Fotos: Edgar Patrocínio
Texto: Djair de Souza Ribeiro
O salão social do Villa Vips da cidade de Fernandópolis SP acolheu, na noite do dia 13 de novembro de 2018, um público superior a 3800 pessoas que ali se congregaram para a Conferência Espírita protagonizada por Divaldo Franco, em um evento organizado pela União das Sociedades Espíritas (USE) Intermunicipal de Fernandópolis.
Divaldo inicia a conferência referindo-se a um episódio ocorrido no Texas – EUA no qual uma mãe aniquilou a vida dos quatros filhinhos para em seguida acionar a Policia e informar o marido.
Durante o processo jurídico investigativo ficou comprovada que a infeliz senhora era portadora de Depressão, manifestando-se como Transtorno Afetivo Bipolar por alternar momentos de profunda tristeza seguido de episódios de intensa euforia.
A partir dessa narrativa, Divaldo realiza uma análise da Depressão revelando sua presença já em tempos recuados, buscando casos desde o Rei Saul (1065 a.C.), e até mesmo na Mitologia grega com a personagem Belorofonte (dono do cavalo Pégaso). Divaldo cita ainda Hipócrates (Séc.IV a.C.) e as preliminares pesquisas em torno da Melancolia denominação antiga do que seria posteriormente a Depressão. Por essa ocasião acreditava-se que o ser humano pensava pelo fígado e amava com o coração e por essa razão o Pai da Medicina estabeleceu a Teoria Humoral (os quatro Humores – sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra) e que a Melancolia era causada pelo desequilíbrio entre esses Humores. Essa teoria prevaleceu até o Séc. XVII (d.C.) quando a Ciência atribuiu ao cérebro a responsabilidade pelos pensamentos. Foi nessa época que teve início o uso da palavra Depressão (do latim Deprimere: apertar, empurrar para baixo).
Foi somente a partir do Século XX que a Psiquiatria passou a melhor entender a Depressão e classificando-a como Unipolar (tristeza, desinteresse pela vida) e Bipolar (alternando a tristeza com a euforia).
A partir dos anos 1940 com a descoberta dos Neurônios e das sinapses neuronais é que a Ciência passou a melhor entender os mecanismos dos Transtornos Mentais Os seguidos progressos da medicina psiquiátrica lograram identificar os Neurotransmissores, substâncias químicas produzidas pelas células nervosas (Neurônios), com a função de enviar informações para outras células estimulando e impulsionando nossas reações. Essas substâncias – cerca de 60 (adrenalina, noradrenalina, dopamina, endorfina etc.) – têm funções muito específicas. Algumas excitam, enquanto que outras são inibidoras.
Com esta descoberta foi estabelecida que a causa do Transtorno Depressivo - Unipolar e Bipolar – residia no distúrbio na produção dos neurotransmissores, perturbando as comunicações entre os Neurônios. Surgem, então, os remédios que buscam compensar esses desequilíbrios.
Paralelamente a Psicologia vai também ampliando sua forma de entender e, consequentemente, assistir os pacientes. A primeira foi a Psicanálise, depois surgiu a Psicologia Comportamental (Behaviorista), mais tarde a Psicologia Humanista.
A inexistência do Espírito, antes apoiada por grande parte dos cientistas começa a desmoronar e a comprovação de que existe, sim, algo além do corpo físico surgem por todo o globo.
Marco dessa nova situação desponta em 1.975 com o surgimento da Psicologia Transpessoal que enxerga o homem Bio-espiritual: corpo e alma, fato comprovado pelo psiquiatra Stanislav Grof com suas pesquisas sobre os estados alterados de consciência e a comprovação da existência de dois tipos de memórias: A memória cerebral e a extra cerebral, brilhantemente documentada e comentada em seu livro Além do Cérebro.
Após essa verdadeira história da evolução dos tratamentos psiquiátricos, notadamente da Depressão, Divaldo passa a abordar as doenças mentais sob o aspecto da Doutrina Espírita.
Enquanto a Ciência materialista se detém examinando as consequências ao afirmar que os Transtornos Mentais têm origem – no campo físico – pela carência ou excesso na produção dos Neurotransmissores por admitir – por enquanto – o ser humano como sendo exclusivamente o corpo físico, atribui esses desequilíbrios na produção dos Neurotransmissores a fatores genéticos.
