06-03-2019.
Texto: Djair de Souza Ribeiro, Fotos: Edgar Patrocínio
JESUS E A ATUALIDADE
O teatro Maria Pires Perillo, da cidade de Itumbiara no estado de Goiás, foi, uma vez mais, o local escolhido pelos organizadores do evento para acolher com conforto um público de 1000 pessoas para participarem do seminário Jesus e a Atualidade proferido pelo tribuno Divaldo Franco.
Tomando a palavra Divaldo pontua que os dias atuais apresentam-se conturbados pelas escolhas que a Humanidade vem fazendo. As ambições exacerbadas conduzem as inteligências mesmerizadas pela posse, da fama, da glória, resultando nas disputas sem sentido e na beligerância gratuita e cruel.
A atualidade necessita com urgência de Jesus, Mestre, Modelo, Guia, Irmão e terapeuta em atendimento de emergência, com o objetivo de evitar a queda da Criatura no abismo.
A partir dessa constatação, Divaldo realiza um périplo pelos fatos mais marcantes da humanidade ressaltando a necessidade de conhecermos as pretéritas ocorrências da Sociedade para reflexionarmos a respeito dos fatos históricos, a fim de melhor podermos compreender a realidade dos dias atuais.
Discorrendo sobre as circunstâncias que precederam a vinda de Jesus bem como aquelas outras que predominaram enquanto o Mestre aqui conosco esteve, Divaldo inicia sua narrativa dos fatos históricos pela fundação de Roma e posteriormente dos seus 2 triunviratos focando maiores detalhes em torno do período em que Caio Júlio Cesar militar romano conduziu a transformação da República Romana para o Império Romano um gigante da sociedade patrícia, mas que mesmo assim foi traído por parte do Senado e morto a punhaladas.
Júlio Cesar é sucedido pelo segundo triunvirato formado por Marco Antônio, Marco Emílio Lépido e Caio Júlio Cesar Otaviano Augusto, que encerra o triunvirato - após as mortes dos outros dois integrantes - restabelecendo a República Romana e governando com reconhecidos valores morais buscando, dessa forma, reparar os equívocos e excessos perpetrados por Júlio Cesar.
Foi um período de muita paz e progresso para os Romanos. Sabiamente Otaviano Augusto compreendera que um povo só é feliz quando está em paz. Porém, a paz somente é possível quando existe moralidade a começar pelos seus governantes para servir de modelo aos governados.
Após essa jornada pelos fatos históricos que forneceu a oportunidade de nos situarmos no ambiente sócio e político que predominava no início da Era Cristã, Divaldo envereda agora pelos fatos envolvendo a chegada de Jesus ao Mundo.
Divaldo faz referência ao filósofo latino Marco Túlio Cícero (106 aC-43aC), citando-o pela frase: “A história é a pedra de toque que desgasta o erro e faz brilhar a verdade”. Dezesseis séculos mais tarde com base nas palavras de Cícero, Francis Bacon (1561-1626) o filósofo inglês observou: “Uma visão superficial da filosofia leva a mente humana ao ateísmo, mas a profundidade da filosofia leva-a para a religiosidade”.
Foi durante o governo de Otaviano Augusto que nasce na humilde aldeia de Belém Aquele que seria o Modelo e Guia de toda a humanidade: Jesus.
A digressão histórica segue com Divaldo extasiando-nos a todos com as poéticas narrativas que transportou nossa mente à Palestina dos tempos Evangélicos com suas paisagens, das flores e dos perfumes, a brisa suave e o Mar da Galileia.
Divaldo nos fala do homem Jesus que revoluciona a humanidade ao nos falar de um sentimento antes nunca abordado pelos expoentes das diversas religiões: o AMOR.
Jesus vem nos apresentar a proposta superior para a vivência da vida em sua plenitude mediante a eleição de um propósito superior para a vida: Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Em sua abordagem Divaldo nos apresenta Joseph Ernest Renan (1823-1892) escritor, filósofo, teólogo e historiador Francês que publicou em 1861 a Obra “A Vida de Jesus” livro no qual Renan não chama a atenção somente pela grandiosa e intensa pesquisa histórica nele envolvido, mas também pela maneira com que expõe a biografia de Jesus, apresentando, no transcurso da leitura, não o Jesus crucificado, mas, o Jesus cheio de vida do Sermão da Montanha.
