quarta-feira, 6 de março de 2019

Divaldo Franco - 35° Congresso Espírita do Estado de Goiás Goiânia

Família, Vida e Paz, Goiânia
05 de março 2019

Texto: Carlyne Paiva,  Fotos: Edgar Patrocínio


No dia 05 de março de 2019, terça-feira de carnaval, Divaldo Franco realizou o seminário, de temática central “Família, vida e Paz”, no 35ᵒ Congresso Espírita do Estado de Goiás , organizado pela FEEGO.
Para abordar o tema proposto, Divaldo iniciou sua fala relembrando ao público presente sobre o mito de Tirésias, originado na Grécia Antiga, em que este famoso profeta de Tebas  foi cegado por Hera ao decidir uma questão a favor de Zeus:  ele sabia que a sua decisão levantaria a ira do o deus derrotado.
Tirésias dá razão a Zeus, dizendo que a mulher ama mais que o homem, deixando, assim, Hera, furiosa por sua derrota. Mas Zeus, compadecido e em recompensa por Tirésias ter dado a ele a vitória, deu-lhe o dom da previsão, da visão interior, pois cego para as coisas externas, poderia concentrar-se mais em seus valores internos.
Esse mito pode ser considerado uma reflexão à proposta psicológica eminentemente terapêutica de harmonia dos relacionamentos humanos, não apenas os de natureza sexual, mas também aqueles que dizem respeito a sexualidade.
Sobre a questão da visão anterior, que pode ser considerada a do mundo, e a visão atual, a do ser, Divaldo convida a rememorar Platão em um de seus diálogos, “A República”, mencionando que a   verdadeira felicidade humana depende de uma ética: sistema de valores através dos quais o indivíduo tem a paz da sua consciência. A ética é de natureza abstrata, sendo somente uma informação de natureza equilibrante. Este mesmo princípio ético é citado por   Sócrates, em uma famosa frase, para quem foi-lhe dada a autoria, mas que advém dos sete sábios da Grécia antiga: “conhece-te a ti mesmo”. Na questão 919, d’O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta: “Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?” e obtém como resposta: "Um sábio da antiguidade vo-lo disse: conhece-te a ti mesmo."
 Para Platão, a verdadeira ética é o sentido de equilíbrio do indivíduo perante o próximo, a sociedade e a si mesmo, porque somente o ser humano que tem a responsabilidade pelo autoconhecimento é capaz de compreender e confraternizar. 
Ao ser sentenciado por seus acusadores, Sócrates optou em morrer, pois estava mais preocupado em ser um indivíduo ético, sem tentar se defender em absoluto, porque, para ele, não era ética, a defesa.  E quando a sua esposa lhe indaga sobre o ato de não se defender, lembrando-lhe que era inocente, ele redargui dizendo que tanto assim, melhor, porque se fosse culpado, estariam fazendo justiça.
Para Divaldo, a ética é o equilíbrio, são os dizeres de Jesus, é o Amor, é nunca devolver o mal, porque quando o mal nos perturba, não nos faz mal:  se não dermos valor, ele não tem nenhum sentido. Cita Aristóteles e o ideal de beleza, afirmando ser necessário uma ética, que só possui fundamento se estiver dentro de um conceito estético, que deve estar no bom comportamento e no bem conviver.

Para desenvolver melhor sobre a ética, também menciona Saulo de Tarso, que na cidade de Damasco, carrega cartas para prender Ananias e assim desbaratar o primeiro grupo de cristãos fora de Jerusalém. Mas, eis que uma luz cinde do céu, quebrando a do sol e cegando-o. Era Jesus, que em sua ética lhe pergunta sem nenhum subterfúgio: “A quem persegues?” E, como o servo que reencontrou ao seu senhor, Saulo pergunta, em uma decisão ética “o que queres que eu faça?”.
Divaldo, numa pergunta retórica, indaga por que se aceita Jesus, para logo após responder que somente Ele preenche o vazio existencial. Este advém da visão do mundana, que é transitória. Já a visão interior é o mundo de uma concepção, é a beleza que está dentro de nós, que é deus e está miniaturizado no ser em que  se é  constituído. Por isso,  vem a necessidade do amor familiar, doméstico, pois a doutrina espírita é a do equilíbrio da família, sem que haja nenhuma submissão entre seus constituintes, mas sempre pregando a  harmonia.
Humberto de Campos, no livro:  A Boa Nova, narra um episódio em que Maria vai visitar Isabel  e enquanto as duas estão conversando, João e Jesus, que então por volta de 4 a 5 anos de idade,  vão até à beira de um precipício. Maria pergunta  a seu filho, o que fora fazer ali e ele responde-lhe: “vim tratar de assuntos de meu Pai”. Nesta passagem da vida de Jesus, duas famílias se apresentam:  a de Isabel e a de Maria, mas acima de tudo, Jesus menciona que a sua não é a família biológica, consanguínea (a mesma que tem o dever de educar para oferecer o indivíduo ao mundo), mas, sim,  a família espiritual. Nos três primeiros séculos depois de Cristo,  a verdadeira família,  do ponto de vista cristão,  é a dos homens do caminho, dos cristãos.
 Jesus não veio fundar uma religião, pois ele era o Amor. Ele coloca como fator primordial amar-se para se fazer a viagem interior do autoconhecimento, tendo em vista que,   depois do amor a si próprio, adquire-se a ética e logo após,  a estética, para amar ao próximo.