O Espiritismo que avança e vai muito além estabelece a causa raiz, pois considera a criatura humana como sendo um ser formado de Espírito (a energia pensante), Perispírito (corpo espiritual) e Corpo Físico. É, assim, o Espírito o gerador dos fatores básicos para os desarranjos estruturais do organismo biológico. O Espírito ao reencarnar atrai (impulsionado automaticamente pela Lei de Ação e Reação) as células sexuais - masculina e feminina - que melhor atenderão às suas necessidades evolutivas redentoras.
De maneira lógica e atestando a absoluta justiça de Deus, a gênese dos distúrbios psiquiátricos, assim como de outras moléstias que acompanham a criatura humana, reside no Espírito imortal que violando as leis de Deus, incorrem na necessidade de ressarci-las ao mesmo tempo em que desenvolvem o aprendizado de respeitá-las.
A cada um segundo suas obras, nos alerta Jesus.
Divaldo Franco cita o filósofo e crítico cultural alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 — 1900) que afirmara: Toda vez quando surge uma ideia nova ela passa por três períodos distintos:
1. Período em que é combatida tenazmente - NEGAÇÃO
2. Período em que passa a ser ridicularizada - ZOMBARIA
3. Período onde finalmente é aceita.
Com a Doutrina Espírita não foi diferente. Tão logo ela foi ganhando notoriedade pela seriedade de seus postulados, surgiram adversários gratuitos para combatê-la.
Teve início, então, a fase dos combates e perseguições não somente por parte das religiões dogmáticas cujos ataques eram previsíveis. As reações mais contundentes, porém, partiram dos meios científicos europeus como o do psicólogo, psiquiatra e neurologista francês Pierre-Marie-Félix Janet(1859 — 1947) que em 1.889 afirmou que as manifestações e fenômenos espíritas mediúnicas eram na realidade uma desagregação psicológica e que se explicava como sendo uma dualidade cerebral (aquilo que sou versus aquilo que sonho ser) e, portanto manifestações patológicas, doentias e se equiparavam aos distúrbios psiquiátricos como a esquizofrenia, a histeria e a epilepsia.
Após essa digressão esclarecedora Divaldo passa a abordar as doenças mentais por um prisma que encontra – infelizmente – muita relutância por parte da Psiquiatria: A obsessão.
A obsessão não é loucura. Todavia pode provocá-la se sua manifestação for muito prolongada. A Psiquiatria, porém, despreza essa possibilidade como causa na medida em que é refratária à ideia da existência do Espírito.
Ambas as causas geradoras – a de ordem física quanto a obsessiva – manifestam-se pela deficiência na transmissão ou expressão do pensamento.
Os transtornos mentais - excetuando-se os casos produzidos por acidentes e traumatismos cerebrais ou ainda por moléstias infecciosas (meningite, por exemplo) - têm no Espírito a causa raiz da psicopatologia. O corpo físico é somente o veículo de manifestação.
Espíritos desencarnados adversários, direcionam à mente do hospedeiro físico induções hipnóticas carregadas de pessimismo e de desconfiança, de inquietação e de mal-estar, que estabelecerão as matrizes das obsessões, classificadas por Kardec como sendo: Simples, Fascinação ou Subjugação (equivocadamente chamada de Possessão).
A obsessão - transmissão mental de cérebro a cérebro – se expressa inicialmente como inspiração discreta para mais tarde fazer-se interferência da mente obsessora na mente encarnada, com vigor que alcança o seu apogeu na deplorável subjugação.
Os tratamentos especializados (psiquiátricos e psicológicos) – indispensáveis – podem produzir melhoras no quadro. Todavia os hospedeiros desencarnados não foram afastados, persistindo nas tentativas de perseguição e vingança.
Somente quando ocorrer uma alteração do comportamento mental e moral do enfermo, direcionado para o amor, para o bem, conseguindo sensibilizar aqueles que estejam na condição de perseguidores, é que se dará a recuperação recebendo no processo terapêutico o auxilio – imprescindível - dos medicamentos na reorganização da máquina cerebral.
O Espiritismo – o Consolador prometido por Jesus – mostra as causas e os objetivos dos sofrimentos – físicos e morais – os quais, então, passam a ser vistos como “crises” salutares e que garantirão a felicidade nas existências futuras – se vividos com resignação e sem revolta;
Uma vez esclarecida, a criatura tem a oportunidade de compreender que seu sofrimento é justo e não um castigo de Deus ou obra do acaso.
Neste ponto, a emoção suscitada pelas palavras carregadas de vibrações amorosas de Divaldo vai abrindo passagem até chegar ao imo de nossos corações atingindo o ápice com o Poema da Gratidãoque a todos luarizou.
(Recebido em email de Jorge Moehlecke)
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