Para Ernest Renan Jesus é “Um homem incomparável” frase esta que contrariou o pensamento religioso dogmático que considera Jesus como a manifestação de Deus. Discorrendo, ainda, sobre algumas análises elaboradas por destacados estudiosos Divaldo aborda o pensamento da psicanalista Dra. Hanna Wolff, que considera Jesus o maior psicoterapeuta que já existiu. Suas análises e considerações estão reportadas em o livro “Jesus Psicoterapeuta”.
Seguindo em sua exposição, Divaldo, com a simplicidade própria daqueles que dominam com profundidade o tema que expõe, vem nos falar do modelo de Aparelho Psíquico baseado na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung.
Para Jung, o EGO é o centro do campo do consciente, a parte da psique onde nossa consciência reside, o nosso sentido de identidade e existência. O Ego organiza nossos pensamentos, sentimentos, sentidos, e intuição, e regula o acesso à memória. É a parte que liga os mundos internos e externos, formando como nos relacionamos com aquilo que é externo a nós.
O INCONSCIENTE PESSOAL armazena os conteúdos de todas as experiências e percepções da vida presente (encarnação atual). Ali estão todos os registros desde o momento em que se encarna, mesmo que o indivíduo (a criança p.ex.) não tenha consciência disso. Todas as observações, dores, alegrias e fatos corriqueiros ali são armazenados e alimentarão a formação futura do Eu.
O INCONSCIENTE COLETIVO é a camada estrutural da Psique. Que contém toda a herança espiritual da evolução da criatura, correspondendo às experiências vivenciadas por cada indivíduo no processo da evolução, passando pelas etapas reencarnacionistas, nas quais transitou nas diversas fases do desenvolvimento intelecto e moral de si mesmo.
OS ARQUÉTIPOS A palavra arquétipo se origina do grego arkhe, que significa o primeiro, e typon, que significa marca, modelo os arquétipos estão localizados. São os registros evolutivos de nossas experiências transatas e que se aglutinam em torno de núcleos (pai-, mãe, filho, cidadão etc.).
A SOMBRA: A sombra é a parte mais escura e negada da personalidade e está associada aos comportamentos, sentimentos e fantasias proibidos, sendo por isso a parte inferior e indiferenciada da consciência. Portanto, ela é uma unidade complexa possuidora de vitalidade autônoma que é fundamentalmente o negativo de cada indivíduo.
Todo ser humano tem um lado sombrio que começa a se desenvolver na infância como consequência da repressão ou da negação de sentimentos indesejáveis. Percebemos a nossa sombra quando sentimos inexplicavelmente rancor, antipatia por alguém, ou quando descobrimos em nós algo inadmissível, ou mesmo quando nos sentimos influenciados pelo ciúme ou vergonha.
ANIMA E ANIMUS: Na psique feminina PREDOMINAM as atitudes e sentimentos de ternura, resignação, espiritualidade, maternidade etc. Não se trata de predicados EXCLUSIVOS da mulher, mas que dominam mais fortemente o psiquismo feminino.
Já na psique masculina PREDOMINAM as atitudes e sentimentos de audácia, bravura, arrojo etc.
Há mulheres que complementam essas qualidades, com atitudes e sentimentos que predominam na psique masculina. Nesses momentos atua o arquétipo ANIMUS.
PERSONA: A palavra Persona designava na antiga Grécia a máscara que os atores utilizavam para as suas atuações. Elaborar a Persona é natural e necessário e não tem nada de NEGATIVO. O problema é o indivíduo deixar-se dominar pela Persona.
Finalmente vem o SELF que é o Diretor Geral, o Presidente do Psiquismo. O Self, de acordo com Jung, é o Centro Regulador e Coordenador da nossa vida Psíquica, que corresponde SIMBOLICAMENTE à imagem de Deus (Imago Dei) que temos em nós. O Self não é somente o centro, mas a circunferência total, que abarca tanto o Consciente quanto o Inconsciente. É o centro dessa totalidade, assim como o Ego é o centro da Consciência.
Nós Espiritas consideramos o SELF a Energia Pensante – Espírito – criado por Deus.
Com esses conceitos básicos, - especialmente dos arquétipos Anima e Animus - agora comunizados entre todos os participantes, Divaldo elabora com rara maestria e a segurança típica a ele conferida pelo cabedal de conhecimento e de vivência do amor do Cristo aborda a questão da homossexualidade.