O Espiritismo não são os espíritas, o movimento espírita é o grupo de indivíduos que está em reforma íntima sob a luz abençoada da doutrina.  Logo, se alguém delinque, a decepção não deve ser com o Espiritismo, por se tratar de uma adulteração do indivíduo. A decepção deve ser com o homem. O Espiritismo exige a prática da caridade para conosco mesmo e essa prática  é a proposta de Zeus, no mito de Tirésias: é a visão interna, a iluminação, a busca do ser que somos, no corpo que estamos.
A família é o lugar que Deus colocou o ser humano para desenvolver experiências iluminativas. Afim de  exemplificar este item,  Divaldo Franco narra uma passagem da vida de Archibald Joseph Cronin, presente em seu livro autobiográfico, “Pelos caminhos da Minha vida”, escrito em 1952. Certa feita, quando estava na Itália, Cronin conheceu dois garotos, entre 10 e 12 anos, que vendiam mercadorias na rua, as quais o escritor escocês comprou, tornando-se conhecidos dos meninos. Estes, pertencentes a uma família dantes abastada, tornaram-se órfãos de guerra e recusaram-se a pedir esmolas, preferindo trabalhar. Aos domingos, pontualmente, iam visitar a irmã adoentada numa clínica de ortopedia traumatológica e trabalhavam para pagar semanalmente o tratamento desta, mostrando assim, um exemplo de família. Essas crianças não tinham pais encarnados, mas ao cuidar uns dos outros, constituíam verdadeira família.

Divaldo conta-nos ainda uma passagem de sua vida em que, andando pelas ruas de salvador, viu um  homem  desconhecido desmaiar.  Visando socorrer aquele transeunte, chamou um táxi para levá-lo a uma clínica de saúde.  Correndo até a recepção do hospital, a recepcionista aconselhou-o a não se envolver com aquele homem necessitado de auxílio, mas que não era de sua família biológica. Porém, com a insistência de Divaldo em auxiliar, o diretor do hospital intervém e presta os primeiros socorros ao homem ainda anônimo.
Já com o paciente fora de perigo, o diretor convida Divaldo para ir até a sua sala e lhe conta a história: sua mãe era descendente de alemães e seus pais vieram para o Brasil após a segunda guerra mundial. Dois anos depois seu pai morreu e sua mãe, que não falava o idioma português e que estava tendo dificuldades de adaptação em Salvador,  foi lavar roupas às famílias ricas.  Já na juventude, disse à sua mãe que queria ser médico e ela não mediu esforços para que ele pudesse estudar.  Na semana da formatura, a mãe chamou-lhe,  e ele,  por sua vez,  encontrou-a morrendo, vítima de tuberculose. E, num diálogo comovedor, a mãe falou-lhe sobre não poder ir à formatura, mesmo querendo estar presente. Por causa de episódio, tornou-se tisiologista.
Divaldo Franco, encerra sua palestra dirigindo-se aos ouvintes, agradecendo-os  de maneira comovedora e dizendo que esses integram a sua família universal e espiritual.

