18 de outubro de 2014
Divaldo Franco, uma legenda do Movimento Espírita nacional e internacional, seguindo uma disciplina rígida, cumpre seus compromissos de forma magistral, sacrificando horas de repouso para estar antecipadamente nos eventos, atendendo as pessoas que o procuram para um cumprimento, uma palavra de estímulo, e mesmo concedendo autógrafos. O moderno e confortável Teatro da Universidade FEEVALE recebeu a presença de mil e oitocentas pessoas que assistiram o minisseminário Psicologia do Perdão. Compuseram a mesa diretiva, juntamente com Divaldo Franco, o Presidente do Centro Espírita À Caminho da Luz, JoãoBatista Ribeiro, e o representante do Centro Espírita Fé, Luz e Caridade, Jorge Machado.
Baseado no livro Sun Flower, de Simon Wiesenthal, sobrevivente de vários campos de concentração nazistas, notadamente no de Mauthausen durante a Segunda Guerra Mundial, e de onde foi libertado, Divaldo narra um episódio emocionante. O soldado das tropas SS, Karl Silberbauer, em seu leito de morte, após ferimentos recebidos, solicita a presença de um judeu. Simon Wiesenthal foi o escolhido. Na presença de Karl, Simon recebe dele, após indagar se realmente era Judeu, um pedido de perdão pelos crimes e atrocidades cometidos.
A família de Simon havia sido destroçada pelos nazistas. Ele escutou o pedido de perdão, e sem responder deixou o local. Visando uma reflexão de cada presente, Divaldo perguntou: Você perdoaria? Se o fato tivesse acontecido com você, perdoaria? Com essa introdução, o Embaixador da Paz no Mundo, passou a discorrer sobre o perdão, seus benefícios e características alinhadas por diversos pensadores e filósofos. O medo, a ira e o amor, três emoções básicas experimentadas pelo ser humano, foram abordadas nos seus aspectos fisiológicos e psicológicos.
O perdão, disse o orador por excelência, exige o não ressentimento e para se alcança-lo é necessário realizar um treinamento para perdoar. Todo o crime merece repúdio, porém, não se deve ser contra o criminoso, esse merece compaixão. Paralelo à Primeira Guerra Mundial, aconteceu a guerra entre turcos e armênios, no período de 1915 a 1917. Como em toda a guerra a barbárie é soberana. A Armênia invadida pelos turcos viu se povo ser dizimado. Não foi diferente para uma família modesta. Invadida a casa, os soldados turcos mataram, de imediato, os pais de duas jovens. A mais moça, quase uma criança, foi entregue aos soldados que a estupraram até a morte, a outra, um pouco mais velha, foi transformada em escrava sexual do comandante daquela tropa.
Terminada a guerra, e tendo conseguido se evadir, a agora ex-escrava diplomou-se em enfermagem na Turquia. Por volta dos anos de 1926/1927, um homem hospitalizado, coberto de úlceras putrefatas e agonizante necessitava de cuidados especiais, estava morrendo. A enfermeira armênia foi solicitada a cuidar daquele enfermo terminal. Dedicou-se inteiramente, devotadamente, devolvendo-lhe a saúde. Quando recebeu alta, agradeceu ao diretor médico pelos cuidados que tivera recebido. No entanto o diretor disse-lhe que os méritos eram daquela dedicada enfermeira.
Agradeceu-a, e por que notara um sotaque, indagou de que país ela procedia. Informou que era da Armênia. Ela deu-se a conhecer e ele admirado sobre o gesto extremado de amor, indagou se o havia reconhecido como seu algoz e por que deixou-o viver A resposta foi positiva e que havia razões para cuidar dele. Era cristã, assim não poderia prejudicar ninguém, nem mesmo um bárbaro algoz, como ele fora. Ela o havia perdoado, apertaram-se as mãos. Você seria capaz de perdoar? Indagou o professor Divaldo Franco.
Apresentando estudos realizados por neurocientistas e pesquisadores diversos, Divaldo expos os benefícios do perdão e do autoperdão. É necessário, frisou, conjugar o verbo amar. Todos os que se encontram na Terra precisam desenvolver o sentimento, a emoção amor. Ao exercer o perdão, a criatura humana está desenvolvendo a generosidade. A beleza salvará o mundo, nas palavras de Dostoievski. O erro é uma metodologia que ensina o que não se deve fazer. Dê-se o direito de errar, porém, não se permita permanecer no erro. Reabilite-se! Ensinou o arauto do evangelho e da paz. A reabilitação, se possível, deve ser com a pessoa ofendida. Se não for possível, reabilite-se fazendo o bem a outrem.
Os grupos musicais do Centro Espírita Fé, Luz e Caridade e o Ciranda, Cirandinha abrilhantaram o evento, arrancando calorosos aplausos. No final, todos juntos cantaram a canção Paz pela Paz, de Nando Cordel. O público sempre muito atento e participativo agradeceu o trabalho apresentado pelo nobre orador com um forte aplauso, quando então todos se posicionaram de pé.
Texto: Paulo Salerno
Fotos: Jorge Moehlecke
(Informação recebida em email de Jorge Moehlecke [jorgejhm@terra.com.br])
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