quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Divaldo Franco em Salvador Movimento Você e a Paz

19 de dezembro de 2018
O Movimento Você e a Paz idealizado por Divaldo Pereira Franco, Embaixador da Paz no Mundo, alcançou a sua culminância em 19 de dezembro de 2018, encerrando a sua 21ª edição, na Praça Dois de Julho, no Campo Grande, na Capital baiana. A data de 19 de dezembro é consagrada, na cidade de Salvador, para a promoção e comemoração da paz, divulgando, nesta data oficial o projeto da não-violência.
Como sói acontecer, a Equipe de Eventos do Centro Espírita Caminho da Redenção/Mansão do Caminho, liderada pela eficiente Telma Sarraf, Vice-Presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção e da Mansão do Caminho, tem se superado a cada evento, sempre muito primorosos, ricos de detalhes, funcionalidade e acolhimento. Telma e equipe superam quaisquer obstáculos, em esforço hercúleo, para que na data e horários aprazados, o evento se realize com precisão. Essa é uma etapa que passa sem ser percebida, em qualquer evento, pois que, tudo funcionando harmonicamente, os espectadores pouco visualizam o esforço, as horas de trabalho dedicado, as preocupações e as horas indormidas de todos os envolvidos nesse grandioso projeto dedicado à promoção da paz. Não se pode deixar de considerar que há um ingente, exaustivo e produtivo trabalho realizado nos bastidores, construído no silêncio e no anonimato de inúmeros voluntários e funcionários sob a coordenação segura e agregadora de Telma Sarraf.
O Movimento Você e a Paz homenageia entidades, instituições e personalidade que se destacam ao promover o ser humano, seja no campo social, educacional ou de inserção no seio da sociedade. São lhes ofertando os Troféus Você e a Paz, marcando e enaltecendo o trabalho que realizam em prol de um mundo mais pacífico e justo. Este ano foram destacadas quatro personalidades físicas, três instituições e uma empresa.
Animando o público, Assis Diomar, e a seguir os jovens do Centro de Artes Integradas Ana Franco, da Mansão do Caminho, juntamente com Juan Danilo Rodríguez, formando o Coral Redenção, apresentaram-se, recolhendo muitos aplausos e manifestações de apoio. Nando Cordel, cantor e compositor, levantou o público ao se apresentar, embalando-o em suas belas canções. A Banda de Música do 2º Distrito Naval da Marinha do Brasil se apresentou magnificamente, estimulando o público, sendo amplamente aplaudida.
O evento foi filmado e televisionado pela TV Mansão do Caminho. A mestre de cerimônia foi a apresentadora Camila Marinho, da Rede Bahia de Televisão. Durante o dia, e antes do evento, Divaldo Franco concedeu várias entrevistas para diversos veículos de comunicação. A presença de diversas autoridades do Estado e da Prefeitura de Salvador, bem como de outras personalidades dos meios social, cultural, político e religioso, atesta o quanto é importante a realização de esforços em favor da paz. No público havia vários representantes vindos do Exterior e do Brasil, bem como diversas caravanas, de pelo menos seis Estados brasileiros. A Praça Dois de Julho ficou pequena para acolher um incalculável número de pessoas que somavam-se com os moradores do entorno, assistindo o brilhante evento de suas janelas e sacadas.
Os oradores destacados para se pronunciarem ressaltaram as condições necessárias para se construir uma paz duradoura, isto é, no interior de cada ser humano, que utilizando-se da razão e do sentimento, alcançarão o estado de paz e de harmonia, ainda ausentes nos pensamentos e ações de muitos. Deus deve habitar o coração de todos, tornando o cidadão em um homem de bem. O amor deve ser a tônica nas relações humanas, perdoando os que fazem o mal, estimulando-os ao automelhoramento. Asseveraram que a paz e a justiça devem andar juntas, em complementaridade, somando-se também. Jesus é referência, estimulando os indivíduos, pelo exemplo, a se tornarem promotores da paz, do amor, respeitando a diversidade de pensamentos. Diante do amor, da solidariedade, da caridade, todas as religiões caem, pois que acima delas está o amor, a paz, a plenitude, a harmonia de Jesus.