(Recebido em email de Jorge Moehlecke) 

(Recebido em email de Jorge Moehlecke) 

Divaldo Franco - 35° Congresso Espírita do Estado de Goiás - Goiânia

03 e 04 de março 2019

Texto: Djair de Souza Ribeiro,  Fotos: Edgar Patrocínio

Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?
Uma vez mais o Centro de Convenções de Goiânia foi escolhido pela Federação Espírita do Estado de Goiás (FEEGO) para a realização do 35º Congresso Espírita do Estado de Goiás com o tema Família, Vida e Paz.
Na manhã do dia 03 de março no Teatro Lago Azul e ainda na tarde do dia 04 de março nas dependências do Teatro Rio Vermelho, Divaldo Franco desenvolveu o tema “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”.
A presente síntese abarca ambas as conferências.
Divaldo inicia referindo-se ao criminoso mais famoso da história: Alphonse Gabriel mais conhecido mundialmente como "Al" Capone (1899 - 1947). Esse gângster ítalo-americano liderou um grupo criminoso dedicado ao contrabando e venda de bebidas entre outras atividades ilegais, durante a Lei Seca que vigorou nos Estados Unidos nas décadas de 1920 e 1930 do Século XX.
Sua fama ficou patente num crime bárbaro pelo qual sete (7) pessoas foram cruelmente assassinadas e que passou à história como o Massacre do Dia de São Valentim ou Massacre do Dia dos Namorados, pois foi cometido no dia 14 de fevereiro de 1.929 data consagrada às comemorações do Dia dos Namorados nos EUA.
Al Capone tinha um advogado – famoso por livrar o gângster com facilidade da cadeia - apelidado de “Easy Eddie” (1893 - 1939), um excelente profissional cuja maior habilidade estava em manobrar no cipoal de leis americanas para manter seu cliente - Al Capone - distante da prisão.
Em retribuição o gângster mafioso, pagava regiamente seu advogado, fornecendo-lhe uma mansão que ocupava um quarteirão inteiro em Chicago.
Indiferente às atrocidades praticadas por seu cliente, o advogado e sua família desfrutavam de uma situação econômica confortável, além de pertencerem aos quadros sociais mais destacados da sociedade local.
“Easy Eddie” providenciava tudo quanto o dinheiro pudesse adquirir ao seu filho, inclusive as melhores escolas.
Impossibilitado de dar bons exemplos, o advogado – paradoxalmente - sempre reiterava ao filho a importância dos bons valores morais, enfatizando as ações corretas e as incorretas. O advogado do mais cruel assassino buscava com seu empenho tornar o filho melhor do que ele fora.
Seja por ter-se cansado de ver as atrocidades à sua volta, seja pela voz da consciência ou ainda como um legado de bom exemplo de conduta moral ao filho, “Easy Eddie” tomou uma decisão difícil na busca por corrigir as injustiças de que havia participado como advogado de Al Capone.
Procurou as autoridades federais contando-lhes a verdade sobre seu cliente na tentativa de limpar seu nome enlameado, permitindo ao filho usar com orgulho o nome familiar.
No dia do julgamento o advogado – mesmo ciente de que seria executado por esse gesto – testemunhou contra o ex-patrão, condenado a onze (11) anos na prisão federal de Alcatraz pelo crime de sonegação do Imposto de Renda.
Passado algum tempo desde o testemunho no Tribunal, “Easy Eddie” foi morto a tiros enquanto dirigia pelas ruas de Chicago. Levado, anda com vida, ao Hospital local o advogado sabia que morreria, porém aos olhos dele, ele tinha dado ao filho o maior exemplo que poderia oferecer, mesmo diante do maior preço que poderia pagar: a própria vida.
A polícia recolheu em seus bolsos um rosário com crucifixo e um recorte de uma revista com um pensamento que dizia:
“O relógio da vida recebe corda apenas uma vez e nenhum homem tem o poder de decidir quando os ponteiros pararão, se mais cedo ou mais tarde”.
“Agora é o único tempo que você possui”.
“Viva, ame e trabalhe com vontade”.
“Não ponha nenhuma esperança no tempo, pois o relógio pode parar a qualquer momento”.
Divaldo faz uma breve pausa para em seguida referir-se novamente a Chicago de Al Capone que além do gângster, foi, também, a cidade que ofereceu aos EUA um dos seus maiores heróis durante a Segunda Grande Guerra Mundial: O tenente-comandante Edward Henry O'Hare (1914 - 1943) piloto da Marinha dos Estados Unidos, que em 20 de fevereiro de 1942 tornou-se o primeiro ás voador da Marinha que atacou - mesmo sozinho e tendo uma quantidade limitada de munição - nove (9) aviões bombardeios japoneses que se dirigiam para atacar o porta-aviões americano “USS Lexington”. Somente era considerado um “ás” o piloto que abatesse em uma única batalha mais do que cinco (5) aviões inimigos.
