A Associação de Desenvolvimento Espiritual Reencontro realizou, no dia 8 de outubro de 2017, a Terceira edição do Movimento Você e a Paz em São Paulo. O evento teve lugar no Auditório Ibirapuera - Oscar Niemeyer (plateia externa), no Parque Ibirapuera.
A atriz, modelo e locutora Jacqueline Dalabona - sob a direção do ator, autor e diretor de teatro Odilon Wagner - foi a encarregado das apresentações na condição de anfitriã do evento que contou com a presença de representantes diversas religiões, além de autoridades e personalidades de vários segmentos, como o prefeito de SP João Doria Junior.
O artista Nando do Cordel – autor da música composta especialmente para o Movimento Você e a Paz – entreteve o público que se aglomerava na expectativa do início do evento.
O evento foi oficialmente aberto por Jonas Pinheiros, presidente da A.D.E. Reencontro nomeando a todos os presentes como “embaixadores da Paz”.
A parte artística do evento foi abrilhantada pela Bachiana Filarmônica SESI de SP, sob as regência dos Maestros Roberto Minczuk e João Carlos Martins.
Na sequência foi efetuada a entrega do Troféu Você e a Paz às iniciativas, pessoas e empresas que promovem a paz, nas categorias:
Personalidade que se Doa:
· João Doria Junior prefeito de São Paulo
· Padre Rosalvino obra social Dom Bosco de amparo às crianças e adolescentes de Itaquera SP
Instituição que Realiza:
· Plataforma Sinergia (reaproveitamento de alimentos);
· Fraternidade Sem Fronteiras (amparo e solidariedade às comunidades pobres de países da África);
· Instituto Passe de Mágica (foco no esporte educacional em comunidades de alta vulnerabilidade social);
· Hospital Santa Marcelina (dedicado ao amparo hospitalar aos desvalidos da periferia de SP)
· Heróis do Bem (Voluntários que visitam hospitais, orfanatos levando alegria e esperança).
Empresa que Viabiliza:
· Química Amparo (Fabricante dos produtos de limpeza YPÊ pelos empreendimentos e obras assistenciais);
· Escola Santa Marina da Vila Carrão na periferia de SP
As manifestações dos pensamentos dos religiosos, presentes ao evento, sobre a paz teve início com as palavras do Mestre Espiritual Sri Prem Baba da ancestral linhagem Sachcha, que observou termos tudo para nos unirmos, pois respiramos o mesmo ar, caminhamos sobre os mesmos caminhos sobre a superfície da Terra e bebemos da mesma água. Apesar disso, vamos buscar detalhes para fomentar e alimentar a desunião, o sectarismo e a discórdia. A paz passa pela União enquanto que a intolerância nos impede da União.
Devemos aprender a construir a harmonia, erradicando a violência e a agressividade. Para tanto basta despertar o AMOR.
O amor para ser despertado requer uma atitude simples. Mesmo diante da turbulência global, devemos cultivar a paz no microcosmo da Constelação Familiar que nos cerca (pai, mãe, irmãos, avós, tios, primos) agradecendo-lhes por “absolutamente tudo”.
O Cônego Jose Bizon, do Cabido Metropolitano da Arquidiocese de SP, diretor da Casa da Reconciliação, ponto de referência para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso em SP, deu início à sua prédica citando Jesus “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9) para afirmar em seguida de que é possível a união e a vivência pacífica entre as diversas formas do pensamento religioso e das atividades humanas, bastando observar a diversidade da formação do povo brasileiro.
A intolerância não é choque de opinião, mas sim é um choque de ignorância e sensibilizando a todos repetiu a prece de São Francisco terminando com o pensamento de Nelson Mandela, premio Nobel da Paz de 1993:
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar”.
O Sheikh Jihad Hassan Hammadeh, Presidente do Conselho de Ética da União Nacional das Entidades Islâmicas e vice-presidente da União Nacional das Entidades Islâmicas (UNI) inicia sua apresentação com a saudação Salaam Aleikum – Que a Paz esteja sobre vós – expressão de cumprimento entre os Muçulmanos.
O Sheikh Hammadeh inicia a exposição de seus pensamentos afirmando que todos querem a paz, para logo em seguida formular uma questão retórica:
— Então por que não temos paz? Qual o caminho da paz?
Os maus têm um produto ruim (a maldade) enquanto a maioria de nós tem um bom produto (o bem). Então por que o mal prevalece?
Apesar de o produto ser bom (o bem), a propaganda que fazemos é sofrível. Nós não praticamos a paz, optando pela vivência individualista.
O mundo de paz que todos anelamos exige que não mais sejamos seguidores, mas sim lideres na propagação da paz, mediante a vivência e o comportamental pessoal afastando-nos dos conflitos da beligerância, da injustiça e da intolerância.
O profeta Mohammed (Maomé) questionado sobre como encontrar a paz ensina:
— Quem amanhecer seguro no seu lar, tendo saúde no corpo e com o pão de cada dia é como se ele tivesse conquistado o mundo todo. Ele é a pessoa mais rica da face da Terra?
E o profeta segue ensinando que o melhor do Islã – a religião da paz – é dar de comer aos famintos e falar de paz para as pessoas. Duas regras simples que todos – independente do credo religioso – podemos praticar, fazendo esse compromisso com Deus:
Alimentar os necessitados e ensine o caminho da paz.