Divaldo Franco, idealizador de grandioso programa de paz, disse que o amor é uma força ciclópica, onde o pessimismo e a angústia cedem lugar para a esperança e a alegria de viver. Deposita inteira confiança no ser humano, pois que é portadora de excepcionais condições e diversidades voltadas para a prática do bem, como propõe Jesus. A humanidade, e em particular os brasileiros, vive momentos singulares onde a violência sufoca a liberdade e a fraternidade, personalidades dão maus exemplos pelos seus envolvimentos em escândalos escabrosos. A violência é fruto do distanciamento da criatura de seu Criador.
Para enfatizar a necessidade de paz e de justiça, o Arauto do Evangelho discorreu sobre um conto do poeta e escritor libanês Gibran Khalil Gibran (1883-1931), narrando o seu encontro com o Emir, o mandatário maior do Líbano, em um julgamento. Khalil desejava saber como estava a justiça em seu amado pais, após estar afastado por muitos anos. Queria saber do senso de justiça, conhecer as dores e as verdades dos acusados.
O Emir, um tanto entediado, ordenou ao acusador que fizesse entrar o primeiro caso. Adentrou no grande salão de julgamento um homem acusado de matar um soldado do Emir, este, então, perguntou o motivo de tal crime. - Foi legítima defesa, disse o acusado. Foi esbofeteado, de imediato, na face e não pode continuar. O acusador afiançou que aquele homem, amarrado, era acusado de decepar com uma adaga a cabeça de um cobrador de impostos. Foi anunciado pelo acusador como sendo um homem sem respeito pelas autoridades e pelo próprio Emir, já que desafiava seus representantes. O Emir, encolerizado, ordenou que o homem tenha a sua cabeça decepada. Quem pela espada fere, por ela será ferido.
Uma mulher foi a próxima. É acusada de adultério, relatou o promotor. É uma mulher que foi tirada da miséria pelo marido, um homem nobre e rico, que a flagrou em adultério no jardim da própria casa. Descabelada, nada pode dizer em sua defesa. Rapidamente, sem mais, o Emir a condenou a lapidação e a desfilar nua pelas ruas da cidade, sendo de imediato arrastada para fora do salão e dali para as ruas, cumprindo a sentença.
O terceiro caso foi anunciado como sendo o de um velho homem que receberá trabalho num monastério cristão, e que para lá retornara, na calada da noite, para roubar um pote de ouro. Foi surpreendido pelos monges que o entregaram as autoridades. Assim que tentou pronunciar algo em sua defesa foi esbofeteado, tendo o nariz quebrado e a boca cortada. A sentença, proferida pelo impiedoso Emir, foi o enforcamento por ter praticado o ato hediondo de tentar roubar.
Khalil era poeta, e como tal, ficou chocado com a dureza dos corações que se apresentaram de forma tão vil naquele tribunal.
Ao cair da tarde, anoitecendo, com seu coração de poeta apertado, saiu para o campo dos condenados e não tardou a ouvir barulho de galhos e choro. Ao sair da penumbra viu uma jovem que segurava a cabeça do jovem decepado junto ao corpo e então quis saber como podia chorar por um assassino. Temendo ser entregue às autoridades, Khalil a tranquilizou, afirmando não gostar da forma como o Emir tratava o seu povo. Confiante, ela então narrou que aquele jovem adentrou-se em sua casa para proteger a ela e ao seu pai. - Como? Perguntou Khalil.
Os homens do Emir exigiram os impostos. Eram 90 partes para o reino e 10 para a família que arrendara as terras reais, todas do Emir. Como não tinham, o clima fora impróprio, o chefe ordenou que o pai fosse preso e que a propriedade fosse devolvida ao Emir. Quando entrei a sala, assim que ele me viu disse: “perdoarei as dívidas e levarei a filha como escrava”. Foi nesse momento que esse jovem, que eu nunca havia visto, adentrou para nos defender daquele horror, e para não ser morto, pegou uma adaga que ficava na parede e defendeu-se daquele funcionário vil. A jovem enterrou o decapitado e saiu, deixando lá o poeta, só.
O silêncio foi quebrado por choro e palavras de amor. O poeta, buscando aquele som, encontrou um homem a abraçar o corpo disforme e nu daquela mulher acusada de adultério. O homem gritou, ao avistar Khalil, que ele poderia denunciá-lo, mas não deixaria o corpo virginal daquela mulher exposto para os abutres.
- Mas ela era adúltera, falou Khalil. - Não! Ela não era, respondeu o jovem. Nós crescemos juntos e quando completei 18 anos, e ela 16, pedi ao seu pai que me concedesse sua mão, mas ele era avaro e desejava dinheiro. Então eu lhe disse para que a guardasse para mim, que eu viajaria o mundo para enriquecer e voltaria para casar-me com ela. Mas ele a vendeu a um homem rico com um harém. Eu subornei o guarda para vê-la, a encontrei diante de uma fonte a chorar e quando ela me viu, me falou: “por que demorou tanto para voltar?”