Audaciosamente, sem se preocupar com sua própria segurança, ele abateu ou danificou muitos das aeronaves inimigas, sendo, por essa façanha, o primeiro piloto naval a ser laureado com a Medalha de Honra na Segunda Guerra Mundial. A imprensa rapidamente apelidou de “Butch O’Hare” (algo como “O’Hare o Exterminador”, em português).
No ano seguinte “Butch O’Hare” morreu – aos vinte e nove (29) anos - em combate aéreo.
A Chicago de Al Capone e dos crimes bárbaros do passado, não permitiu que a memória de “Butch O’Hare” o herói da Segunda Guerra desaparecesse, e hoje, o Aeroporto da cidade, um dos mais movimentados e importantes dos EUA e do Mundo, tem o nome de Edward Henry O'Hare em tributo à coragem deste grande homem.
Após a exposição dessas duas (2) narrativas Divaldo conclui:
Ambas as histórias têm algo em comum e não se deve ao fato de envolverem a cidade de Chicago. O ponto de atração entre elas é que “Butch O’Hare”, o herói da Guerra, era o filho de “Easy Eddie” o advogado de Al Capone cujo exemplo de sacrifício em favor do que era moralmente correto acabou por permear o comportamento e a índole do filho.
* * *
Allan Kardec indagou aos Espíritos Superiores (questão 208 de O Livro dos Espíritos):
Nenhuma influência exercem os Espíritos dos pais sobre o filho depois do nascimento deste?
E a resposta dos Tarefeiros do Amor do Cristo não deixa margem a qualquer dúvida sobre a responsabilidade dos pais:
 “Ao contrário: bem grande influência exercem. Conforme já dissemos, os Espíritos têm que contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus filhos pela educação. Constitui lhes isso uma tarefa. Tornar-se-ão culpados, se vierem a falir no seu desempenho.”
* * *
Com acurado conhecimento em torno do Evangelho de Jesus associado aos fatos históricos, sociais e culturais da Palestina de Jesus, Divaldo vai enumerando diversas passagens do Mestre desde a constituição de Sua família, passando pelos fatos ligados à sua infância, adolescência e juventude até culminar com o início da Sua missão de amor.
O Evangelista Marcos (Capítulo 3:20 a 35) nos relata de que estando Jesus em Cafarnaum, Seus parentes (Sua mãe Maria e os filhos de José com a esposa de seu primeiro matrimônio e já falecida), residentes em Nazaré – cerca de 30 km de Cafarnaum - vieram ter com Jesus, pois que Seus Irmãos o consideravam "fora de si" e foram depressa "para segurá-lo", a fim de impedir que Seu entusiasmo e Sua exaltação mística lhes prejudicassem diante das autoridades.
Quando da chegada dos parentes, Jesus é informado da presença deles, ao que o Mestre de Amor questiona ao interlocutor:
— Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?
A pergunta, aparentemente desrespeitosa para com Sua mãe, vem demonstrar que Jesus, em Sua missão, não está preso pelos laços consanguíneos. A família espiritual é muito mais sólida, pois os vínculos são espirituais e não materiais, razão pela qual Jesus não pode subordinar-se às exigências do parentesco terreno, mesmo em se tratando de Sua mãe.
Com o olhar benévolo sobre os que O cercavam, Jesus lança mais um ensinamento superior de Sua doutrina inigualável: a de que o ideal é superior aos laços de sangue.
Devemos nos lembrar de que os irmãos de Jesus não partilhavam dos Seus ideais, sendo mais inclinados à postura dos inimigos do Mestre. Com respeito a Sua mãe, não há como duvidar de sua ternura e extremada dedicação, contudo, apesar de seu acendrado amor maternal ela não fazia ideia muito precisa da missão do filho.
Após essa abordagem rica e esclarecedora Divaldo conclui sua abordagem alertando:
O grupo familiar é conquista nobre do processo de desenvolvimento humano.
A família, por essa razão, tornou-se a célula mater. do organismo social onde se desenvolvem os sentimentos, a inteligência, e o ser espiritual desperta para as realizações nobres da vida.
Por isso, toda vez que a família se desestrutura a sociedade cambaleia, a cultura degenera, a civilização se corrompe.
Famílias há que contêm integrantes que odeiam a outro ou mutuamente entre si.
