19 de outubro de 2014
Dentro da programação da XVIII Semana Espírita de Torres, promovida pela União Municipal Espírita, o orador e médium espírita Divaldo Pereira Franco encerrou o evento com o minisseminário Terapia do Perdão. O local foi o auditório do Centro de Convenções ULBRA-Torres, que ficou lotado com novecentas pessoas. Os momentos iniciais foram protagonizados pelo Grupo de Canto da Sociedade Espírita Bezerra de Menezes, de Torres, composto pelos integrantes do Departamento da Infância e Juventude, cuja apresentação recebeu fortes aplausos.
A partir do Século XVII, com o advento da separação entre a ciência e a religião, a criatura humana começou a ser estudada com mais profundidade no seu aspecto psicológico. O conhecimento oriental e o ocidental contribuíram para que o homem fosse melhor caracterizado. Divaldo apresentou as características da criatura humana segundo renomados estudiosos, como Emilio Mira y Lopes. A primeira característica é a persona; a segunda a identificação; a terceira o conhecimento; a quarta a consciência de si; a quinta característica a consciência cósmica.
A terapia do perdão encontra-se toda no enunciado de Jesus: o amor. Amar a Deus, ao próximo e a si mesmo. Dois pedidos Ele fez ao homem, a nós, que nos amassemos como Ele nos amou. E o segundo, que não fizéssemos aos outros o que não desejamos para nós. É fundamental que a criatura humana reabilite-se perante as Leis Divinas. Nas relações interpessoais o exercício a ser realizado é a tolerância para com as imperfeições alheias, é ser benevolente, é perdoar e autoperdoar-se.
Os estrategistas militares dos primeiros decênios do Século XX, afirmavam que a Primeira Guerra Mundial seria a guerra que terminaria com todas as demais. Equivocaram-se. Os homens continuaram a entredevorarem-se. O ocidente contra o oriente, sendo que as religiões foram as que mais incitaram os conflitos bélicos. O que justifica a guerra são os níveis de consciência em que se encontra a criatura humana. Muito belicoso, o ser humano apresenta uma disparidade muito grande entre o nível intelectual e a conduta ético-moral.
Concomitante à Primeira Guerra Mundial, aconteceu a guerra entre turcos e armênios, quando a Turquia dizimou um milhão e quinhentos mil armênios por questões étnicas. Entre tantos dramas, e para ilustrar a temática do perdão, Divaldo narrou a história de uma jovem armêna que teve seus pais mortos e sua irmã, com doze anos de idade, jogada aos soldados que a violentaram, matando-a. A sobrevivente, com quinze anos, foi transformada em escrava sexual.
Decorrido algum tempo, esquálida, ela conseguiu fugir. Diplomou-se posteriormente como enfermeira. Por volta do ano de 1926, trabalhando em um hospital público em Istanbul/Turquia, foi chamada para cuidar de um enfermo coberto de úlceras purulentas, fétidas. Para tal ela deveria se internar com o paciente, seria por poucos dias, ele iria morrer em breve. Dedicada e eficiente, salvou-lhe a vida, restabelecendo-lhe a saúde. Após seis meses o enfermo estava deixando o hospital. Foi agradecer ao diretor. Esse lhe disse que o mérito era da enfermeira que havia lhe atendido naquele período.
Durante o tratamento a enfermeira não falava com o paciente, com raras exceções. Agora, frente a frente, os dois trocaram algumas palavras. Identificaram-se, o então oficial que havia assassinado seus pais, jogado sua irmã aos soldados e aquela que fora sua escrava sexual. Perguntou se ela o havia reconhecido. Como a resposta foi positiva e o reconhecimento foi desde o início, voltou a perguntar por que não o havia matado, ou simplesmente deixado morrer, corroído pelas úlceras.
Se o fizesse, respondeu, se igualaria ao algoz, e sua consciência a puniria severamente, por haver se rebaixado ao nível daquela sordidez. Como tornara-se cristã, ao conhecer Jesus através do Sermão da Montanha, tomou a si o dever de amar até aos inimigos. Foi o que fez. Perdoou. Apertaram-se as mãos.Se fosse você, perdoaria? Indagou o Professor Divaldo, para que uma reflexão fosse feita.
O perdão é terapêutico, pois quem perdoa vive mais e com melhor qualidade de vida. Na psicologia do perdão o importante não é esquecer, mas não guardar rancor, mágoas, desejos de vingança, conectando-se com as energias maléficas. Não tenha medo de amar. Ame! Reserve alguns minutos para meditar sobre si e seus atos. Ter uma religiosidade é muito importante. Alguns psicoterapeutas estão indicando a leitura do Evangelho de Jesus.
O sentimento que deve ser nutrido pelo ser humano é o amor. O amor é a solução para todos os problemas. O público agradecido, atento e muito participativo, aplaudiu de pé o Embaixador da Paz no Mundo, Divaldo Pereira Franco. Todos envolvidos em energias benfazejas, quase que silenciosamente foram retirando-se, meditando sobre os conceitos ali expostos.
Texto: Paulo Salerno
Fotos: Jorge Moehlecke
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