19 de agosto de 2019
Divaldo Pereira Franco, médium e orador espírita, humanista e pacifista, esteve pela primeira vez em Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha. Neste périplo, que se estende pelos dias 19 a 23 de agosto, percorrendo outras cidades como Gramado, Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul e Novo Hamburgo, se faz acompanhar por Juan Danilo Rodríguez, médico espírita, o amigo equatoriano, atualmente residindo na Mansão do Caminho, onde, além de acompanhar Divaldo, desenvolve um projeto voltado especificamente aos portadores do espectro autista. Recebidos com muita alegria, desvelo e entusiasmo pelos organizadores do evento, que se corou de sucesso, Divaldo Franco foi recepcionado por cerca de seiscentas pessoas no auditório do Centro de Eventos da Associação Comercial e Industrial de Nova Petrópolis.
Após belo momento musical, Divaldo Franco fez uma breve análise sobre o homem e a mulher da modernidade que, apesar de ter alcançado e dominado altas tecnologias, penetrando o micro e o macrocosmo, tendo acesso à uma melhor saúde física e bem-estar social, não logrou alcançar a felicidade. Aturdido, envereda pelos caminhos da violência. O ser humano da atualidade convive com 44 milhões de criaturas aidéticas infectadas e infectando. Outros 360 milhões se constituem em depressivos crônicos. A sífilis e o Mal de Hansen (lepra) são diagnosticados, no Brasil, a cada 15 minutos. Há um suicídio, no planeta, a cada quatro segundos. No Brasil há um suicídio a cada oito minutos. No Japão, o índice de suicídio infantil é alarmante.
Ante este quadro terrivelmente pessimista, indagou o nobre conferencista: - O que estamos fazendo? As criaturas, de uma maneira geral, têm as suas vidas vazias, desprovidas de qualquer ideal nobilitante. Vive em um comportamento de violência suprema. Após 800 anos de ética, de cultura e de civilização, a humanidade se encontra em estado de solidão, apesar de estar na multidão. Cada ser humano experimenta aflições e angústia, independente de classe social ou econômica. Parafraseando o poeta inglês Thomas Hardy, que dizia: “o homem contemporâneo perdeu o endereço de Deus”, Divaldo afirmou que o homem contemporâneo perdeu o endereço de si mesmo.
Há uma necessidade imensa de o ser humano aprender amar. Mohandas Karamchand Gandhi afirmava que amava admiravelmente Jesus de Nazaré, mas tinha medo dos cristãos, dado o seu comportamento, e que ainda não foi capaz de domar suas inclinações más.
Por outro lado, demonstrando a excelência dos ensinamentos de Jesus, Divaldo narrou a história real de uma jovem que tendo se convertido ao cristianismo foi capaz de perdoar o seu algoz, salvando-lhe, inclusive a vida, restituindo-lhe a saúde, pois que, depauperado, encontrava-se na iminência da morte física. Este fato está contido na obra “Perdão Radical”, de Brian Zahnd, que descreve um episódio ocorrido durante o genocídio do povo armênio, provocado pelos turcos otomanos, na guerra ocorrida entre 1915 e 1917, entre a Armênia e a Turquia, dizimando cerca de um milhão e quinhentos mil seres humanos. Esse genocídio ocorreu em paralelo a I Guerra Mundial. É a demonstração da poderosa força de transformação da mensagem de Jesus, quando bem compreendida e vivenciada, despertando o verdadeiro amor na criatura humana. Esse amor levou aquela jovem armênia a perdoar radical e incondicionalmente o algoz que a havia desventurado e exterminado sua família impiedosamente.
Buscando produzir uma reflexão no atento público, Divaldo Franco fez a mesma pergunta que o autor da obra acima referida fez: - Você perdoaria?
É necessário conhecer verdadeiramente a Jesus para poder seguí-LO e praticar seus ensinamentos. Paulo de Tarso apresentou uma ética moral: fora da caridade não há salvação. A caridade, afiançou o lúcido orador, precisa do amor para ser verdadeiramente caridade. A caridade é a alma da vida, das três virtudes, esperança, fé e caridade, a primeira é a caridade. É um sentimento de entrega total ao próximo, seja ele quem for. O sentido do amor da doutrina cristã é que o mal não deve ser destacado. Para amar, é necessário que cada indivíduo desenvolva o autoamor, aprender a amar-se, para, então, amar o próximo.
Jesus estabeleceu o amor como base. A conduta moral é mais importante do que qualquer religião. É necessário que o amor viceje dentro de cada ser humano, que deve conhecer-se em maior profundidade. Em 75 anos de divulgação da Doutrina Espírita e dos ensinamentos de Jesus Cristo, e visitando mais de 70 países, Divaldo Franco destacou que ama Jesus impetuosamente, além de ser fascinado pela psicologia moderna. Aproveitando o momento de sentimentos elevados, o conferencista conduziu o público para a prática do riso terapêutico, apresentando casos jocosos, seus e de outros, destacando a alegria de viver, apesar das inúmeras dificuldades que tem experimentado, desenvolvendo o autoamor, sendo grato a Deus, à vida, vivenciando as mensagens de Jesus de Nazaré.
Para falar sobre a mediunidade, destacou a sua própria vivência nesta área, bem como os óbices que teve que enfrentar, testemunhando o seu amor cristão, a pluralidade das existências, desmistificando a morte, que não existe, conforme muitos pensam. Falando sobre os postulados da Doutrina Espírita, salientou que Deus é amor, conforme ensinou o apóstolo João. Asseverou que cada um deve fazer de sua vida, uma vida de misericórdia, levando em conta que a vida é uma só, com existências múltiplas. Neste aspecto, citou o Papa João Paulo II que afirmou que as almas voltam e se comunicam conosco.
É de todo salutar que o ser humano aprenda a sorrir mais. O Evangelho de Jesus é um tratado de boas novas. Discorrendo sobre os feitos de Martinho Lutero e de Calvino, com a reforma protestante, Divaldo enalteceu que Jesus é inconfundível. Ele veio para tornar a Terra no Reino de Deus, levando o homem a alcançar a plenitude dentro de si mesmo. Somente o amor de Deus dá ao homem a paz. O bem proceder ético é o produtor do bem-estar. A Doutrina Espírita é a boa nova da alegria, é uma doutrina lógica. Ame, essa é a mensagem do Espiritismo, se te interessar, estude-o, a vida é encantadora, escreva a tua vida sem queixas, agradecendo a Deus.
Divaldo encerrou a conferência pondo-se respeitosamente em pé, apesar das fortes dores que o acometem e emocionando os presentes que o ouviam com atenção luarizou a noite nova-petropolitana com o Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues. Em gratidão, um forte aplauso foi protagonizado pelo público, em pé.
Texto: Paulo Salerno
Fotos: Jorge Moehlecke
Nenhum comentário:
Postar um comentário