E para emoldurar esse pensamento, Divaldo narra a história de beligerância – aparentemente gratuita – que prevalecia entre uma irmã sua e o pai de ambos.
O ódio entre pai e filha era recíproco a ponto de ambos alimentarem o desejo de eliminar ao outro sem que fosse detectada a causa de tanta animosidade. Essa situação – inexplicável - perdurou por longos anos até que Divaldo em um desdobramento espiritual logrou identificar a causa que remontava a encarnações transatas do pai e da irmã.
Em épocas passadas – o agora pai – era um explorador de mulheres no comércio das sensações inferiores e entre as mulheres que ali estavam, havia uma que era sua preferida e amante – aquela que pelas leis do amor de Deus nascera-lhe agora como filha para transmutar as emoções asselvajadas e sublimar as energias instintivas em o verdadeiro amor.
Descoberta a causa, Divaldo envidou todos os esforços para equacionar as dificuldades entre um e outro. Quando o pai aproximava-se da desencarnação Divaldo instou para a irmã dar ao pai – por ela odiado – o perdão no leito de morte que aos dois felicitaria removendo o ódio e as dificuldades. Ambos – pai e filha – abraçaram-se demoradamente perdoando-se mutuamente. Ele retorna ao Plano Espiritual compreendendo a grandeza e sabedoria das Leis Divinas e ela liberando-se de injunções e constrições que lhe permitiram redirecionar os passos alterando a direção existencial.
Após essa narrativa que a todos calou profundamente, Divaldo segue conceituando e nos trazendo sugestões e orientações na condução cristã do núcleo familiar, pois a família, sem qualquer dúvida, é uma fortaleza segura para a criatura resguardar-se das agressões do mundo exterior, adquirindo os valiosos e indispensáveis recursos do amadurecimento psicológico, do conhecimento, da experiência para uma jornada feliz na sociedade.
A família está emitindo um vigoroso pedido de socorro à sociedade em geral. Esse grito por ajuda alcança as mentes e os corações, convidando à reflexão e á ação imediata no dever e no bem, assim como à seriedade no que diz respeito aos compromissos domésticos, à renúncia em benefício dos filhos e ao respeito recíproco dos cônjuges, que se comprometeram a educar os filhos a eles emprestados por Deus.
Nem sempre compreendida, especialmente nos dias modernos, a família permanece como educandário de elevado significado para a formação da personalidade e desenvolvimento afetivo, por meio dos quais se torna possível ao Espírito encarnado obter a felicidade.
A conduta dos pais deve priorizar a educação – aquela que forma caráter e estabelece valores morais e éticos – e a exemplificação, pois educar é oferecer exemplos, posto que o educando copia com mais facilidade as lições que lhe são apresentadas, do que as teorias com as quais ele é informado.
Se os exemplos no lar são repletos de amor, de respeito e de paciência, os filhos tornam-se afáveis, dignos e gentis, excetuando-se, evidentemente, os filhos portadores de transtornos de conduta.
A progenitura demanda sérios compromissos e responsabilidades que não podem ser abdicadas sem consequências.
Na família, o amor nobre e sem sentimentalismo exagerado torna-se indispensável ao êxito da proposta educativa. É através da sua doação, que ele se multiplica e mais se desenvolve, tornando-se imbatível.
A verdadeira e real educação necessita resgatar os valores ético-morais que foram relegados a plano secundário, elaborando a conscientização da responsabilidade do ser perante si mesmo, o seu próximo e a vida, na qual se encontra sem possibilidade de fuga.
É importante recurso, contribuindo, para o equilíbrio de todos os membros que constituem a família o estudo do Evangelho de Jesus no lar. Reunindo-se semanalmente os familiares para conversação salutar e esclarecimento de dificuldades nos relacionamentos, configura-se saudável oportunidade para o bom desenvolvimento ético-moral, atenuando incompreensões e corrigindo dificuldades. A participação no culto do Evangelho no Lar não deve ser compulsória, mas estimulada, incentivada.
Os deveres dos pais para com seus filhos estão gravados na consciência, cabendo-lhes, por decorrência, a sublime tarefa de educa-los, deveres esses que não podem ser adiados sob pena de lamentáveis consequências.