À luz da Lei de Ação e Reação, da Reencarnação e baseado nas Divaldo esclarece que a homossexualidade decorre de equívocos transatos produzidos pelas paixões desgovernadas levando ao malbaratamento da função sexual. 1
Diante dessa clara exposição dos fatos, fica nítido que não nos cabe qualquer preconceito em relação às opções do uso – digno - da sexualidade, mas por outro lado não podemos concordar com as agressões infundadas e desrespeitosas que alguns poucos – atormentados pelos conflitos e complexos, ou ainda em busca da visibilidade e fama fácil – ofendam a dignidade das pessoas, atacando a imagem sempre respeitosa de Jesus.
Nesse instante Divaldo cita Martin Luther King Junior que diante dos ataques caluniosos e preconceituosos dos desequilibrados afirmou: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. É sob o silêncio cúmplice dos decentes que alguns dos maiores crimes são praticados.
Sem ódios ou enfrentamentos beligerantes nós não devemos nos calar. Seja com os ataques soezes de uns poucos fanáticos ou diante do preconceito de raça, gênero ou RELIGIÃO.
É necessário que despertemos e busquemos um sentido psicológico profundo para a nossa existência que não seja as conquistas materiais e a entrega aos prazeres das sensações malbaratadas.
O amor deve ser sempre o ponto de partida de todas as aspirações e a etapa final de todos os anseios humanos.
Equivocadamente o sexo é considerado - por um grande contingente de pessoas - como sinônimo de amor.
Todavia, o sentimento do amor é muito mais amplo e abrangente, uma vez que representa a somatória dos sentimentos e anseios que formam a base de nossas ações no bem.
O sexo, desacompanhado do amor, é SENSAÇÃO herança do instinto dominador, enquanto que o amor é a EMOÇÃO a ser conquistada pelos caminhos da elevação espiritual e moral.
Quando o sexo se impõe sem o amor, a sua passagem é rápida, frustrante e insaciável.
O amor é permanente, enquanto as sensações, o sexo é transitório.
O amor felicita, proporcionando alegrias duradouras. As sensações agradam e desaparecem ávidas, como fogo que arde e consome o combustível, pra em seguida se tornar em cinzas que se esfriam.
As sensações tomam conta dos sentidos e respondem pelas paixões descontroladas, pelos conflitos da insatisfação, que levam ao crime e ao desespero, pois, ao eleger como objetivo imediato e impostergável, o atendimento dos desejos do desequilíbrio sexual, é responsável pela alucinação que vige nos grupos e indivíduos perturbados.
Jesus vem nos trazer sua mensagem para deixarmos os pântanos das emoções descontroladas atreladas às sensações impostas pelos instintos.
Veio nos falar do AMOR quando nos estimula ao maior dos mandamentos: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”.
Não há, portanto, razão para nos deixarmos envolver pelo manto de pessimismo que os dias atuais vêm cercando a sociedade.
Não devemos valorizar o mal que pulula à nossa volta e nem permitir que nos tirem a paz e a alegria de viver.
Em que pese os dias tumultuosos da atualidade onde as aflições, ódios, intolerâncias, sofrimentos e violências, dias em que as pessoas – ao invés de se amarem umas às outras como preconizado por Jesus – elegem se armarem umas contra as outras – no âmbito material e emocional - urge aceitar e viver a proposta de Jesus, amando mais, tornando-nos, assim, mais gentis, tolerantes, pacíficos e mansos de conformidade com os ensinamentos registrados no Sermão da Montanha, permitindo a formação de uma humanidade mais justa e feliz.
Embalando a todos nas suaves estrofes do Poema da Gratidão, Divaldo encerra a conferência, permitindo-nos sentir a presença do amor incondicional de Jesus a nos envolver.
1 Para melhor compreender esse tema, tomamos a liberdade de sugerir a leitura das seguintes obras:
· Capítulo 7 (Homossexualidade) de o livro Sexo e Consciência, organizado por Luiz Fernando Lopes, LEAL.
· Capítulos 5 (Sombras e Dores do Mundo), 6 (Destino e Sexo) e 15 (O Passado Elucida o Presente) de o livro Loucura e Obsessão de autoria do espírito Manoel Philomeno de Miranda pela psicografia de Divaldo Franco, LEAL.
· Capítulo 15 (Sexo e Obsessão) e também o 16 (O Reencontro) de o livro Sexo e Obsessão, de autoria do espírito Manoel Philomeno de Miranda pela psicografia de Divaldo Franco, LEAL.
· Questões 200. 201 e 202 de O Livro dos Espíritos.
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