O Pastor Davi Seiberth Arantes da Igreja Metodista Wesleyana inicia sua abordagem perguntando:
— O que é a paz?
A paz é muito mais do que um conceito filosófico. É necessário mudar profundamente o comportamento individual de que a paz é atribuição dos poderosos tornando-nos impotentes para alterar a situação de conflito que permeia toda a Sociedade.
Por certo não podemos resolver o problema global, mas temos o dever de mudar nossos comportamentos pois a qualidade da Sociedade é o resultado direto das somas das qualidades individuais dos cidadãos que a compõem.
Para encerrar sua participação o Pastor Arantes reflexiona em torno das palavras do Apóstolo Paulo na epístloa aos Romanos:
— “Não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. Romanos 12:2
O Juiz de Direito, autor e divulgador Espírita José Carlos De Lucca iniciou sua exposição observando que há muito mais semelhanças do que diferenças entre as diversas denominações religiosas. Há, contudo, uma semelhança fundamental e primordial: Todos nós, independente do rótulo religioso, somos Filhos de Deus e essa condição deve ser o caminho a nos conduzir a uma vivência mais harmônica e pacífica, respeitando as diversidades e acabando com a intolerância e o ódio sectário.
De Lucca narra o diálogo entre Leonardo Boff e o Dalai Lama ocorrido durante o intervalo de um encontro mundial sobre religião e a paz entre os povos:
— Santidade – pergunta o teólogo, escritor e professor universitário brasileiro - qual é a melhor religião?
– A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito. É aquela que te faz melhor – respondeu o líder religioso Budista.
– O que me faz melhor? – continuou o teólogo brasileiro.
— Aquilo que te faz mais compassivo, aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável e maais ético. A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião. - completou o Dalai Lama.
Equivocadamente, muitos consideram que para ser bom basta não praticar o mau, quando na realidade é preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver tido como origem o bem que se tenha deixado de fazer.
Encerrando o evento, o médium e orador espírita Divaldo Franco, criador e idealizador do movimento, abordou a importância da cultura de paz e dos sentimentos, atitudes e valores em prol de um mundo mais justo e consequentemente pacífico.
Para emoldurar o tema Divaldo se utiliza da narrativa de uma jovem armênia e cuja história foi retratada em o livro Perdão Radical de autoria de Brian Zahnd.
Entre os anos de 1915 a 1917 ocorreu a guerra entre turcos e armênios. Como em toda a guerra a crueldade é soberana. A Armênia invadida pelos turcos viu seu povo ser dizimado em um genocídio.
Não foi diferente para aquela família modesta. Os soldados turcos Invadiram a casa e de, imediato mataram os pais de duas jovens.
A mais moça, quase uma criança, foi estuprada até a morte, a outra, um pouco mais velha, foi transformada em escrava sexual do comandante daquela tropa.
Após fugir dessa situação a jovem refugiou-se em outro país e estudou até se formar enfermeira.
Muitos anos se passaram até que deu entrada no Hospital onde ela trabalhava o antigo comandante das tropas que havia destroçado suas esperanças.
Cristã, aplicou-se a cuidar do quase moribundo até a sua recuperação total.
Desejando agradecer à jovem que tanto havia se dedicado a lhe devolver a saúde, descobriu toda a verdade.
E envergonhado de suas ações pretéritas ousou perguntar à jovem, qual a razão de tê-lo perdoado, quando o normal teria sido um comportamento oposto.
A jovem olhou profundamente nos olhos do algoz de sua felicidade e lhe respondeu:
— Teus crimes contra mim, minha família e meu povo foi por sermos cristãos. Perdoo-te porque Jesus nos ensinou: “Aquele que crê em mim, faz também as obras que faço”.
Divaldo passa, então, a elaborar os comentários de cunho moral em torno da narrativa que a todos emocionou.
Perdoar não é esquecer, pois o esquecimento depende da memória física. Perdoar no conceito amplo ensinado por Jesus é não devolver o mal recebido e nem mesmo desejar a infelicidade daqueles que nos prejudicam e infelicitam.
Perdoar não significa estar de acordo com o erro. Todo crime merece repúdio. O criminoso, porém, merece compaixão.
O perdão, antes teológico, adquiriu a condição de terapia, por nos devolver a harmonia pacificando nossos corações e sentimentos.
A crise que se abate toda a Humanidade é, na realidade, crise INDIVIDUAL que se propaga envolvendo toda a Sociedade, que centraliza seus objetivos existenciais no individualismo, consumismo e na busca do prazer, por confundi-lo com a felicidade. A Sociedade carece de objetivos existências profundos e transcendentais, preferindo permanecer na superfície das ilusões que passam e se esgotam em si mesmas, levando o ser à perda do objetivo existencial resultando no inconformismo, na depressão, na revolta e, por conseguinte produzindo a violência.
Divaldo encerra seus comentários, lembrando-nos das palavras de Jesus:
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”. Jesus (João 14:27)
O evento foi encerrado com uma apresentação da música Paz pela Paz, de Nando do Cordel, composta especialmente para este movimento.
Texto: Djair de Souza Ribeiro, Fotos: Edgar Patrocinio
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