“A criança é argila moldável, aguardando as mãos do diligente oleiro que lhe dará forma e conteúdo. Esse oleiro hábil é o educador, que deve modelar o ser social digno, de forma que possa construir a sociedade harmônica. A paz do mundo depende da educação da infância”.
Joanna de Ângelis em o livro Constelação Familiar, capítulo 10 Educação e Paz na Família

(Recebido em email de Jorge Moehlecke) 

Conferência Franco. 35º. Congresso Espírita de Goiás Goiânia

04 de março 2019

Texto: Djair de Souza Ribeiro,  Fotos: Edgar Patrocínio
Diante de uma plateia superior a 2.000 pessoas, Divaldo Franco recorre ao enorme cabedal de conhecimentos históricos de que é detentor e inicia sua conferência evocando os longínquos dias do início do Século XX.
Em 21 de novembro de 1918 o Palácio de Versalhes acolhia um número muito grande de representantes de vários países. Naquela data era assinado o Tratado de Versalhes que oficialmente colocava um ponto final na Guerra Mundial – conhecida na época como a Guerra das Guerras – e que devastou a Europa entre os anos de 1914 e 1918. Coroando o esforço para se evitar a ocorrência de uma nova guerra foi criada a Liga das Nações.
Todos respiraram aliviados e repletos de esperanças. Nunca mais haveria Guerra!
Em 01 de setembro de 1939, as tropas nazistas invadem a Polônia e tem início a Segunda Guerra Mundial e que duraria até 05 de setembro de 1945.
Em sua época, preocupado com essa beligerância ancestral da criatura humana Allan Kardec indaga aos Tarefeiros do Amor do Cristo na questão 742 de O Livro dos Espíritos:
Que é o que impele o homem à guerra?
Ao que os Representantes do Cristo responderam:
“Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões. No estado de barbaria, os povos um só direito conhecem — o do mais forte”.
Diante da resposta Kardec volta a indagar na questão 744:
Que objetivou a Providência, tornando necessária a guerra?
E a resposta da Espiritualidade Superior foi:
“A liberdade e o progresso.”
O século XX, marcado pelas duas (2) grandes guerras que ceifaram mais de 100 milhões de vida torna-se um campo fértil para as filosofias pessimistas e materialistas cujo expoente é Jean Paul Satre(1905-1980) para o qual Deus não existe e, portanto, não há, também, a natureza humana, posto que não há Deus para concebê-la e assim a única natureza do ser humano é a biológica, ou seja, a sobrevivência. Não existindo Deus não existem igualmente “prontos” valores ou leis morais que possam nortear o ser. Estamos sós e sem necessidade de justificativas para os nossos atos e comportamentos.
Emoldurando esse pensamento Divaldo narra a história de Meursault, personagem do livro O Estrangeiro de Albert Camus – auto proclamado discípulo de Satre - que retrata bem o comportamento existencialista a e a frieza com que age diante das situações. Que incapaz de sentir qualquer tipo de emoção comete um crime pelo qual é condenado à guilhotina. Somente nos instantes finais de sua vida o protagonista deixa se tocar pelos sentimentos e emoções. Para ele, porém, era tarde demais.
As correntes do pensamento Existencialista advogam a morte dos ideais, posto que não há razão para se viver com padrões morais tendo comportamento ético se tudo pode acabar repentinamente com o apertar de um botão deflagrando a Guerra Nuclear e extinguindo a vida planetária.
Faz 280 anos aproximadamente que um pensador inglês - Thomas Heart - anunciava: "O ser humano perdeu o endereço de Deus".
Na verdade, enfatiza Divaldo ampliando o pensamento, eu diria que o ser humano perdeu igualmente o endereço de si mesmo, fato que o leva a viver exclusivamente para atender questões imediatas empurrando-o para o individualismo, o sexualismo e o consumismo esquecendo-se do AMOR.
Para que a paz estabeleça-se é necessário que a criatura preencha sua existência com uma meta, um sentido psicológico profundo Ilustrando essa consideração, Divaldo cita o exemplo de vida de Viktor E. Frankl, autor dos livros Em Busca de Sentido e Um Sentido para a Vida. Sobrevivente dos campos de extermínios nazista adotou o firme propósito – transformado em objetivo existencial – de sobreviver para poder denunciar ao mundo as atrocidades sofridas durante aquele período. Sintetizando sua forma de encarar a vida o célebre psiquiatra afirma: “Se percebemos que a vida realmente tem um sentido, percebemos também que somos úteis uns aos outros. Ser um ser humano, é trabalhar por algo além de si mesmo. A vida para ser digna tem que ter um objetivo; Quem tem um porquê, enfrenta qualquer como”.
