publicado no jornal A Tarde,
coluna Opinião, em 18-12-2014
Enquanto visitava a Tunísia, no início deste mês, deixei-me viajar pelo tempo, evocando os dias gloriosos de Cartago, a cidade inexpugnável, que fora fundada por volta de 814 a.C pelos fenícios e que, no século IV a.C., era a metrópole mais pujante daquela região no Mediterrâneo.
Berço natal de Aníbal, considerado um dos maiores conquistadores do mundo antigo, tornou-se célebre ao atravessar os Pirineus e os Alpes com os exércitos para conquistar Roma, o que não conseguiu, na segunda guerra púnica, terminando sua existência de maneira inglória pelo suicídio.
Pela sua grandeza e quase indestrutibilidade, o senado romano cunhou a frase que ficou célebre: Delenda est Carthago (Cartago deve ser destruída), o que realmente aconteceu, não havendo ficado pedra sobre pedra e com o solo salgado para que nada nele crescesse. Apesar disso, Cartago reergueu-se e tornou-se uma das maiores cidades do norte da África, hoje reduzida a escombros, com alguns monumentos colossais desafiando os tempos, entre os quais as termas do imperador Antonino, as maiores da África no século II d.C.
Percorrendo-lhe as ruínas grandiosas, não me pude impedir reflexões em torno do poder e das glórias terrenas, lembrando-me do pensamento latino Sic transit gloria mundi (Assim passa a glória do mundo), que aparece mais complexa na obra de Tomás de Kempis, A imitação de Cristo, a respeito da transitoriedade de todas as coisas.
Recordei-me de Jesus, que nasceu em singela gruta calcárea nos arredores de Belém, há dois mil anos, dividiu a História e tornou-se o maior Conquistador de todos os tempos, pois que, até hoje, as Suas lições arrebatam centenas de milhões de seguidores. Tendo morrido numa cruz, legou-nos a mais notável contribuição para o pensamento histórico: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, o que O fez, ao mesmo tempo, o mais extraordinário psicoterapeuta que se conhece, conforme O define a psicanalista alemã Dr.ª Hanna Wolf.
Divaldo P. Franco
Divaldo Franco escreve na quinta-feira, quinzenalmente.
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(Texto recebido em email de Lucas Milagre)
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