Perguntei se o casamento já estava consumado e ela me disse que não, mas que já havia uma data para a consumação. Então nos abraçamos, e choramos, e foi neste momento que o esposo de 70 anos adentrou, juntamente com os guardas, e não adiantou eu dizer que nada havia acontecido. Eu fugi e ela ficou, foi espancada, humilhada, lapidada. Então, afirmou o enamorado enlutado, nada vai me impedir de vesti-la com as folhas da natureza e enterrá-la. Khalil começou a ajudar, colhendo ramos das árvores para cobrir aquele corpo nu. Um manto foi jogado sobre o corpo e eles a enterraram.
Khalil se afastou, e novo barulho lhe chamou a atenção. Era uma velha, magérrima e miserável que cortava com os próprios dentes as cordas que seguravam o corpo morto, suspenso, do homem enforcado. Quando viu Khalil disse-lhe: - Nada podes fazer para me impedir de enterrar o meu esposo. - Mas ele roubou o ouro da igreja! - Não! Ele trabalhava para aqueles monges gordos e bêbados e recebia uma miséria, basta ver o nosso aspecto. Eram mesmo tristes figuras de farrapos humanos, dava para ver os ossos de seus corpos miseráveis.
- Nosso filho ficou doente de fome, continuou, então meu marido pediu aos monges o dinheiro para o remédio e eles negaram, riram e mandaram-no trabalhar mais. Nosso filho está morrendo, e ontem, quando o dia estava para amanhecer ele acordou com os olhos arregalados, e com um brilho estranho de desespero, me disse: “hoje trarei comida” e saiu em direção ao monastério, não era o pote de ouro que ele queria, mas sim um pouco do trigo que é guardado lá dentro. Khalil ajudou a mulher a enterrar seu marido e a viu sumir na escuridão após beijar a terra sobre o cadáver como se osculasse a testa do companheiro.
Naquele momento o poeta libanês chorou e orou a Deus, declarando sua dor em forma de poesia, escrevendo a respeito da justiça. Para haver paz é preciso equilíbrio, dignidade, que sonegados, geram violência de todo tipo. O Emir, após Khalil ter escrito sobre o senso de justiça no Líbano, tornou-o apátrida, seus livros foram queimados em praça pública.
Passaram-se os anos, e Gibran Khalil Gibran morreu. Seu país devolveu-lhe a condição de libanês, honrando-o, e seu funeral, no Líbano, teve mais de 600 mil libaneses acompanhando o cortejo. É pensando nesse drama de Khalil, que é o mesmo do Brasil, onde as incertezas campeiam em todos os poderes e a ausência de dignidade, de exemplo de justiça, de honradez, onde há a usurpação de alguns ante a dignidade de muitos, a paz desaparece e se torna revolta. A revolta, ante a injustiça, envilece o homem, tornando-o predador de seu semelhante.
Destacando uma frase de Madame Roland, Divaldo chamou a atenção para as condições em que se trata a liberdade. Oh, Liberdade, Oh, Liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome! Cada ser humano deve ter a consciência da dignidade, do respeito, do amor ao próximo, frisando que tudo isso independe de religião ou de qualquer outra crença ou filosofia. O Movimento Você e a Paz é um projeto que visa promover e divulgar a paz. A liberdade é o maior anseio da alma humana e que deve ser conquistada e mantida com amor, paciência, tolerância, sem o uso de revide.
Mahatma Gandhi afirmava que a paz não possui um caminho, a paz é o caminho. Asseverou o nobre orador pacifista que é necessário ter coragem para amar, para ser solidário e caridoso. A paz e o amor se entrecruzam. A paz é o único meio de ser feliz, para desfrutar a harmonia e ser fraternal. Com a declamação do Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues, o evento encaminhou-se para final, quando todos, irmanados cantaram a canção Paz pela Paz, de Nando Cordel, que do palco, animou os milhares de pazeadores ali presentes e milhares de outros através da internet. Os sentimentos estavam aflorados, os abraços, desejando paz duradoura, se multiplicaram em uma verdadeira onda de solidariedade e de fraternidade. Lembre-se: Você é a Paz!
Texto: Paulo Salerno
Fotos: Jorge Moehlecke


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