunciava o alvorecer de uma nova era, confirmando com outros magos a preciosa informação estelar. Sonhador, disse ao pai que iria atender aquela formação das estrelas, pois que apontavam, tal um cometa, o local onde nasceria o enviado. O Rei, embora duvidoso, mas crente da chegada do ungido, aguardado a tempo no coração, diz ao filho, que se o encontrasse, dissesse que o Rei da Pérsia também o ama. Assim, acompanhado do escravo Orontes, o príncipe partiu em busca do destino.
Artaban trocou a sua fortuna por três pedras preciosas, diamante, rubi e pérola. Seriam os presentes oferecidos ao enviado dos céus, o seu Rei Solar. Seus três amigos, da Babilônia, do Egito e da Síria não foram alcançados pelo jovem persa, no local de encontro previamente combinado, na Judeia. Ali já não havia mais habitantes, as casas guardavam aspectos lúgubres, fantasmagóricos, havia cadáveres insepultos pelas ruas, aqui e ali se escutavam o choro de crianças ensanguentadas.
Adentrando-se em uma daquelas casas que abrigavam tristeza e dor, uma mãe em desespero roga-lhe socorro. Herodes havia mandado matar todos os filhos varões, com menos de dois anos de idade. O príncipe persa, solidário, ali permaneceu cuidando daquelas infelizes mulheres. Recebeu noticiais de que o esperado messias havia partido para o Egito. Antes de empreender viagem, deixou para a cidade arrasada e enlutada, uma de suas preciosas gemas, o diamante, para socorrê-los, partindo, célere, em busca do seu Rei.
Orontes, o escravo, se negou a seguir para o Egito, contudo, acompanhou-o, desta forma Artaban iniciou a marcha peregrinando pelas cidades egípcias famosas, encontrando-se com o Faraó, sempre perguntando por aquele Rei apontado pelas estrelas. Artaban havia de encontrá-lo. Depois de cinco anos de infrutíferas buscas, retorna às terras hebraicas. No retorno foi assaltado por salteadores insanos e perversos, roubaram-lhe as suas duas gemas, a esmeralda e a pérola. Os salteadores foram impiedosos, não lhe atenderam o pedido para continuar com a posse das pedras, mesmo informando que se tratava de oferendas ao Rei que estava chegando.
Identificou que aquela comunidade de salteadores era formada por leprosos. Sua líder se chamava Ruth, que para liberá-lo, poupando-lhe a vida, lhe propôs que utilizasse o seu conhecimento em curar, restituindo a vida a uma criança. Artaban manda seu escravo Orontes buscar as ervas e outras poções. Uma aflição tomou conta do coração do príncipe herdeiro da Pérsia, passou a instruir os leprosos, naquele deserto, no cultivo daquele solo, plantando um pomar. Fez-se amado. Continuava consultando os astros que apontavam, ora para Emaus, ora para Cafarnaum. Antes de encetar viagem, deixou com a comunidade de leprosos o precioso rubi, estimulando-os a levantarem-se orarem.
Muitos anos se passaram. Orontes não queria seguir viagem, mas desejava levar seu amo de volta à Pérsia, a fim de obter a sua liberdade. O mago persa lhe dá a liberdade, e, Orontes, tomado de surpresa, indagou como poderia utilizar a liberdade, estava velho, alquebrado e não poderia mais trabalhar. Para onde ir? Estava tão longe de seu solo persa. Viajaram à Jerusalém. Adentrando-na, soube que Herodes havia morrido há vinte anos. Perguntou-se: que idade teria o seu Rei? Sua peregrinação em busca do enviado divino já havia consumido vinte e oito anos.
Ouviu falar de um homem que curava, e que as multidões o acompanhavam. Soube que o Rei Solar estava em Cafarnaum. Lá chegando, não o encontrou, já havia partido. Continuava seguindo as indicações. Olhava a pérola, era para cingir a coroa real, joia formosa. Passaram-se mais dois anos de desencontros. Jerusalém abrira as suas portas para uma revolução. Ouviu dizer que um Rei tentava derrubar o representante do César. Soube que o seu Rei havia sido condenado à morte pelo crime de amar.
No dia seguinte acompanhou a multidão. Ali estava o seu Rei, ferido, agredido, vilipendiado, coroado de espinhos. Correu para o calvário, o monte da Caveira. O tempo tornou-se fúria e o tormento desceu aos corações amorosos. Pensou, a morte é a companheira do berço. Imaginou como teria sido aquela noite santa de natal. Agora, lá estava Ele entre as outras duas cruzes. Chegou a tempo de ouvir a voz melancólica e dorida: Pai, eles não sabem o que fazem. Perdoe-os!
Tomado de desespero, ensandecido, começou a rasgar suas vestes, ouvindo na concha acústica de seu coração, as doces palavras do Rabi dizendo-lhe que havia demorado em chegar, mas que havia razões para isto. Quando oferecestes uma gema aos sobreviventes do massacre, foi a mim que destes. Não te desespere! Quando limpastes os leprosos, foi a mim que curastes. Não chegastes tarde, a gema mais preciosa guardarei em meu coração. Agora, Artaban, vem comigo! Artaban cerrou os olhos e renasceu para a vida. Diz a lenda que ali foi encontrado mais um cadáver que Orontes velava e chorava silenciosamente.
O Quarto Rei Mago, desejando amar Jesus, transferiu o amor aos necessitados e desventurados da Terra, fazendo-nos recordar o Evangelho, destacando o Homem de Nazaré com tanta ternura. As gemas, o Espiritismo transformou-as na tríade: trabalho, solidariedade e tolerância. Fora da caridade não há salvação. É a pérola. Jesus é a caridade máxima, é o amor extremo. Sua mensagem vence os séculos, e apesar da grande noite que se abate sobre a humanidade, logo mais estaremos evocando, pela tradição, o Seu nascimento na noite de 24 para 25 de dezembro. Comemoremos o Natal, a noite feliz, a noite de paz, a noite do nascimento de Jesus.
Finalizando o riquíssimo trabalho, envolvente e sensibilizador, Divaldo Franco, assim se expressou na prece final: Oh Jesus! Evocando aquela noite inesquecível, os teus servidores infiéis, aqui estamos travestidos de ovelhas mansas para seguir o Teu rebanho. Oh Jesus! Possivelmente não Te encontraremos aqui, nem ali, porque Tu está dentro de nosso coração. É necessário que os camartelos do sofrimento arrebentem as arestas da nossa ignorância para que Tu, como diamante divino, possa brilhar em nossas almas para sempre. Nasce Jesus, renasça em nossa vida, hoje, amanhã, depois, porque, se contigo as dificuldades e desafios nos molestam, infelicitam, imagina Senhor, o que será de nós sem termos a Tua doce e segura companhia. É por isto que celebramos o Teu Natal. É por isso que Tu és a razão da nossa vida, cuja à vida Tua entregamos a nossa. Fica conosco Senhor e não nos abandones nunca. Em Teu nome, em nome de Deus, de Nossa Mãe Santíssima e dos Espíritos Nobres, encerramos a nossa reunião com votos de paz e alegria para todos. Muito obrigado.
Observação: A Lenda do Quarto Rei Mago está contida, em expressões mais aclaradas, na obra Divaldo Franco e o Jovem, uma compilação de Delcio Carvalho, da Editora Leal, capítulo 8 – (lenda persa, na cidade de Magi, história de Malba Tahan, ou Prof. Júlio César de Mello Souza (1895-1974).
Texto: Paulo Salerno
Fotos: Jorge Moehlecke