Na mesma linha de pensamento o pai da Psicanálise Analítica, Carl Gustav Jung considerava: “É necessário que cada um de nós tenha, na existência, uma meta, a fim de que essa existência dê-nos a maturidade psicológica. O indivíduo não realiza o sentido da sua vida se não conseguir colocar o seu Eu a serviço de uma ordem Espiritual. Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.
A partir desses pensamentos, Divaldo delineia os dias graves da atualidade da sociedade humana a qual, concentra todos os esforços e energias quase que exclusivamente aos objetivos imediatistas em prejuízo daqueles transcendentais. A libertinagem dos costumes morais – travestidas de liberdade – empurra a sociedade à conquista do nada existencial em prejuízo dos valores transcendentais.
A humanidade empanturrada de tecnologia experimenta, porém, sofrimentos emocionais e morais a se refletir nas imensas multidões de depressivos.
O resultado dessa opção vem se refletindo nas estatísticas oficiais e a OMS espera já para o ano de 2025 que as mortes provocadas pelos efeitos da Depressão ultrapassarão os óbitos de câncer e cardiopatias, que hoje lideram as causas de morte. Os efeitos da Depressão levarão a um aumento estarrecedor dos suicídios, hoje já tão elevados.
O mecanismo que acarreta esse desfecho trágico é insidioso e gradativo: A tristeza somatiza-se em Angústia. A angústia leva à Perda do Sentido existencial, que por sua vez gera a Perda de Afetividade que vai levar à Depressão.
A depressão gera o Vazio Existencial que leva, por final, ao desejo de morrer.
Não se trata de que desejamos a morte. Na realidade aspiramos a “libertação” da terrível Angústia e do Nada Interior.
Foi somente a partir do Século XX que a Psiquiatria passou a melhor entender a Depressão e classificando-a como Unipolar (tristeza, desinteresse pela vida) e Bipolar (alternando a tristeza com a euforia).
A busca de um sentido para a vida, passa pelo despertar da consciência a exigir um grande e constante esforço, preço que muitas vezes não estamos dispostos a pagar. Para “atender” ao convite da transformação, muitas vezes em um mecanismo de fuga passamos a acompanhar este ou aquele “médium” ou outro Guia. Além de ser mais fácil e cômodo, meu Ego mostra que está fazendo algo para se transformar quando na realidade não passa – na grande maioria das vezes – de uma atitude escapista, pois caso ocorra algo errado eu posso jogar a culpa no “guru”.
O que fazer quando esse “Guru” desaparecer ou cuja pregação for desmentida pelos seus reais atos (os falsos profetas)?
A melhor escolha e a mais correta é a de fazermos as nossas próprias escolhas assumindo a responsabilidade por elas.
E para tanto, Divaldo, agora, apresenta-nos a medicação: A Doutrina Espírita – nos seus aspectos religiosos, filosóficos e científicos - é capaz de preencher esse vazio existencial, por nos oferecer metas que concorrem para o real sentido da vida: a evolução intelecto-moral. A de sermos hoje, melhores do que ontem e amanhã melhores do que hoje.
O Espiritismo vem despertar a nossa consciência para a necessidade de encontrarmos um sentido psicológico para a vida deixando a fase do primarismo representado pelos instintos e as sensações.
A solução para essas crises e o retorno ao estado de equilíbrio, individual e social, estariam na vivência da proposta terapêutica do Evangelho de Jesus, na sua pureza, conforme aclarado pelo Espiritismo. O sentido da vida, conforme nos ensinou Jesus, é AMAR e a medicação que vem nos auxiliar a substituir o vazio existencial é solidariedade, servir.
Divaldo encerra a palestra colocando-se respeitosamente em pé, apesar das fortes dores que o acometem e emocionando-nos a todos luariza nossa noite com o Poema da Gratidão.

“É fundamental, à criatura humana, em sua vilegiatura carnal, encontrar o sentido existencial. A perda desse objetivo condu-la ao desespero ou à indiferença por tudo quanto lhe acontece, empurrando-a pela via da morte emocional, sem que tenha estímulos para as lutas que se apresentam, convidando-a ao crescimento e à felicidade”. Joanna de Ângelis.